Nos momentos difíceis da crise institucional que o País atravessa, grupos equivocados ou oportunistas dos diversos matizes ideológicos correm para pregar possíveis saídas ou imaginárias soluções à margem das regras constitucionais. Sempre, naturalmente, à conveniência dos seus interesses escusos ou convicções mal interpretadas.
As propostas mais visíveis e barulhentas ressuscitam um conflito histórico dos anos 80 do século XX, que opôs a manutenção da intervenção militar, ou seja, a continuidade da ditadura, à realização de eleições diretas. Já.
Karl Marx dizia que a história acontece como tragédia e se repete como farsa. Se tinha razão o grande pensador, estamos assistindo a uma grotesca e desbalanceada farsa.
Grotesca, porque totalmente fora do contexto original, aplicada a uma realidade absolutamente diversa.
Desbalanceada porque só pode favorecer as forças sombrias do obscurantismo, representadas pelas viúvas, filhotes e netinhos da funesta ditadura militar implantada em 1964.
Pessoas de passado respeitável e presente comprometido com causas generosas e transformadoras, saem berrando em defesa de eleições diretas antecipadas, sem perceber que as forças realmente progressistas não têm nada a ganhar com soluções que, mesmo legais, teriam o carimbo comprometedor do casuísmo. Isso só acabaria por dar razão e abrir espaço para aqueles que, muito antigamente, eram chamados "vivandeiras dos quartéis". Uma posição tão atrasada e fora de rumo que não encontra guarida ou sequer provoca manifestações de simpatias nas forças armadas da ativa.
Felizmente para a democracia nenhuma dessas linhas triunfará. A Constituição brasileira que, nunca é demais repetir, precisa ser aprimorada em muitos pontos, é solida e flexível o suficiente para pautar a solução necessária, qualquer que seja o encaminhamento do processo político.
Nenhuma saída responsável para a crise pode abrir mão da mais estrita legalidade constitucional. Tudo o que está acontecendo no país se dá nos limites democráticos, não ameaçando mas, pelo contrário, fortalecendo a convicção de que a democracia, consolidada historicamente, e citando Marx mais uma vez, só permite que aconteçam problemas que ela própria pode resolver.
Deixemos, pois, que as instituições funcionem, com os seus erros e os seus acertos, mas prezando os valores maiores da democracia e da liberdade.
Essa é a grande contribuição que os atores do atual processo histórico poderão dar à construção do futuro que a nação quer, precisa e pode alcançar.
José Nivaldo Júnior
Portal Carlos Magno
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