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27/04/2015

Pe Luciano comenta o Evangelho do Bom Pastor e pede uma autorreflexão de líderes religiosos e de outros segmentos


O Padre Luciano Guedes, da Catedral de Nossa Senhora da Conceição, no centro de Campina Grande, aproveitou o Evangelho deste domingo (26), na Santa Missa – que fala do bom pastor que cuida de suas ovelhas – para pedir que seja feita uma reflexão sobre a missão que todos nós temos que cumprir, em nossas vidas.

 

Inicialmente, ele direcionou questionamentos aos “falsos pastores”, que ao invés de cuidar bem dos rebanhos, tiram proveito dele. “Que pastor é este? Que representação de pastor nós vemos, até a idade contemporânea, que está dentro dos nosso olhos? Vimos que o pastor é aquele que dá a vida, não é o que tira os proveitos. É o que se oferece, é o que conhece suas ovelhas, que procura as que estão de fora, que tem uma vida de serviço e doação, não uma vida de interesse e de enriquecimento pessoal”.


Padre Luciano Guedes, da Catedral de Nossa Senhora da Conceição, em Campina Grnade, alertou para os "falsos pastores"

 

Pe Luciano também aproveitou para dizer que os próprios padres devem fazer reflexões permanentes sobre o seu pastoreio. “Outra preocupação é de como nós, os padres, estamos sendo pastores. Nós os sacerdotes, os consagrados, os que receberam da igreja de Deus o ofício de pastorear. Como estamos sendo pastores? Quem tem tempo para elas? Quem se dispõe a conviver e a se dar todos os dias para as demandas humanas tão diversas, para as necessidades do rebanho?”.

 

O pároco da Catedral pediu para que fosse feita uma reflexão sobre o modo de agir da igreja, visando não afastar as pessoas que procuram o bom pastor. “Será que há burocracia em nossas igrejas, em nossas paróquias, aqui e acolá? Será que isso são entraves para o acesso livre, seguro, das pessoas aos seus pastores? Esse é o questionamento que nós, os padres, os sacerdotes do povo de Deus, precisamos fazer”.

 

Ele também questionou sobre os que estão afastados da igreja. “Como é a nossa atitude para os que chegam e também aos que não chegam aos nossos espaços?”. Segundo ele, muitos ainda não se aproximaram da igreja “porque não se sentem seguros de vir ao nosso encontro. Estamos sempre apressados? Esta é uma pergunta que todos os padres, sinceramente e com honestidade, devem se fazer, como reflexão, sobre seu serviço”.

 

Pe Luciano disse que busca fazer uma reflexão diária sobre o seu modo de agir, enquanto pastor, buscando sempre melhorar a cada dia. “Todos os dias eu me pergunto isso. Como eu doo o meu tempo para ouvir, para escutar e para perceber as necessidades do rebanho de Deus, sobretudo aqueles que são confiados ao serviço pastoral”.

 

Porém, segundo ele, não só padres devem se questionar. “O pastoreio, a liderança, essas tarefas são exercidas pelos que coordenam ministérios, exercem liderança na família. Essa pergunta deve ser feita aos pais e mães, aos educadores. Não é fácil hoje ser educador. Não é fácil dirigir as pessoas. Os que exercem liderança no trabalho, na vida social, em tantos espaços, na educação, no direito, na saúde. Como é que nós cuidamos deste grande rebanho, das ovelhas de Deus, dos pequeninos dele, até dos preferidos dele, os mais pobres, os mais despercebidos da sociedade, os que são esquecidos?”.


Pe Luciano pediu aos que estão mais próximos do serviço pastoral que não esqueçam das ovelhas afastadas do rebanho: "é missão nossa, missão do bom pastor ir ao encontro dos que estão fora do rebanho"

Pe Luciano pediu aos que estão mais próximos do serviço pastoral que não esqueçam das ovelhas afastadas do rebanho: "é missão nossa, missão do bom pastor, ir ao encontro dos que estão fora do rebanho"


“Ovelhas afastadas” - Outra reflexão proposta pelo Pe Luciano foi direcionada aos que não fazem parte da igreja. “E as ovelhas que não são do nosso redil? Os que estão fora, os que não foram alcançados pela nossa evangelização, pela nossa palavra, pelo nosso esforço de ser igreja. O que devemos fazer?”

 

Ele lembrou que o papa Francisco alerta para a atenção que a igreja deve dar aos que estão afastados da igreja. “O papa Francisco, de maneira insistente, tem dito que nós devemos ser uma igreja em constante êxodo. Quer dizer: o papa vê a dinâmica da saída como recurso para a missão de sermos pastores, de sermos bons pastores do povo de Deus. Uma igreja que se interessa pelos que ainda, dela, estão privados”.

 

Pe Luciano citou que, dos 40 casais que participaram do 37º Encontro de Casais com Cristo – ECC da Catedral, há cerca de 15 dias, 17 não casaram ainda na igreja. “São casais que chegaram à nossa comunidade, estão aqui, foram encontrados, de certa maneira, pelo trabalho pastoral. É isso mesmo: a igreja que deve buscar aqueles que estão por aí, certamente esperando pelo olhar benevolente do bom pastor”.

 

Falsos pastores - Ele alertou para o perigo de estas pessoas serem alcançadas pelos falsos pastores. “Se nós não cuidarmos destes, pode ser que outros pastores ilegítimos, que não são bons pastores, que estão interessados em dispersar as ovelhas, pode ser que estes que não são olhados com amor e atenção fiquem à mercê da dispersão, do descuido e do interesse egoísta de tanta gente que se diz pastor sem ser de verdade”.

 

Pe Luciano pediu aos que estão mais próximos do serviço pastoral que não esqueçam das ovelhas afastadas do rebanho. “Pensemos, nesta noite, em todo este universo de pessoas a quem nós devemos nos dirigir: casais, jovens, idosos, pessoas que estão esquecidas, que nos lugares onde elas estão a sua presença não é percebida. É tarefa nossa, dos que receberam o Batismo com o caráter de sermos povo de Deus, é missão nossa, missão do bom pastor ir ao encontro dos que estão fora do rebanho”.

 

E finalizou pedindo que todos façam sua reflexão continuadamente, lembrando “a beleza desse pastor, que é Jesus, o único e perfeito pastor, nele o nosso ministério deve estar referido e incorporado”. “Se estamos sendo um bom pastor para o mundo de hoje, para a nossa comunidade, para as pessoas com quem partilhamos o desafio de ser cristãos desse mundo de tantas vozes e de tantos pastores, verdadeiros e falsos”.

 

O padre propôs analisar se nossa vida está voltada para aproximar os que estão distantes de Deus. “Perguntemos-nos se o serviço, a adoração da vida, nosso interesse de ir ao encontro dos que não chegaram a nosso redil se dá na nossa tarefa pastoral. Celebremos nossa eucaristia motivados pela bela imagem do bom pastor, que deve estar refletiva em cada um de nós que somos rebanho. Que a nossa fraqueza, a fraqueza do rebanho, nossas deficiências encontrem na fortaleza do pastor a segurança para vivermos o nosso batismo e para cumprirmos bem a missão que Deus nos confiou pelo batismo”.

 

Do Blog Carlos Magno, com Pascom – Catedral