Dois atentados com bomba reivindicados pelo grupo extremista
Estado Islâmico (EI) deixaram ao menos 38 mortos e dezenas de feridos em duas
igrejas coptas no Egito, nos ataques mais sangrentos dos últimos anos contra a
minoria cristã deste país.
Um terrorista suicida lançou o ataque contra uma igreja da
Alexandria (norte) no qual 11 pessoas morreram e 35 ficaram feridas. O
indivíduo, que transportava um cinturão de explosivos, detonou sua carga depois
que a polícia o impediu de entrar na igreja de São Marcos, indicou o ministério
do Interior.
O balanço de vítimas aumentou rapidamente, passando dos 13 mortos anunciados em um primeiro momento a 27 mortos e 78 feridos nos atentados a duas igrejas do Egito que celebravam o Domingo de Ramos
O papa copta Teodoro II, que havia acompanhado as
celebrações de Domingo de Ramos na manhã deste domingo, abandonou o templo
antes da explosão, informou seu secretário pessoal.
Horas antes, um primeiro atentado deixou 27 mortos e 78
feridos na igreja Mar Girgis de Tanta, 120 km ao norte do Cairo, no delta do
Nilo.
Este ataque ocorreu às 10h00 (05h00 de Brasília) no interior
da igreja, 'nas primeiras filas, perto do altar, durante a missa',
disse à AFP o general Tarek Atiya, adjunto do ministro do Interior encarregado
das relações com a imprensa.
O balanço de vítimas aumentou rapidamente, passando dos 13
mortos anunciados em um primeiro momento a 27 mortos e 78 feridos, de acordo
com o ministério da Saúde.
Os serviços de segurança inspecionaram os arredores do
templo para garantir que não havia mais artefatos explosivos, disse o general
Ahmad Deif, governador de Gharbia - cuja capital é Tanta - à televisão Nile
News.
Segundo ele, ainda não se sabe a natureza do atentado.
'Ou foi uma bomba situada no interior da igreja, ou alguém detonou seus
explosivos', indicou.
Imagens divulgadas pela rede de televisão privada Extra News
mostravam o chão e as paredes brancas da igreja cobertos de sangue, assim como
bancos de madeira destruídos.
O EI reivindicou os dois atentados no início da tarde, meses
depois de seu braço sírio convocar a atacar 'os infiéis ou apóstatas no
Egito e em toda parte', uma forma de se referir à comunidade copta.
- Ataques sangrentos -
O primeiro-ministro, Sherif Islamil, condenou o atentado de
Tanta e insistiu na 'determinação do Estado para erradicar semelhantes
atos terroristas e eliminar pela raiz o terrorismo'.
Al Azhar, a prestigiada instituição do Islã sunita com sede
no Cairo, também condenou este ataque. 'O objetivo deste covarde ataque
terrorista é atentar contra a segurança e a estabilidade do nosso Egito, e a
unidade do povo egípcio, o que exige que todos os integrantes da sociedade
permaneçam unidos', afirmou.
As explosões deste domingo ocorreram alguns dias antes de
uma visita do papa ao Egito, nos dias 28 e 29 de abril. 'Ao meu querido
irmão, sua santidade o papa Teodoro II, à igreja copta e a toda a querida nação
egípcia expresso meu profundo pesar', declarou o papa Francisco durante a oração
do Ângelus após saber do ocorrido.
No dia 11 de dezembro, um suicida do EI matou 29 pessoas na
igreja copta de São Pedro e São Paulo no Cairo.
Com o atentado do Cairo, se multiplicaram os apelos a
endurecer a luta contra o movimento extremista no Egito, sobretudo no Sinai,
onde realizou uma série de ataques sangrentos contra as forças de segurança.
O exército egípcio anunciou no dia 2 de abril que havia
matado em um bombardeio Abu Anas al Ansari, um dos membros fundadores do braço
local do EI, Ansar Beit al Maqdes.
Este grupo havia reivindicado um atentado com bomba contra
um avião russo que caiu no dia 31 de outubro de 2015 com 224 pessoas a bordo,
depois de decolar do balneário egípcio de Shark el Sheikh.
Os coptas ortodoxos do Egito representam a comunidade cristã
mais numerosa do Oriente Médio e uma das mais antigas. Seus membros dizem ser
vítimas de discriminações em todo o país por parte das autoridades e da maioria
muçulmana - AFP.
Portal Carlos Magno
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