Quando um político convoca uma entrevista coletiva ou cumpre
uma agenda de entrevistas previamente marcadas por sua assessoria – como Cássio
fez esta semana – sem a existência de qualquer fato novo aparente, pode ir
atrás que ele quer mandar um recado para alguém. Esta semana começou justamente
com o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) ocupando os microfones das emissoras de
rádio de Campina Grande. E sem ter nada para anunciar de novo.
Não tinha verba nova para Romero construir algo na cidade;
não tinha qualquer mexida de peça do xadrez político paraibano; não tinha
lançamento de nenhum nome a nada. Mas tinha o recado e este foi dado ao aliado
Romero Rodrigues (PSDB), prefeito de Campina, que desde o final do ano passado
só pensa em uma coisa: deixar o ninho tucano e ter a garantia do direito de ser
candidato à reeleição em outra legenda.
Primos Romero Rodrigues (PSDB), prefeito de Campina Grande e Cássio Cunha Lima (PSDB), Senador: "eu sei que você sabe que eu sei que você sabe"
O recado de Cássio foi direto. Depois de criticar os
argumentos de Romero para deixar o partido, não os aceitando, Cássio disse que
a decisão está nas mãos do prefeito campinense e que vai respeitar o que ele
decidir. “Respeitarei qualquer que seja a decisão de Romero. Ele terá o meu
apoio na sua reeleição em qualquer partido que ele esteja”, disse Cássio para,
logo em seguida, sapecar o recado: “Mas eu não sou dono do PSDB!”. Mais claro,
impossível.
Lembram da música ‘Você vai estar na minha’, de Marisa Monte?
Tem um trecho que diz: “...eu sei que você sabe que eu sei que você sabe...”. Lembram?
É justamente esse trecho que reflete a relação entre os primos Cássio e Romero.
Romero sabe que, ficando no PSDB, não tem certeza de que
será candidato à reeleição. Ele lembra o que ocorreu com o ex-senador Cícero
Lucena (PSDB) na eleição passada: após defender com unhas e dentre o rompimento
de Cássio com o governador Ricardo Coutinho (PSB), com a promessa de ter apoio
à sua reeleição, se viu fritado e preterido por Cássio, que escolheu Wilson
Santiago (PTB) como companheiro de chapa.
Cássio também sabe que Romero sabe disso e, sabedor, o filho
do poeta Ronaldo vinha dizendo que Romero seria o candidato, mas agora coloca o
prefeito campinense numa sinuca de bico: se ficar no partido, será o candidato
(mas para isso tem que esquecer o passado das decisões políticas que envolvem
Cássio e confiar nele – leia-se os fatos envolvendo Cícero, Cozete Barbosa,
Enivaldo Ribeiro, Ricardo Coutinho...). Se sair, pode ter que enfrentar um Pedro
Cunha Lima ou um Bruno Cunha Lima – que não escondem os olhos brilhando ante a
possibilidade de ser o candidato do grupo à prefeitura campinense.
Em suma: Romero sabe que não pode confiar na garantia da
candidatura à reeleição; Cássio sabe que Romero sabe que não confia; mesmo
sabendo, promete que Romero é o candidato; este, sabendo que Cássio sabe da
desconfiança, cria a história da necessidade de estar num partido aliado do
governo federal para fugir do ninho tucano; Cássio, sabendo que Romero sabe de
suas reais intenções, resolve jogar pesado e manda o recado que o apoia, mas
saindo do PSDB, não pode fazer nada para evitar que os tucanos lancem outro
nome, pois “não manda no partido”. Danou-se!
Tem mais outro detalhe... Cássio diz que não manda no PSDB
da Paraíba??? Como assim?, como diria a apresentadora de TV Luciana Gimenes???
Bom, não entro nesse mérito de quem manda em quem ou quem
manda em quê. Só digo uma coisa: Romero sabe quem, realmente, é o dono das cartas...
Do Blog Carlos Magno