A Havaianas vai virar marca de roupas a partir do segundo
semestre de 2014. Uma equipe de 20 criadores já foi contratada para desenvolver
produtos e estamparias de moda casual e de praia. As peças serão produzidas em
fábricas de terceiros e vendidas nas lojas exclusivas da marca no Brasil.
A empresa que possui hoje cerca de 300 lojas no Brasil e 120
no exterior, deve expandir para 370 e 130, respectivamente, no ano que vem. Mas
as lojas exclusivas representam menos de 2% das vendas totais de R$ 3 bilhões
da Alpargatas.
A maior venda de sandálias de borracha acontece em pontos de
vendas que vão desde redes como C&A e supermercados a vendinhas de beira de
estrada nos mais remotos cantos do país.
Presidente da Alpargatas, Márcio Utsch
“As lojas exclusivas dão dinheiro, são rentáveis, mas
funcionam mais como um instrumento de marketing, um ponto de contato do
consumidor com a marca. Não faz tanto sentido como negócio”, diz o presidente
da Alpargatas, Márcio Utsch.
A Alpargatas também planeja expandir sua divisão de moda de
luxo, inaugurada com a aquisição da grife carioca Osklen no início deste ano. O
contrato prevê a aquisição de mais 30% da grife no segundo trimestre do ano que
vem, o que daria à empresa de calçados seu controle.
Nos planos, estão novas lojas da Osklen no Brasil e no
exterior e novas aquisições na área de moda de luxo.
Sem desativação - A
Alpargatas inaugurou ontem uma nova fábrica em Montes Claros, norte de Minas,
que amplia a capacidade de produção anual de Havaianas em 40%. Serão 102
milhões de pares ao ano, que se somam à produção de quase 260 milhões anuais
que saem da fábrica da Paraíba.
Com investimento de R$ 276 milhões - R$ 30 milhões a mais do
que a previsão inicial -a fábrica tem inovações tecnológicas e ambientais que a
coloca entre as mais avançadas no setor de transformação de borracha. As perdas
de resíduos foram reduzidas a quase zero, e até as rodelinhas que sobram do
furo onde se encaixam as tiras são reaproveitadas e viram sandálias.
Os grandes investimentos foram no desenvolvimento
tecnológico de máquinas e equipamentos com firmas da Alemanha e da Itália. A
estrela é uma torre vertical de 13 metros de altura (equivalente a seis
andares) que transforma parafina, óleos e outros mais de 160 insumos em
borracha, com ajuda da gravidade e do calor gerado no próprio processo.
As máquinas, de baixo custo de manutenção, produzem mais com
30% menos insumos e mão-de-obra. Para o presidente da Alpargatas, uma fábrica
com capacidade similar mas sem os avanços tecnológicos custaria R$ 100 milhões
a menos. A nova planta vai elevar em 2.500 o número de funcionários diretos da
companhia, que emprega 18.248 pessoas no mundo (13.622, no Brasil).
O projeto prevê duas novas ampliações de igual tamanho, a
primeira delas em 2017. “O ritmo de crescimento vai depender da economia. Se o
mercado retrair, posso adiar a (expansão)”, diz o executivo, há dez anos à
frente da Alpargatas, empresa do grupo Camargo Corrêa.
Mesmo quando as duas ampliações estiverem funcionando, Utsch
diz que não há intenção de desativar Campina Grande (PB). “Vamos avaliar o que
dá para levar de ganhos de eficiência para a Paraíba. Mas vamos manter todas as
fábricas. Tudo o que produzimos vende”.
A nova fábrica vai concentrar a produção de maior valor
agregado para o mercado nacional e o exterior. Utsch diz que uma das razões de
fazer fábrica no Brasil e não na China, por exemplo, está ligada ao fato de que
exibir o registro de Made in Brazil faz diferença para a marca, que tem como um
de seus valores a brasilidade. “O custo na China seria 8% menor, o que é pouco”.
Do Blog Carlos Magno, com Folha