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18/05/2015

Folha reúne histórias pitorescas contadas por árbitros em súmulas de jogos. Tem um caso envolvendo repórter da Paraíba. Veja


Além de apitar os jogos e, claro, ouvir reclamações e xingamentos de jogadores, técnico e torcidas, os árbitros são obrigados a redigir um documento após as partidas com informações técnicas – como autores dos gols, registro de cartões, público no estádio, etc – e também com um espaço para observações.

 

A Folha pesquisou as chamadas súmulas dos árbitros de todo país e colheu relatos às vezes curiosos, engraçados e outros até bizarros que mostram um pouco do que é o futebol brasileiro nos campeonatos estaduais. Esqueça o tão aclamado "padrão Fifa" da Copa do Mundo.


Ilustrações Junião/Editoria de Arte/Folhapress

 

Faca no banco de reservas

 

No Maranhão, Edinan Lopes de Carvalho, árbitro da partida entre Balsas e Cordinho, pela primeira divisão do Campeonato Maranhense, entregou a súmula aos funcionários da federação local após a partida, como de praxe. Junto com o papel com as anotações, levou um objeto. Uma faca.

 

"Após o término da partida fui informado por um dos militares presentes, Cabo Matuzalém Rodrigues Araújo, que o mesmo havia encontrado, durante o intervalo da partida uma faca junto ao local destinado aos atletas e comissão técnica da equipe do Cordino Esporte Clube. O objeto citado segue junto com a documentação apresentada", relatou o árbitro na súmula.

 

O clima do jogo foi quente, com 12 cartões amarelos, dois jogadores expulsos e final com trocas de socos entre os jogadores. Não houve, porém, registro de que a faca tenha sido usada em algum momento da briga

 

Repórter irado da Paraíba

 

O árbitro Emanuel Diniz teve trabalho na vitória do Atlético de Cajazeiras sobre o Sousa, pelo Campeonato Paraibano. Expulsou três jogadores e um repórter. Sim, um repórter precisou ser retirado de campo. Na súmula, ele explicou por que teve que sacar o "radialista-torcedor".

 

"Faço constar também que no 1º tempo de jogo, após gol do Atlético, expulsei o radialista da Difusora de Cajazeiras (Sr. Amauri), por ter se dirigido ao meu assistente nº 1, Sr. Oberto Santos, com ofensas (filho da puta; safado; vocês vieram premeditados para prejudicar o Atlético; vão pro pau).", escreveu Diniz.

 

O repórter pôde ver o jogo nas arquibancadas do Perpetão junto com outro torcedores do Atlético Cajazeiras.

 

Goleiro furtado antes do jogo

 

No Estadual do Rio, um jogo virou caso de polícia. Integrantes de torcidas organizadas do Flamengo invadiram o vestiário do Macaé, antes da partida entre as duas equipes no estádio Moacyrzão.

 

"Cabe relatar que fui informado 15 minutos antes da partida pelo senhor Marcelo Viana, delegado da partida, que torcedores do Flamengo invadiram o estádio através do portão 11 do estacionamento onde entravam as delegações, se dirigiram ao estádio do Macaé, onde efetuaram furtos de alguns pertences e agrediram Ricardo Berna, número 1 do Macaé. O mesmo sofreu atendimento médico e jogou normalmente", escreveu Rodrigo Carvalho Miranda.

 

Após o jogo, Berna disse que prestaria queixa na delegacia de Macaé. Não há registro de que os agressores tenham sido detidos.

 

Martelada da torcida

 

Em Pesqueira, no interior de Pernambuco, a vibração com o gol do empate do time da casa quase contra a Porto, na terceira rodada do estadual, quase teve consequências graves para um dos árbitros assistentes do jogo.

 

"Aos 46 minutos do segundo tempo, após o gol de empate da equipe do Pesqueira, foi arremessado um martelo em direção ao árbitro assistente nº2, senhor Marlon Rafael Gomes de Oliveira, não o atingindo", escreveu o árbitro Marcelo de Lima Henrique.

 

Como disse o juiz, o martelo não atingiu ninguém. O autor do "disparo" foi identificado e levado a delegacia de polícia.

 

Vespas atrasam jogo em Pernambuco

 

Em Santa Cruz do Capibaribe, no interior de Pernambuco, jogadores de Ypiranga e Porto estavam prontos para o começo da partida, quando o árbitro avisou para eles esperarem. Isso porque bombeiros que estavam no estádio Limeirão encontraram uma colmeia de vespas.

 

 "Houve atraso de 10 minutos no início da partida, devido aos componentes do Corpo de Bombeiros, através do soldado Ênio, terem identificado no alambrado que fica ao lado do assistente nº 2 uma colmeia de vespas. Eles tiveram que tomar providências para conter o enxame", disse o juiz.

 

O enxame foi contido, mas as vespas não derão sorte para o Ypiranga, time da casa, que acabou perdendo para o Porto por 2 a 1.

 

Dia de cão de árbitro termina com carro danificado

 

O 18 de fevereiro definitivamente não foi um bom dia para o árbitro Marcelo Cavalheiro Pereira. Escalado para apitar o jogo Veranópolis e São Paulo-RS, o juiz ouviu poucas e boas da torcida local, no acanhado estádio Antônio David Farina.

 

Indignados com a derrota para o São Paulo, os jogadores também não pouparam o juiz e seus auxiliares.

 

"Ao término da partida, expulsei o atleta de nº11, senhor David Rener Rocha dos Santos, da equipe do Veranópolis, de forma direta. Me foi relatado pelo árbitro assistente que o jogador referido correu em sua direção e disse as seguintes palavras: tu é safado, ladrão. Veio aqui para nos roubar". Foi necessária a presença da Brigada Militar (Polícia Militar) para retirara o atleta do gramado", escreveu Marcelo Pereira na súmula do jogo.

 

Depois da expulsão, um funcionário do Veranópolis invadiu o gramado após a partida e xingou o árbitro assistente.

 

"Agora eu vou aí quebrar a tua cara, safado", foram as palavras nada amistosas ditas, segundo o relato do árbitro.

 

O pior para Marcelo, porém, veio depois.

 

"Na saída do vestiário, dirigindo-me ao meu veículo, que se encontrava no estacionamento destinado aos árbitros pelo equipe do Veranópolis. Notei que o mesmo estava com o capo todo riscado, bem como o porta malas. Amassaram também a lateral direita traseira do veículo", relatou o árbitro.

 

Do Blog Carlos Magno, com Folha