....
....
07/01/2015

Ex-secretária lamenta gestão atual tentar justificar caos na Saúde em Campina Grande culpando a gestão anterior


A ex-secretária municipal de Saúde, Marisa Agra, publicou em seu facebook um texto, bem fundamentado, lamentando que a atual gestão tente justificar os graves problemas por que passa a Saúde em Campina Grande, jogando a culpa na gestão anterior, mesmo com a gestão tucana já atingindo o terceiro e penúltimo ano do mandato do atual prefeito, Romero Rodrigues (PSDB).

 

Segundo Marisa Agra, tentar justificar falta de pagamento a servidores e fornecedores, falta de medicamentos, insumos, exames e consultas em unidades de saúde, dentre outros graves problemas, alegando que a culpa é da gestão anterior é “uma mera tentativa de encobrir a mediocridade presente”.

 

Para Marisa Agra, a desculpa de que falta dinheiro na saúde de Campina Grande hoje porque a gestão teve que recuperar unidades de saúde encontradas sucateadas não se sustenta, pois toda a cidade sabe que a gestão Veneziano foi a que mais construiu, ampliou, reformou e modernizou equipamentos públicos de saúde e unidades de saúde em Campina Grande.
 
Na nota, Marisa Agra, ex-secretária de Saúde de Campina Grande elenca obras e ações da gestão Veneziano na área da Saúde
Na nota, Marisa Agra, ex-secretária de Saúde de Campina Grande elenca obras e ações da gestão Veneziano na área da Saúde
 

Ela aproveitou para “reavivar” a memória dos que fazem a atual administração, citando algumas das obras na área de saúde, executadas pela gestão anterior, o que derruba o frágil argumento utilizado pela atual gestão para justificar os graves problemas na saúde em Campina Grande.

 

Veja a nota na íntegra, com a lista citando algumas das ações da gestão Veneziano na área de Saúde:

 

“O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros”. (Confúcio)

 

Não me surpreende mais quando gestores usam como argumentos ocorrências de um passado (que não foi deles, claro), para justificar as suas dificuldades, as suas limitações, ou até mesmo a falta de competência para gerir a coisa pública.

Esse apego ao passado significa, pois, nada mais, nada menos, que uma mera tentativa de encobrir a mediocridade presente.

 

Há pouco mais de dois anos, durante a campanha eleitoral e até dezembro de 2012, foi diagnosticado que a saúde pública de Campina Grande vivia um verdadeiro caos, que era atribuído ao modelo de gestão, posto que os recursos destinados à saúde seriam suficientes.

 

Fico pensando o que foi que melhorou de lá para cá. Por que os prestadores de serviços e fornecedores reclamam tanto do atraso ou da falta de pagamento pelos serviços prestados, pelos insumos entregues? Por que medicamentos, insumos, exames, consultas, são tão escassos no presente? Por que é que hoje, o precário funcionamento da saúde pública municipal é atribuído justamente ao Governo Federal, responsável majoritário pelo custeio da saúde?

 

Recentemente tenho sido muito abordada por ex-fornecedores, por prestadores de serviço, por servidores municipais da saúde que me disseram sentir saudades da época da nossa administração frente à Secretaria de Saúde, confessando que, se havia alguma demora no pagamento, pelo menos tinham a certeza de que seriam pagos pelos serviços prestados ou fornecidos.

 

É de se evidenciar que as falhas não estão apenas no passado. As falhas, bem presentes, são desde janeiro de 2013 o presente e o futuro que nos foi reservado. E, a cada dia que passa, pelo que observamos, tomam conta de toda a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) de Campina Grande.

 

Nunca tinha visto na minha vida recesso coletivo de unidades básicas de saúde. Pela primeira vez vi a UPA 24 horas “em greve branca” (final de 2014) - serviço de excelência no passado – encaminhando pacientes para o Hospital de Trauma. Restaurantes populares e cozinhas comunitárias fechadas, deixando de oferecer mais de 7 mil refeições diariamente. Vigilância Sanitária Municipal sucateada e seus profissionais desmotivados. O fechamento do Serviço Municipal de Saúde (antiga Casa de Saúde Dr. Brasileiro), num ponto central da cidade, de fácil acesso ao usuário, próximo ao terminal de integração, cujos serviços, tais como fisioterapia, farmácia, rede de frios (vacinação e imunização), Vigilância Sanitária, laboratório, cartão SUS, Centro de Imagem, SAE, CTA, mais de duas dezenas de especialidades médicas, foram desmontados e transferidos para outras unidades dificultando o acesso aos usuários.

