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16/12/2014

Oito deputados envolvidos com esquemas para desvio de verbas de shows com atrações musicais de renome nacional


Oito deputados estaduais podem estar envolvidos no esquema de desvio de verbas para realização de eventos culturais em Rondônia, revelado na Operação Zagreu, realizada pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) nesta segunda-feira (15). Segundo as investigações, as fraudes causaram um prejuízo de R$ 3,766 milhões aos cofres públicos e eram lideradas por uma suposta quadrilha instalada nos Poderes Executivo e Legislativo do estado. Os nomes dos parlamentares não foram divulgados.

 

De acordo com o MP, o esquema funcionava mediante o direcionamento de emendas parlamentares para entidades do terceiro setor, utilizadas como laranjas. O grupo responsável pelos crimes é integrado por servidores públicos e empresários, suspeitos da prática de falsidade ideológica, peculato, advocacia administrativa, entre outros delitos.

 

Conforme explicou o procurador-geral de Justiça de Rondônia, Héverton Aguiar, os deputados investigados liberavam emendas parlamentares para empresas de fachada, que utilizavam os recursos públicos para promover eventos empresariais, com a proposta de fomentar a cultura local. Estão sendo investigadas a Associação Cultural Evolução, a Sociedade Cultural Carnavalesca, a Rádio Comunitária Educativa e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Pais e Filhos.


Dentre as atrações que seriam usadas pelo esquema está o cantor sertanejo Luan Santana

Dentre as atrações que seriam usadas pelo esquema está o cantor sertanejo Luan Santana


O Ministério Público iniciou as investigações a partir da Operação Baco, que descobriu fraudes em licitação na prefeitura de Ouro Preto do Oeste, para a realização de um evento de fim de ano em 2013. Em Porto Velho, a operação surgiu após a denúncia de irregularidades orçamentárias para a realização da festa Expo Show Rodeio, realizada em novembro de 2013.

 

O projeto técnico elaborado para prestação de contas pela Superintendência de Cultura, Lazer e Esporte (Secel) tinha como objetivo a fomentação cultural de um evento com a oportunidade de apresentações de artistas locais e receberia R$ 410 mil de recursos públicos. Mas, durante a divulgação do evento, percebeu-se a contradição com a programação que traria artistas de renome nacional, entre eles, Luan Santana, Péricles e Eduardo Costa. Além disso, seria cobrado ingresso para a exposição, de caráter empresarial, realizada por entidades de fachada. A verba não foi liberada, mas o evento aconteceu normalmente.

 

Foram expedidos três mandados de prisão temporária. Dois foram cumpridos nesta segunda: contra o empresário José Joaquim dos Santos, conhecido como Zezinho da Maria Fumaça, e Charles Henrique Ribeiro Matheus, funcionário de Zezinho, que foram levados para a Casa de Detenção Dr. José Mário Alves da Silva, o Urso Branco. O terceiro mandado de prisão é contra o empresário Rodrigo Motta de Jesus, conhecido como Guerreiro, que não foi localizado e, de acordo com o procurador Héverton, seria dado como foragido a partir de 12h desta segunda.

 

Também foram afastados de cargos públicos servidores da Casa Civil, Assembleia Legislativa e Secel, quatro pessoas suspeitas de facilitarem as fraudes, entre elas, o sub-chefe da Casa Civil, Paulo Werton Joaquim dos Santos, irmão de Zezinho.

 

A operação é realizada pelo Ministério Público em parceria com a Companhia de Operações Especiais da Polícia Militar (COE-PM) e técnicos do Tribunal de Contas do Estado.

 

Do Blog Carlos Magno, com G1