O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA) Carlos Henrique Carvalho defendeu a municipalização da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (CIDE ) como forma de financiamento para
subsidiar o Transporte Público.
Ele informou que, hoje, aproximadamente 71% da arrecadação
da contribuição ficam com a União. Dos 29% que vão para os estados, o município
fica apenas com 25%.
O pesquisador participou de audiência pública, nesta
quarta-feira (27), na comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a
Proposta de Emenda à Constituição 159/07 (e apensadas), que prevê mudanças na
distribuição dos recursos da CIDE-Combustíveis.
O pesquisados do IPEA Carlos Henrique Carvalho acredita que, se não existisse o Transporte Público, seria inviável andar de carro em algumas capitais do País
Na avaliação do especialista, há um sério problema na forma
de custear o Transporte Público, porque a maior parcela é paga pelos mais
pobres, e quem se beneficia é toda a sociedade. Carvalho exemplifica que,
quando há uma greve, por exemplo, ninguém consegue sair de casa, porque não há
espaço para todos os automóveis.
Estímulo ao coletivo –
Carlos Henrique Carvalho avalia que, se não existisse o Transporte Público, seria
inviável andar de carro em algumas capitais do País. O que precisamos ter, do
ponto de vista da melhoria das condições de mobilidade, são políticas de
estímulos ao Transporte Público, ao transporte não motorizado, em detrimento do
transporte individual, e essa política de municipalização da CIDE vem neste
sentido."
Ele observa que, "a partir do momento que você cria
alíquotas para a gasolina, que é utilizada principalmente para o veículo
motorizado individual, e que você consiga transferir esses recursos arrecadados
para financiar o Transporte Público, você está indo neste caminho, no de
baratear o Transporte Público e de encarecer o transporte individual.
Carvalho defende medidas progressivas, por meio de uma
política compensatória de transferência de renda: Então seria uma política de
transferência de renda, em um âmbito federativo, porque você está transferindo
recursos da União e dos estados para o município e no âmbito da população
também, porque você estará transferindo renda da população das pessoas mais
ricas, usuárias de automóveis, para as pessoas mais pobres, usuárias do
Transporte Público.
Mais discussão – Para
o relator da proposta na comissão, deputado Mário Negromonte Jr. (PP-BA), que
propôs o debate, é preciso mais discussão sobre a municipalização da CIDE. Na
opinião dele, em alguns cenários a CIDE poderia se tornar sem efeito. Além
disso, ocorreria uma perda considerável da União.
Com todos os cenários, vai existir um aumento da gasolina,
do álcool e do diesel, portanto vai ter aquele cenário que vai tirar das
pessoas que usam automóveis ou a motocicleta para dar para as pessoas que
precisam do Transporte Público, e melhorar essa relação entre as pessoas que
recebem mais e as que recebem menos, que têm menos condições", avalia o
parlamentar.
"Em ambos os cenários, foi apresentando um cenário de
deflação, portanto existem algumas dúvidas, e tenho certeza que, ao longo
dessas reuniões externas, que nós teremos nos estados do Rio de Janeiro, Bahia
e Belo Horizonte, com a União, os municípios e os estados, a gente vai ter
muito claro este cenário que vai nos balizar para o relatório final nesta
comissão, acrescenta Mário Negromonte Jr.
Norma atual – Atualmente
a Constituição Federal prevê a aplicação dos recursos da CIDE apenas no
pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás
natural e derivados e, ainda, derivados de petróleo. Outra possibilidade é o
financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e
gás. A CIDE também pode ser usada no financiamento de infraestrutura de
transportes.
A Proposta de Emenda à Constituição 159/07, analisada pela
comissão especial, tramita em conjunto com outra PEC, a 179/07, que estabelece
que a União destine recursos da CIDE para o financiamento de programas de
subsídio para as tarifas de transporte coletivo para a população de baixa renda
– Assessoria.
Portal Carlos Magno
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