O ex-governador de Pernambuco e pré-candidato à presidência
pelo PSB, Eduardo Campos, disse neste domingo (04) que não se vê fazendo parte
do mesmo projeto que Aécio Neves (PSDB), conforme o senador havia declarado na
sexta-feira (02). “A gente tem projetos que são distintos, que tem base
política e social distinta”, afirmou Campos após participar de um seminário da
juventude promovido pelo Partido Pátria Livre (PPL), no Rio de Janeiro.
Em evento que reuniu pré-candidatos ao governo federal no
interior da Bahia na última sexta, Aécio Neves sugeriu formar com Campos e
Marina Silva, a partir de 2015, o “mesmo projeto de construção desse novo
país”.
No seminário deste domingo, Campos destacou que ele e Aécio
tem ideias diferentes e citou como exemplo a posição de ambos em relação a
direitos trabalhistas e à maioridade penal. “Isso não impede que nós tenhamos a
capacidade de ver o que nos une do ponto de vista dos interesses do nosso país.
Mas nós estamos oferecendo caminhos que são distintos ao futuro do país”,
disse.
Aécio Neves disse que tem projeto igual ao de Eduardo Campos, que contestou declaração do tucano
As críticas ao governo petista, no entanto, seguem em
consonância nos discursos de Campos e Aécio Neves. Ao discursar para um grupo
de cerca de 150 jovens na Escola de Educação Física e Desportos da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, o ex-governador pernambucano falou que é preciso
“tirar de Brasília aquela velharia que já tirou tudo que podia e impede o
Brasil de crescer”.
Campos falou muito da necessidade de retomada do crescimento
econômico do país que, segundo ele, tem sido prejudicada pela constante
elevação dos juros, retomada da inflação e congelamento dos salários.
O ex-governador criticou também a postura da presidente
Dilma de “romper o diálogo com a sociedade civil”. Para ele, o projeto petista
caiu em descrença e o povo clama por nova esperança política já que a
presidente “ficou completamente distante e deixou de promover uma reforma
política e reconduzir o país a um outro padrão de governança”.
Questionado se aceitaria apoio de Aécio para um eventual
segundo turno, Campos se esquivou. “Eu acho que numa eleição de dois turnos,
durante o primeiro turno a gente só fala do primeiro turno. Eu tenho certeza que
vou estar no segundo turno e eu não sei a essa altura quem vai estar no segundo
turno para disputar a eleição comigo. Você pode ter até um cenário em que eu e
Aécio possamos estar no segundo turno”, disse.
No evento do PPL, Campos foi aclamado “presidente” pelos
jovens militantes, que disseram ver nas propostas dele a possibilidade de
investimentos na escola pública. Educação é o principal argumento da campanha
do ex-governador pernambucano, que implantou o ensino integral na rede pública
do estado.
Coube a Cássio Cunha Lima emitir nota em nome do PSDB amenizando as declarações de Aécio
Nota do PSDB – Em
nota divulgada na noite deste domingo, o PSDB afirma que a declaração de
Eduardo Campos não difere do discurso de Aécio Neves sobre a possibilidade de
uma atuação conjunta no futuro.
“O que o governador Eduardo Campos disse é exatamente o que o
senador Aécio Neves tem dito: existe um grande espaço comum de atuação das
oposições, mas é claro que há diferenças. Até porque se não houvesse, não
haveria a necessidade de duas candidaturas”, diz a nota assinada pelo
vice-presidente do PSDB Cássio Cunha Lima.
O tucano esclareceu que Aécio Neves é a favor da redução da
maioridade penal para 16 anos em casos “específicos”, como na prática de crime
hediondo e reincidência, e que defende a manutenção das leis trabalhistas. “Mas
busca, no diálogo entre trabalhadores e patrões de setores específicos de
atividades sazonais, condições que possam viabilizar melhores condições de
empregabilidade”, acrescentou Cunha Lima.
Na nota, o PSDB diz ainda entender que Campos reconheceu, em
suas declarações deste domindo, que “há espaço para a busca de convergências”. “Ambos,
Aécio e Eduardo, praticam a boa política, porque não fogem do debate que
interessa ao país como tem feito a presidente”, conclui Cunha Lima.
Do Blog Carlos Magno, com G1