O Bispo Diocesano de Campina Grande, Dom Frei Manoel Delson
Pedreira da Cruz, publicou artigo no Jornal da Paraíba neste último final de
semana fazendo um alerta para a crescente onda de violência. