A organização humanitária Human Rights Watch (HRW) exigiu,
nesta terça-feira (18) que a polícia da Indonésia suspenda os testes de
virgindade aplicados às candidatas a agentes - uma prática considerada
discriminatória. As mulheres que desejam ser policiais no maior país muçulmano
do mundo devem ser solteiras e virgens, segundo a HRW.
Os testes de virgindade continuam sendo praticados na
Indonésia, embora as autoridades policiais neguem a prática. Entrevistadas pela
HRW, várias mulheres relataram ter passado por este tipo de prova neste ano,
evocando lembranças dolorosas e humilhantes.
Os agentes as obrigaram a se despir diante de médicas que as
submeteram ao “teste dos dois dedos”, uma prática arcaica e muito criticada,
acrescenta a ONG. “Não quero lembrar dessa experiência. Foi humilhante”, diz
uma mulher de 19 anos que foi submetida ao teste em Pekanbaru, na ilha de
Sumatra. “Porque temos que ficar nuas na frente de desconhecidos? Não é necessário.
Isso tem que acabar”.
Além da polícia, uma autoridade da área educacional sugeriu o "teste de virgindade" para adolescentes ingressarem no ensino médio, na Indonésia
Para a HRW, tais exames infringem as próprias diretrizes da
polícia em matéria de recrutamento - sem mencionar dos direitos à igualdade, à
privacidade e à não discriminação. Ronny Sompie, porta-voz da polícia
indonésia, afirma que na prática trata-se de "um exame de saúde
completo" aplicado a todos os candidatos para garantir que não são
portadores de doenças sexualmente transmissíveis.
As mulheres representam apenas 3% dos 400.000 policiais da
Indonésia, país com regiões profundamente conservadoras onde a virgindade
feminina continua sendo um valor primordial. O assunto virou manchete no ano
passado, quando uma autoridade do setor de educação sugeriu que as adolescentes
em idade escolar também deveriam se submeter a testes de virgindade para entrar
no ensino médio.
Do Blog Carlos Magno, com AFP