 

A verdade precisa ser reposta para que os cidadãos não se esqueçam das inúmeras conquistas e avanços no âmbito da Saúde Pública de Campina Grande durante os oito anos de gestão do ex-prefeito Veneziano Vital do Rego. Vejamos, rapidamente, algumas dessas conquistas:

 

- Ampliação do ISEA (implantação do Centro de Parto Normal Professor Patrício Leal de Almeida, com seis suítes PPP - Pré-Parto, Parto e Pós-Parto);

 

- Regionalização do SAMU 192;

 

- Instalação de quatro Farmácias Populares;

 

- Implantação do Código Sanitário;

 

- Implantação dos NASF (Núcleos de Apoio à Saúde da Família);

 

- Construção e implantação da UPA 24 horas porte III;

 

- Instalação do Hospital da Criança e do Adolescente;

 

- Incremento da Saúde Mental com a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento para Crianças e Adolescentes em Uso de Substâncias Psicoativas (para desintoxicação de crianças e adolescentes usuárias de álcool e outras drogas);

 

- Implantação do Saúde Itinerante;

 

- Implantação do Centro de Referência em Saúde Auditiva (para pacientes de Campina Grande e outros 146 municípios pactuados, inclusive com a entrega de próteses);

 

- Reforma e ampliação das sedes do CRANESP (Centro de Referência em Atenção ao Portador de Necessidades Especiais), SAE (Serviço de Assistência Especializada), CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) e GEVISA (Gerência de Vigilância Sanitária);

 

- Implantação de Postos de Apoio de Saúde nos mercados públicos (Malvinas, Liberdade), Feira da Prata e Feira Central;

 

- Reforma e ampliação de Unidades Básicas de Saúde da Família;

 

- Reforma, ampliação, modernização e aquisição de novos equipamentos para o Centro de Saúde Francisco Pinto;

 

- Ampliação da cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF): de 34 para 94 Equipes de Saúde da Família, representando um incremento de quase 180%;

 

- Implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos dos Servidores da Saúde (PCCV): um ato de reconhecimento e valorização de profissionais por parte da gestão municipal.

 

Quando leio na imprensa “que temos que ter um olhar diferenciado para a atenção básica”, fico me perguntando: Que olhar diferenciado é esse? Atraso nos salários e nas gratificações de incentivo ao trabalho dos servidores? Desabastecimento das farmácias nos postos de saúde?

 

Talvez o “olhar diferenciado” seja para os usuários do SUS que, ao contrário do que foi prometido durante a campanha, não recebem seus medicamentos em casa. Aliás, não conseguem receber nem nos postos de saúde, pois os mesmos - não de forma pontual como propalado - estão com as prateleiras escassas. Faltam sim, muitos medicamentos essenciais, medicamentos do elenco da farmácia básica (Ciprofloxacino, Amoxicilina, Fenobarbital, Ibuprofeno, Cefalexina, Metronidazol, entre outros), cuja aquisição é da competência exclusiva do município, embora receba contrapartida financeira do Estado e do Governo Federal.

 

As consultas e exames especializados agendados, evitando que os usuários do SUS ficassem em filas, tal qual ocorre no setor privado, foi outra falácia de campanha igualmente não cumprida. Ao contrário, a cada dia mais aumenta a demanda por especialistas. Os exames prioritários da Saúde da Mulher, como os de prevenção do câncer de mama e de colo de útero, tão estimulados e divulgados nas Campanhas do Outubro Rosa, ainda aguardam realização nas gavetas das unidades.

 

Por fim, penso que em vez de procurar falhas do passado, de produzir justificativas inverídicas, a gestão deveria acertar o passo, seguir em frente, tentar minimizar as falhas. Mas, para isso é preciso ter humildade suficiente e escutar os usuários, os movimentos sociais, trabalhadores e prestadores do SUS, para honrar o grandioso Sistema Único de Saúde.

 

Marisa Agra

Ex-secrtária de Saúde de Campina Grande
 
Do Blog Carlos Magno, com Assessoria