Antes de iniciar a leitura do artigo, gostaria de falar um
pouco sobre o autor do Artigo que, gentilmente, o cedeu para nos brindar com
tão lúcida reflexão. Zé Nivaldo é um conhecido publicitário pernambucano, responsável
por campanhas publicitárias em vários estados do País - e até mesmo campanhas
presidenciais, como a de Leonel Brizola.
O que mais chama a atenção em seus artigos é a franqueza de
suas ideias e a facilidade com que Zé trata assuntos dos mais diversos. Mas
falar de Caixa 2 nesta época em que vivemos no Brasil, sobretudo fazendo a
referência que ele faz, colocando-nos como protagonistas da reflexão, digamos,
é realista. Mas, acima de tudo, corajoso.
Zé Nivaldo é um conhecido publicitário pernambucano, responsável por campanhas publicitárias em vários estados do País ?' e até mesmo campanhas presidenciais, como a de Leonel Brizola
Pedi a Zé para publicar esta reflexão aqui neste espaço e
ele, prontamente, atendeu. Espero que possa nos brindar com outras reflexões.
Temos muito a aprender com você, Zé.
O País do Caixa 2
Às vezes, fico
contemplando o espetáculo da vida como se fosse um espectador de teatro.
Como os nossos atores
do cotidiano parecem cínicos nas redes sociais, quando posam de palmatória do
mundo.
Registro de logo que
não me excluo disso.
Os alvos preferenciais
dos moralistas de plantão são os políticos, atualmente os grandes bodes
expiatórios de todas as mazelas do País.
Nos últimos dias se
colocou a questão de separar aqueles que se apropriaram de recursos não
contabilizados para proveito próprio e aqueles que utilizaram deles para
atividades partidárias ou eleitorais.
Parece a mesma coisa,
mas não é.
A dura verdade,
amigos, é que não foi a política que inventou o caixa 2. Ele chegou à política
como decorrência de uma generalizada prática social.
Não conheço ninguém
que contabilize todas as suas transações financeiras.
'Com recibo ou
sem recibo?' Atire a primeira pedra o leitor de classe média que não foi
submetido a esse dilema.
Quem de nós paga
oficialmente serviços de pedreiro, pintor, encanador, vidraceiro, borracheiro?
Quem contabiliza um
empréstimo a juros camaradas, a venda de um móvel de segunda mão?
Quem declara
'pelo pé' a compra ou venda de um imóvel? Sem falar nos que consomem
produtos pirateados ou vão atrás de pechinchas nos 'robautos' da
vida.
Quem já viveu uma
campanha política sabe que nas periferias não é raro o eleitor que faz leilão
do voto.
Não é o meu propósito
defender nenhuma conduta ilícita. Apenas registro que elas não são privilégio
do mundo da política.
O dinheiro desviado
'das escolas ou dos hospitais' também é subtraído dos cofres públicos
através da generalizada sonegação do cotidiano.
Assim, da próxima vez
que você omitir, dispensar ou passar por cima da nota fiscal, saiba: é caixa 2
do mesmo jeito. Ainda bem que não é crime. Pelo menos por enquanto.
José Nivaldo Junior
Publicitário. Da Academia Pernambucana de Letras.
Portal Carlos Magno
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