Estudos epidemiológicos mostram que o consumo de uma xícara
de café por dia pode ser suficiente para trazer benefícios ao coração. O efeito
protetor contra fatores de riscos para doenças cardiovasculares vem dos
compostos fenólicos encontrados em quantidade razoável na bebida mais
tradicional do desjejum dos brasileiros. Os resultados fazem parte de uma
pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP com 550 pessoas que vivem
na capital paulistana.
As doenças cardiovasculares são consideradas a principal
causa de morte entre a população mundial. Dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS) mostram que se não forem bem trabalhadas as políticas públicas de saúde e
de prevenção, a estatística de mortalidade que hoje é de 17,3 milhões de
pessoas passará para mais de 23,6 milhões em 2030.
A pesquisa mostrou que o efeito protetor do café para o coração, independentemente da forma como é consumido (com leite, chá, expresso ou coado), ocorreu em pessoas que tiveram um consumo moderado da bebida
As causas são multifatoriais e incluem as não modificáveis,
como a hereditariedade e a idade, por exemplo, e as relacionadas ao
comportamento do indivíduo, que podem ser alteradas, como o tabagismo, o
sedentarismo e o consumo de alimentos com alto teor de sal, gordura e açúcares
que estão associados ao aumento da obesidade. Já a ingestão de café, frutas e
verduras, ricos em polifenóis, entram na contramão dos vilões do coração.
As razões que levaram a autora da pesquisa, Andreia Miranda,
doutoranda da FSP, a escolher o café como objeto de sua pesquisa foram o fato
de o café ter grande presença no dia a dia das pessoas. 'Embora tenha teor
semelhante de polifenóis ao das frutas e verduras, a bebida acaba tendo maior
contribuição nutricional porque o consumo diário dele é mais frequente. Cerca
de 70% dos polifenóis ingeridos dos alimentos pelos paulistanos têm como fonte
o café.'
Como foi feita a
pesquisa
Com dados obtidos do Inquérito de Saúde do Município de São
Paulo (ISA-Capital 2008/09), estudo ligado à prefeitura da capital, o consumo
diário de café e a ingestão de seus polifenóis foram avaliados em homens e
mulheres com idade acima de 20 anos.
Além da dieta, o questionário aplicado aos entrevistados
considerou informações sociodemográficas e de estilo de vida (idade, sexo,
raça, renda familiar per capita, atividade física e tabagismo). Houve também
coleta de sangue para referências bioquímicas (glicose, triglicérides,
colesterol total, HDL e LDL, e a homocisteína, um aminoácido presente no sangue
que está relacionado a riscos de eventos cardiovasculares), além de medição
antropométrica (peso e altura) e aferição da pressão arterial.
O consumo de café foi dividido em três grupos: quem bebia
menos de uma xícara de café por dia; os que tomavam de uma a três; e os que
ingeriam três ou mais xícaras diariamente. Os indivíduos que consumiram de uma
a três xícaras de café por dia reduziram em 55% a chance de ter pressão alta
sistólica e em 56% pressão alta diastólica quando comparados aos indivíduos que
consumiram menos de uma xícara. O mesmo se verificou com a homocisteína: houve
uma redução em 68% de chance de ter níveis aumentados de homocisteína no
sangue. O mesmo resultado não foi observado naqueles indivíduos que consumiram
mais de três xícaras de café por dia.
Dessa forma, ficou demonstrado que o efeito protetor do café
para o coração ocorreu apenas para aqueles que tiveram um consumo moderado,
afirmou a pesquisadora. E independentemente da forma como é consumido (com
leite, chá, ser expresso ou coado), as concentrações de polifenóis na bebida
são mantidas - Jornal da USP.
Portal Carlos Magno
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