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09/06/2013

Uma análise de uma forrozeira sobre o Maior São João do Mundo: “festa elitizada, segregada e sem inovação”


Tem gerado comentários dos mais diversos nas redes sociais um artigo postado por uma forrozeira que se identifica como Gerlânia Melo, em seu Facebook. Ela faz uma análise do Maior São João do Mundo - edição 2013 e chega à conclusão de que o evento, este ano, não traz inovações e foi transformado em uma festa “elitizada, segregada e sem inovação”.

 
 
Veja o artigo, na íntegra:
 
 
 

 

O Maior São João do Mundo: quem te viu e quem te vê não te conhece mais

 

“... Quem é rico mora na praia, mas quem trabalha nem tem onde morar Quem não chora dorme com fome, mas quem tem nome joga prata no ar...” (Fagner).

 

Onde está o Parque que era do Povo? Nós, forrozeiros natos, esperamos pelo São João desde o encerramento do evento anterior, ansiosos ficamos pelas inovações, pelas surpresas, pelas atrações e, o comerciantes locais (de pequeno e grande porte), pela movimentação de capital extra na cidade, pelo lucro.

 

Muito me surpreendeu as alterações no Maior São João do Mundo 2013, das quais aprovei apenas, para não ser tão radical (ou, como dizem, do contra) a qualidade da sonorização. Busquei mudanças para elogiar e parabenizar a prefeitura, no entanto, infelizmente ainda não sou da classe mais favorecida da cidade, portanto, não as identifiquei.

 

A edição 2013 do evento junino foi simplesmente elitizada, do princípio ao fim, ELITIZADA. Vamos “começar do começo”... A segurança barra, rispidamente, a entrada de latinhas e garrafas [até de refrigerante], mas no interior da festa elas são facilmente encontradas e comercializadas; foi criado um espaço VIP à frente do Palco Principal com acesso a uma espécie de "aquário de vidro" reservado “aos grandes” e resumindo o espaço gratuito como também de camarote; as barracas ficaram lindas padronizadas, contudo, os preços altos e monopolizados só atendem às necessidades de turistas e... da elite paraibana, além disso me assustou a proibição da entrada dos ambulantes na festa, os poucos persistentes, conseguiram adentrar via ameaça de protesto; a grande novidade de alteração do layout rendeu um espaço desconecto, reduzido e, ainda como se não bastasse, escuro; as palhoças, ah as palhoças já ouvi tantas histórias a respeito daqueles espaços de dança... elas foram diminuídas e estão tão... “modernizadas” com estruturas meramente de metal, cadê as palhas que, por sinal, as peculiarizam?!

 

Acho que esperei demais de uma festa que, por sinal este ano, conta com o apoio também do Governo do Estado, esperei demais acreditando que, quanto maiores os patrocinadores, mais bonita a festa. Mas, por um momento, volto atrás, a festa realmente está belíssima e completa aos olhos da classe média alta, cada vez mais segregada pelo indicador social.

 

As indignações não se esgotaram. Como se não bastasse anunciar, erroneamente, a circulação dos ônibus a noite inteira (segundo populares presentes no local), quando na verdade estes só passariam até as 2:00 da manhã, fomos desrespeitados pelos funcionários do Terminal d Integração de Campina Grande.

 

Eram exatamente 1:50 da manhã (no meu relógio, 1:45 no marcador próximo) quando chegávamos na Integração e fomos surpreendidas com duas das três entradas com o terminal finalizadas e o terceiro sendo encerrado no momento. Questionamos e apenas o silêncio nos era a resposta acompanhado de traços visíveis de má vontade, os quais logo receberam a companhia do pessoal da polícia, somos bandidos então, ao reivindicarmos nossos direitos? [Preciso rever as leis...] Os ônibus se foram e, nós, junto a dezenas de pessoas "nos alojamos”, na chuva, nos arredores da integração, já que esta só reabriria às 4:00 com circulação dos transportes coletivos prevista para 5:00. Durante este tempo, as pessoas que estavam no interior do Terminal perguntavam aos policiais o porquê de não passar ônibus e a autoridade “gentilmente” respondeu: “ônibus agora só as 4:00 horas, por isso que é bom a gente sempre andar prevenido com um dinheirinho para o táxi”... Precisa falar mais alguma coisa acerca da elitização da festa? Uma pena que os registros foram apenas oculares, não tenho provas mas tenho palavras e liberdade de expressão para se fazer cumprir meus direitos de cidadã, e ainda a certeza de que a revolta não foi só minha.

 

Diante disso, se a realidade dos fatos permanecer de acordo com minhas observações, breve teremos uma adaptação da música do nosso ilustre Jackson do Pandeiro como novo hino para o Maior São João do Mundo:

 

“... Alô alô Maior São João do Mundo, quem te viu e quem te ver não te conhece mais, a nossa festa fica muito segregada, muito mais elitizada em cotas sociais...”

 

Do Blog Carlos Magno