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29/04/2015

Artigo do professor Jônatas Frazão: Começa a “exoneração” de Romero da Prefeitura de Campina


O pontapé inicial na articulação para tirar Romero Rodrigues da Prefeitura de Campina Grande foi dado através da mídia, pelo radialista Fabiano Gomes. Ao ‘detonarRomero e sua administração, no Correio Debate, em cadeia estadual de rádio, Fabiano cumpriu um script bem conhecido de muita gente na Rainha da Borborema, e até fora dela: uma fórmula que já deu certo no passado e que, apostam os cassistas, continuará a dar certo.

 

E nem preciso repetir aqui as críticas pesadas, as acusações e até mesmo o desafio feito por Fabiano a Romero, para que aparecesse desmentindo tudo o que disse, pois, se isso ocorresse, ameaçou Fabiano, apresentaria provas do que estava afirmando: dentre outras acusações, a de que empresas irregulares na cidade recebiam pagamentos vultosos da Prefeitura, enquanto artistas que se apresentaram no São João do ano passado ainda não receberam os seus cachês (ou receberam após ameaçar a Prefeitura).


Segundo análise do professor Jônatas Frazão, o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB) não será candidato à reeleição com apoio do primo, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)

 

Vamos historiar. No final de semana, Fabiano Gomes, que é radialista e bem sucedido empresário da comunicação, inaugurou mais uma emissora de sua propriedade, em Cajazeiras. E o convidado ilustre, que veio de Brasília especialmente para participar do momento, foi o senador Cássio Cunha Lima. Há quem diga que Fabiano não diz um ‘ai’ sem que seja sob a orientação de Cássio.

 

O próprio jornalista Wellington Farias, colega de Fabiano na bancada do Correio Debate, disse certa vez que todo comentário que Fabiano faz na rádio chega através do whatsapp. Vindo de quem? “Eu vejo você anotando no seu papelzinho o que seu líder lhe passa pelo whatsapp”, disse Wellington, num dos debates acalorados que, vez por outra, ele e Fabiano fazem.

 

Fabiano, que nos quatro primeiros anos do governo Ricardo, enquanto RC e Cássio eram aliados, entrava sem bater no gabinete do governador e nas salas dos secretários (e fazia questão de dizer isso no ar, na rádio), chegou a recusar um cargo de secretário de primeiro escalão, quando do racha político entre Cássio e Ricardo, para acompanhar Cássio em sua aventura de tentar voltar ao Palácio da Redenção.

 

Essa fidelidade tem um motivo mais que aceitável: foi Cássio o responsável por trazer Fabiano de Cajazeiras para esta cidade, na época pra fazer frente aos ‘Meninos do Sertão’ (Josival Pereira, Gutemberg Cardoso e Rui Dantas), que comandavam a audiência no Sistema Correio e tinham postura bem crítica em relação ao governo da época, de Cássio.

 

Foi Fabiano quem, na campanha, acompanhou Cássio em todas as cidades, nas visitas, nos debates (inclusive orientando-o sobre a postura que deveria adotar e acusações que deveria fazer contra Ricardo) e, mais que isso, foi escalado para articular muitos dos acordos políticos feitos nos municípios, com lideranças das mais diversas, para apoio ao projeto político de eleger o tucano governador de novo.

 

Então, ninguém me convence de que o que Fabiano fez, o fez sob orientação. Perceberam que, no mesmo dia, Ronaldo Cunha Lima Filho, que estava ao lado de Romero, como vice-prefeito de Campina Grande, lançando o São João da cidade, tratou de repercutir junto aos jornalistas o sentimento de que não queria ser candidato a prefeito, mas que apoiaria Romero? Por quê?

 

Lembram o que aconteceu com Cozete Barbosa, vice-prefeita de Cássio em Campina Grande e prometida como a candidata do grupo? Cozete acreditou na promessa de ser a candidata a prefeita quando resolveu se aliar a Cássio, e continuou acreditando quando Cássio se desincompatibilizou para ser candidato a governador, mesmo diante das críticas ácidas que lhe eram desferidas, à época, pelo ‘escalado’ para fazê-lo, o hoje deputado federal Rômulo Gouveia – que, diga-se, foi o escolhido por Cássio para ser seu candidato a prefeito de Campina, contra Cozete, sendo derrotado, à época, por Veneziano?

 

Então, amigos, esse enredo faz parte de uma sinfonia bem articulada e já conhecida dos que acompanham a política de perto, com o cuidado de observar as movimentações políticas sobre todos os ângulos. Resta saber como se comportará Romero, diante de tantas evidências de que está a caminho do cadafalso. Povo ingênuo esse envolvido nesta sinfonia, não?


Do Blog Carlos Magno, com Jônatas Frazão (professor aposentado da UFPB)