A irmã Theresa Aletheia Noble, hoje religiosa católica, foi
ateia quando mais jovem.
Ela pede a Deus que livre a Igreja do risco de virar um
'clubinho para acostumados', um círculo de 'iniciados' que se julgam católicos
mais pela rotina e pela inércia do que por uma convicção de coração, renovada
conscientemente todos os dias, apesar das dúvidas e perplexidades que surgem o
tempo todo no caminho das pessoas que sinceramente procuram a Verdade.
A irmã Theresa Aletheia Noble, hoje religiosa católica, foi ateia quando mais jovem. Ela pede a Deus que livre a Igreja do risco de virar um 'clubinho para acostumados', um círculo de 'iniciados'
Ela mesma conta a sua história:
De roqueira punk a
religiosa católica
Quando eu era pequena, adorava ler novelas de aventura,
tocar violino e escrever contos de fadas. Depois virei roqueira punk e ateia.
Em seguida, resolvi adotar o estilo de vida vegetariano e me engajar como
ativista dos direitos dos animais. Quando terminei a faculdade, fui dar aulas
em bairros pobres. A seguir, trabalhei numa fazenda. Depois disso ?' milagre! ?'
comecei a acreditar em Deus, em Jesus, e me tornei católica. Finalmente, para
surpresa de todos (inclusive minha), me tornei religiosa.
Quando ando agora pelas ruas vestindo o hábito de freira,
alguns me veem como uma representação da Igreja-instituição; outros como alguém
que vive à margem da sociedade; outros, ainda, como uma excêntrica; e outros,
por fim, enxergam o amor.
De certa forma, eu
sou tudo isso.
É como se o meu passado e o meu presente não estivessem numa
fusão completa de um no outro. Alguns aspectos da minha vida se fundiram, sim,
mas outros não. E, no fim, o resultado é um belo mosaico vivo!
Eu me pergunto, de vez em quando, se o meu lugar é no grupo
que eu chamo de 'acostumados' da Igreja. Será que vou acabar virando uma
fariseia? Será que já não sou assim, um pouco? Vou continuar a lutar com
honestidade pela minha fé, encarando de frente as minhas dúvidas, ou vou fugir desse
confronto sincero, preferindo buscar o conforto, o conformismo, a rotina, a
facilidade e uma sensação (falsa) de bem-estar? Será que me ajusto mais ao
comportamento das pessoas que estão ao meu redor ou ao comportamento de Cristo?
Depois de renunciar à vida 'mundana', será que vou me tornar uma religiosa
'medíocre'?
Eu não joguei o meu
passado no lixo
Eu me considero uma 'ex-ateia', mas as coisas não são assim
tão simplórias. De certa forma, estou sempre em sintonia com as várias facetas
que a minha personalidade já pôde ter ?' e espero que isso não mude. A maioria
das pessoas espera que eu sinta vergonha do meu passado. Mas a única coisa que
me envergonha é o jeito que eu tinha de não amar a Deus e o meu próximo. Não
tenho vergonha dos meus questionamentos, das minhas lutas internas, da minha
procura pelo absoluto. Não tenho vergonha de ter um lado excêntrico e de ter
batido a cabeça nessa busca, de ser um pouco estranha e rebelde. Eu não joguei
o meu passado no lixo.
O exemplo de São
Paulo
Eu acho importante que nós vejamos o nosso pecado da forma
como Deus o vê. Ele conhece com precisão os defeitos que nos levaram a pecar,
mas que, trabalhados pela abnegação, também se tornam as qualidades que nos
santificarão. São Paulo, por exemplo, foi um fariseu dos mais zelosos, um
perseguidor violento, um homem que observava as regras externas de forma
rigorosíssima. Essas características, que o levaram a cometer muitos pecados em
nome de Cristo, são também as que o levaram ao caminho da santidade. Cada um de
nós tem dons únicos para fazer frutificar junto aos outros, no seio da Igreja?
E, com frequência, é a partir dos aspectos mais surpreendentes da nossa
personalidade que Deus faz brilharem esses talentos.
Eu me flagrei, outro
dia, fazendo essa oração um tanto estranha:
'Senhor! Eu queria, antes, que me ajudasses a lutar contra a
minha natureza cética. Agora eu quero outra coisa: conservar este ceticismo. Eu
não quero uma fé fácil e simplória. Faz com que a minha fé seja audaciosa,
impetuosa, plenamente assumida, mas faz também com que eu consiga entender
aqueles que duvidam. Eu quero, a todo custo, me manter próxima daqueles que
vivem à margem da Igreja, daqueles que não a entendem de jeito nenhum, daqueles
que não pertencem ao círculo dos 'costumeiros', daqueles que duvidam, daqueles
que procuram, dos excêntricos, dos que não se encaixam na sociedade. Livra-me,
Senhor, de uma Igreja-clubinho, de uma Igreja de 'acostumados',
confortavelmente acomodados nas suas certezas de rotina' ?' Aleteia.
Portal Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar pum pode prevenir câncer, AVC, ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo de universidade do Reino Unido
- Assassinato de moradores de rua em Campina Grande-PB gera comoção: radialista faz artigo em homenagem a 'Maria Suvacão'
- UEPB vai ganhar curso de Medicina no campus de Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de 20 minutos em fila de banco na Paraíba receberá indenização
- Jovem forja a própria morte para saber 'quais pessoas se importariam com sua ausência' e vem a público pedir desculpas