Quem perde é a Paraíba. A grande imprensa já dá como certo
que o paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP) não mais voltará a integrar a equipe de
ministros da presidente Dilma. Considerado muito próximo da presidente,
Aguinaldo acabou sendo preterido por Gilberto Occhi – que é técnico, não
político – na reforma ministerial. Foi Occhi, justamente, quem substituiu
Aguinaldo no Ministério das Cidades, quando o paraibano teve de deixar a pasta
para ser candidato a deputado federal este ano.
O que Aguinaldo não esperava é que Dilma gostasse mais de
seu substituto do que dele próprio. Segundo matérias publicadas na chamada
grande imprensa, o fato de Gilberto Occhi ser um técnico na função de ministro
agradou à presidente, que mandou o recado para o PP de que preferia Occhi a
Aguinaldo. Com isso, a Paraíba perde seu ministro no governo da petista, o que é
uma pena. “O perfil técnico e não político de Occhi agradou à presidente Dilma”,
diz matéria publicada no Diário de Pernambuco.
O jornal também destaca que o envolvimento do PP na Operação
Lava Jato pesou para que o partido perdesse a pasta das Cidades para o PSD de Gilberto Kassab, ficando o PP com a pasta da Integração Nacional. “Além de Dilma já estar apalavrada com Kassab, o PP vinha em um
processo de desgaste por causa da Operação Lava-Jato. Na sexta-feira da semana
passada, veio à tona a lista de citados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa na delação premiada ao Ministério Público: 10 dos 28 políticos
mencionados são do PP. Entre eles, o próprio Ciro Nogueira”, complementa o DP.
Aguinaldo Ribeiro (esquerda) foi substituído no Ministério das Cidades por Gilberto Occhi (direita), que agradou mais à presidente Dilma por ser um quadro técnico do PP. Resultado: a Paraíba perdeu um ministro
Veja matéria publicada no Estadão tratando do assunto:
PP mantém “técnico” em ministério de Dilma
Em meio a suspeitas de corrupção envolvendo quadros do
partido em contratos da Petrobrás, o PP (Partido Progressista) acertou na
quarta-feira (24) com a presidente Dilma Rousseff a indicação do hoje ministro
das Cidades, Gilberto Occhi, considerado um quadro “técnico” da legenda, para a
pasta da Integração Nacional. O PP comandava a pasta anterior desde 2005.
A troca é considerada um “rebaixamento”, por causa do volume
de dinheiro gerido em cada pasta. Como compensação, Dilma ofereceu ao PP a
presidência do Banco do Nordeste. A proposta foi aceita, mas ainda sem nome
definido para assumir o posto.
Oficialmente, o presidente nacional do PP, senador Ciro
Nogueira (PI), limitou-se a dizer que o partido está satisfeito com a nova
configuração. Na prática, os progressistas ficaram sem opção. Dilma vinha
tentando nas últimas semanas convencer o PP a aceitar a troca de Cidades por
Integração, mas até a manhã da terça-feira (23) os líderes da legenda ainda
resistiam à proposta. Entretanto, horas depois, a presidente anunciou que o
comando da cobiçada pasta iria para o PSD, o que os forçou a entrar em um
acordo: ou aceitavam Integração, ou ficariam com uma pasta de influência ainda
menor.
O Ministério das
Cidades administrou em 2014 um orçamento de R$ 22,8 bilhões em investimentos e
custeio. Na Integração, esse valor foi três vezes menor no mesmo período,
chegando a pouco mais de R$ 7 bilhões - com previsão em 2015 de redução à quase
metade, cerca de R$ 4,7 bi. É também Cidades o ministério responsável pela
execução do Minha Casa Minha Vida, um dos programas mais importantes do
governo.
Oficialmente, o governo anunciou 17 dos 39 ministros do
segundo mandato — 13 foram confirmados anteontem à noite. Na segunda-feira,
Dilma afirmou que gostaria de completar a equipe até segunda-feira. Entre os
partidos aliados, falta confirmar o espaço do PR.
Toma lá dá cá - Integrantes
do diretório gaúcho do PP, que apoiou Aécio Neves (PSDB) na disputa
presidencial, defendem uma reavaliação da aliança. “(A troca) é uma demonstração
de desapreço ao PP”, afirma o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). “Ela se vendeu
por um processo fisiologista, já está olhando lá na frente, para a fusão do PL
com o PSD. Tem filho de Jader Barbalho, a turma toda. E o PP perdeu espaço. O
PT acha que o PP pode ser usado do jeito que entende”.
O deputado fez referência à especulação de que Kassab
estaria articulando a criação de um novo partido, chamado PL, para fundi-lo com
sua atual legenda e, assim, oferecer à presidente uma grande bancada de
sustentação ao governo.
Lista - O PP é um
dos partidos mais citados nas investigações da Operação Lava Jato, além de PT e
PMDB. O partido tem 10 dos 28 parlamentares mencionados em acordo de delação
premiada com a Justiça pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo
Roberto Costa, como mostrou o Estado na semana passada. Integrantes de outros
dois partidos, PSDB e PSB, também foram citados em nos 80 depoimentos do
delator às autoridades da Lava Jato.
Essa lista inclui o presidente da sigla, Ciro Nogueira, e o
ex-deputado e ex-ministro Mário Negromonte (BA). O doleiro Alberto Youssef
também menciona repasses a políticos do PP em seus depoimentos à Lava Jato.
Segundo eles, o partido recebia 1% do valor dos contratos. Os políticos citados
negam as acusações dos delatores.
Do Blog Carlos Magno, com Estadão e Diário de Pernambuco