Não é o mais rápido. Nem o mais potente. Embora a estética seja algo muito
subjetivo, tampouco é o mais bonito. Nem mesmo conta com um design chamativo ou
inovações surpreendentes. E, além disso, é fabricado por uma marca pouquíssimo
conhecida no Ocidente.
Mesmo assim, o OPPO R9s foi o celular chinês mais vendido do mundo no primeiro
trimestre deste ano. Segundo os dados da Strategy Analytics, foram 8,9 milhões
de unidades entre janeiro e março, o que lhe confere uma fatia de mercado de
2,5% em nível global e a medalha de bronze do ranking mundial.
FICHA TÉCNICA
Tela: 5,5 polegadas com resolução FHD (1.080x1.920) com uma densidade de
pixels de 401 ppi.
Processador: Qualcomm Snapdragon 625 de oito núcleos a 2,0 Ghz.
Memória RAM: 4 GB
Memória interna: 64 GB ampliáveis a 256 GB utilizando a segunda ranhura SIM
para um cartão MicroSD.
Câmeras: Posterior de 16 megapixels com flash de duplo tom, óptica com
luminosidade f 1.7. Grava vídeos em 4K; A câmera de selfies tem um sensor de 16
megapixels e grava vídeo FHD.
Bateria: 3.050 mAh - não substituível - com sistema de carga rápida que
proporciona em torno de 65% da capacidade em 30 minutos.
Sistema operacional: ColorOS, baseado no Android 6.
Dimensões e peso: 153 x 74,3 x 6,6 mm e 145 gramas.
Conectividade: GSM / CDMA / HSPA / EVDO / LTE - Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac,
dual-band, WiFi Direct, hotspot / Bluetooth 4.0, A2DP / SIM duplo
Sensores: GPS / GLONASS / BEIDU, leitor de digitais, giroscópio, acelerómetro,
proximidade, luz ambiente
O R9s só é superado pelo iPhone 7 (21,5 milhões de unidades e 6,1% de fatia de
mercado) e o iPhone 7 Plus (17,4 milhões e 4,9%). Como se fosse pouco, o
aparelho da OPPO se encontra a uma distância considerável do quarto colocado, o
Samsung Galaxy J3, que vendeu 2,8 milhões de unidades a menos. Assim, as cifras
confirmam a marca chinesa como um dos grandes fabricantes mundiais - o quarto
ou quinto, segundo quem apresente as cifras -, algo que já se antevia quando,
no ano passado, o predecessor R9 se tornou o celular mais vendido do gigante
asiático. É, sem dúvida, um feito heroico para um smartphone que gera a maior
parte de suas vendas em apenas dois mercados: China e Índia.
De fato, apesar de ser possível comprar R9s no Ocidente por canais alternativos
como Aliexpress (por cerca de 1.300 reais), o sucesso do OPPO é a confirmação
de que sua estratégia na Índia, onde um rápido crescimento a transformou na
terceira marca mais vendida, dá frutos rapidamente. E não só isso: o mais
recente representante da marca de Shenzhen, o F3Plus, foi apresentado em Nova
Déli e, curiosamente, não é vendido na China. 'Vemos certa saturação no mercado
doméstico e acreditamos que a Índia seja o país mais promissor no que se refere
ao crescimento', diz ao EL PAÍS uma fonte da empresa que prefere se manter no
anonimato. 'Por enquanto, descartamos voltar a mercados desenvolvidos como o da
Europa', observa.
Mas, o que tem o R9s para deslumbrar o público tanto quanto o seu antecessor,
com o qual se parece muito? A resposta não deve ser buscada num elemento
concreto, e sim na solidez do conjunto. O aparelho da OPPO funciona com
perfeição e, embora não se destaque em nenhum quesito, é notável em todos. Começando
pelo desenho anódino, mas estilizado e com acabamentos excelentes, que lhe dão
um aspecto premium. Conta com um processador potente (o Qualcomm Snapdragon 625
com oito núcleos que funcionam a uma frequência máxima de 2.0 GHz) acompanhado
de 4GB de memória RAM - mais que suficiente para todos os usuários - e uma
excelente tela de 5,5 polegadas com resolução FHD e um dos melhores pares de
câmeras do mercado.
Não por acaso, a OPPO centrou seu atrativo comercial na fotografia. Diz que
seus celulares são especializados em selfies, e não exagera. O R9s não chega ao
extremo do F3Plus, que incorpora uma câmera dupla na parte frontal, mas faz
autorretratos de 16 megapixels com uma objetiva muito luminosa (f 2.0) e com um
software de retoque que oferece inúmeras possibilidades. É possível inclusive
gravar imagens com movimento (GIFs) com a câmera selfie.
A câmera principal, por sua vez, também proporciona resultados de alta
qualidade. Isso se deve em grande parte ao fato de a OPPO ter decidido usar a
lente mais luminosa do mercado (f 1.7), similar a incorporada nos últimos
Samsung Galaxy de gama alta, combinada com um sensor de 16 megapixels, no qual
o tamanho de cada ponto é um pouco maior que na maioria de telefones (1,12 µm).
A única falha é a carência de um estabilizador óptico mecânico que ajude a
tirar fotos ainda mais nítidas em condições de pouquíssima luz ?' à noite ou em
interiores mal iluminados -, embora o estabilizador eletrônico seja
satisfatório na gravação de vídeo, com resolução de até 4K.
O MELHOR E O PIOR
O melhor:
- Qualidade dos acabamentos e tamanho
- Câmeras anterior e posterior de grande qualidade
- Sistema operacional muito personalizável
- Carga rápida muito eficiente
O pior:
- Carente de inovações
- Não tem NFC e porta USB-C
- Sem estabilizador óptico
Entre os demais componentes se destacam a excelente carga rápida patenteada
pela OPPO - chamada VOOC e capaz de carregar em meia hora mais de 60% dos 3.010
mAh da bateria, suficiente para passar o dia - e o vidro Gorilla Glass 5 que
cobre a tela e que, em nosso teste, demonstrou resistir sem um arranhão a
quedas de até meio metro. Além disso, o leitor de impressões digitais é dos
mais rápidos e precisos do mercado, e o corpo metálico é extremamente fino (6,6
milímetros) e leve (145 gramas), embora mantenha a entrada específica dos fones
de ouvido. É muito cômodo de segurar.
Finalmente, o sistema operacional, a capa Android ColorOS, é muito intuitivo e
completo. Conta com inúmeras funções personalizáveis. Sobretudo um amplo
catálogo de gestos: basta aproximar o telefone da orelha para atender uma
ligação, virá-lo sobre a mesa para rejeitá-la e, quando no meio de uma conversa
afastamos o celular da orelha, ele passa automaticamente para o viva-voz. O
qual, diga-se de passagem, oferece um som claro e potente.
Depois está o modo simples, que reduz drasticamente o número de aplicativos na
tela, ao mesmo tempo em que aumenta enormemente o tamanho dos seus ícones. É
muito recomendável para pessoas com problemas visuais ou para quem não se dá
especialmente bem com a tecnologia e prefere ter só as funções essenciais à
vista. Também pensado para idosos ou pessoas dependentes, esse modo simples
conta com um botão SOS que pode ser configurado para que faça uma chamada aos
serviços de emergência ou a um número de telefone específico. Na China vemos
várias pessoas da terceira idade usando esse sistema.
AVALIAÇÃO E VEREDICTO
Relação preço/qualidade: 4 de 5
Design: 4 de 5
Inovação: 3 de 5
Manejo: 4 de 5
Extras: 4 de 5
Veredicto:
Recomendável
Apesar de lhe faltarem virtudes, é fácil se perguntar se elas bastam para fazer
do OPPO R9s o telefone chinês mais vendido. Sobretudo quando há aparelhos
concorrentes que superam amplamente as especificações desse smartphone por um
preço muito similar. Para citar dois exemplos lançados mais ou menos ao mesmo
tempo, o Xiaomi Mi Note 2 e o Xiaomi Mix contam com 2 GB de memória RAM a mais,
um processador bem mais potente (o Snapdragon 821) e o estímulo estético da tela
curva ou quase sem moldura. Mas não conseguem bater o R9s.
A razão deve ser procurada na estratégia comercial. A OPPO é especialmente
forte nos comércios tradicionais, ao passo que a Xiaomi vende sobretudo pela
Internet, e só no ano passado começou a inaugurar lojas físicas. Isso faz da
OPPO a líder indiscutível das zonas menos desenvolvidas da China, onde vivem
cerca de um bilhão de pessoas. Além disso, investe muito em publicidade e
estabeleceu uma boa imagem graças a um serviço pós-venda rápido e eficiente. A
Xiaomi, enquanto isso, vê seus números serem prejudicados pela dificuldade de
acesso aos seus aparelhos.
E a Huawei, que no primeiro trimestre deste ano foi a marca mais vendida da
China, com 18% de fatia de mercado, contra os 17% da OPPO, segundo a empresa
Canalys, tem um catálogo muito amplo para permitir que um de seus modelos
penetre entre os mais vendidos. De fato, a estratégia de concentrar os esforços
da empresa em um reduzido número de aparelhos se demonstra adequada para a OPPO
ano após ano, e nisso salta à vista sua semelhança com a Apple. Aliás, no que
se refere ao design do R9s, a semelhança com o iPhone também vai além do
razoável - El País.
Portal Carlos Magno
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