O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) está
negociando acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Cabral
teria se comprometido a falar sobre pelo menos 97 casos de corrupção e outros
crimes no governo local, na Assembleia Legislativa, no Tribunal de Justiça, no
Ministério Público e até mesmo no Superior Tribunal Justiça (STJ).
Cabral está preso desde novembro do ano passado. Ele é
acusado de chefiar uma organização criminosa acusada de desviar mais de R$ 300
milhões dos cofres públicos numa série de crimes, especialmente no período em
que governou o Rio.
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral é acusado de chefiar uma organização criminosa acusada de desviar mais de R$ 300 milhões dos cofres públicos numa série de crimes, especialmente no período em que governou o Rio
As informações sobre as tratativas de Cabral com o
Ministério Público no Rio de Janeiro com vistas a um acordo de delação foram
divulgadas pelo jornal Valor na edição de ontem. Duas fontes próximas ao caso
confirmaram ao GLOBO o andamento das negociações.
Não está claro, no entanto, se a repentina concessão de
prisão domiciliar de Adriana Anselmo, mulher do ex-governador, estaria
vinculada a uma eventual colaboração dele com a Justiça Federal. Adriana foi
autorizada a retornar para casa com o argumento de que é mãe de dois menores e
que, por isso, precisaria cuidar dos filhos.
O ex-secretário de Obras Hugo Braga, apontado com oum dos
principais cúmplies de Cabral nos desvios sistemáticos de dinheiro público,
também estaria negociando acordo com procuradores da Operação Calicute em busca
de redução de pena. Um dos alvos dele seria o governador Luiz Fernando Pezão
(PMDB), principal aliado político de Cabral.
Cabral foi preso em novembro passado a partir da Operação
Calicute, um dos desdobramentos da Lava-Jato no Rio de Janeiro. O ex-governador
é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, entre outros
crimes. Delatores da Lava-Jato acusam Cabral de cobrar e receber propina
sistematicamente de empresas com contratos e obras com o governo do Rio.
Entre as empresas que pagaram suborno a Cabral estão a
Odebrecht, Andrade Gutierrez e a Delta Engenharia. Ele teria exigido
percentuais das empresas em troca de obras que vão da linha 4 do metrô à
reforma do Maracanã.
A suposta estrutura de corrupção teria se mantido forte ao
longo de vários anos graças a uma parte da base política do ex-governador e das
relações dele no Ministério Público e no Judiciário. No auge do poder político,
Cabral chegou a confrontar investigações da Polícia Federal sobre o empresário
Eike Batista. Procurado pelo GLOBO, um dos procuradores da Calicute não quis
falar sobre as negociações com Cabral.
- Não falamos sobre acordos, disse o procurador - Extra.
Portal Carlos Magno
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