Eu sei que, pelo estilo próprio de Ricardo Coutinho, ele não
acredita – nem admite – que o seu projeto de reeleição tenha uma grande
dependência política do posicionamento político do Senador Cássio Cunha Lima. Ricardo,
repito, não acredita nem admite, mas não consegue esconder, pelas atitudes dele
e de seu grupo.
Na semana passada Ricardo reuniu amigos e comemorou mais um aniversário.
A simples presença de um aliado foi o suficiente para ganhar o noticiário a
semana inteira. E quem estimulou esse noticiário foi a oposição? Não. Salvo algumas
declarações isoladas, a oposição se permitiu não comentar o assunto. Mas o
governador e seus aliados ocuparam a mídia a semana inteira.
E, se observarmos bem, o assunto também foi tratado nos oito
dias subseqüentes ao aniversário nos programas de rádio, nos sites e blogs e
nas colunas políticas dos jornalistas mais, digamos, ‘afinados’ com o palácio
da Redenção.
Ricardo Coutinho não consegue esconder a dependência política que tem de Cássio
Algumas declarações chegaram a ultrapassar a barreira da
lógica. Sobre os que torcem pela separação de Cássio e Ricardo, o
vice-governador Rômulo Gouveia disse que “receberam a resposta do povo”. Do
povo?
Estelizabel Bezerra disse que a presença de Cássio no
aniversário de Ricardo mostrou que, entre os dois, existe “diálogo e
reciprocidade” e que a aliança “será importante para o futuro da Paraíba, que
contempla 2018”. Reciprocidade? 2018? Vixe como foram longe... Seria um recado
para Cássio?
Agora voltemos um pouco no tempo. Há alguns dias o deputado
estadual Tião Gomes foi à imprensa dizer que a aliança de Ricardo com Cássio
tinha sido importante em 2010, mas que, para 2014, o governador não precisava
mais do apoio, visto que o seu governo, operoso como tal, por si só já
garantiria a reeleição do Mago.
No outro dia o escaldo foi Ricardo Barbosa, que tem o
agravante de ter sido auxiliar dos governos Ronaldo Cunha Lima, Cícero Lucena e
Cássio Cunha Lima. Aliado histórico e amigo da família Cunha Lima há anos,
Ricardo disse com todas as letras que RC tinha sido o governante mais operoso da
Paraíba, que mais investiu, que mais fez, que mais trabalhou, que mais...
mais... mais... e bota mais nisso, esquecendo os antigos aliados.
Tião Gomes, Ricardo Barbosa... puro jogo de cena. Embora, repito
pela terceira vez, Ricardo Coutinho não acredite nem admita a necessidade do
apoio de Cássio, mas não consegue esconder a dependência política que tem dele.
Por outro lado, coube ao deputado federal Ruy Carneiro, que
mesmo já demonstrando em recentes entrevistas ter mudado o tom do discurso em
relação a Ricardo – provavelmente de olho na vaga de senador numa eventual
chapa PSB-PSDB – a declaração mais ‘pé-no-chão’ de todas. Pelo que disse, Ruy
não quis agradar nem desagradar ninguém. Apenas ser realista.
Ruy afirmou que a simples ida de Cássio ao aniversário de Ricardo
significa o que realmente representa: uma participação em um evento social.
Nada mais. Ele disse que “ida a aniversário não é sinal obrigatório de
composição política” e que o assunto eleição só será discutido no ano que vem.
Não na festa de aniversário de alguém, mas nas discussões políticas internas do
PSDB.
Rui foi mais além e, mesmo sabendo do cacife político de
Cássio dentro do PSDB, afirmou que a decisão não caberá a Cássio, mas ao
partido. “Será o partido como um todo. Não é Cássio sozinho, nem Ruy sozinho,
como presidente, quem vai decidir”.
Agora, uma constatação e uma pergunta. A constatação: é
difícil para Ricardo esconder essa dependência política de Cássio, não? E a
pergunta: Ruy falou por si só? Alguém acredita?
Do Blog Carlos Magno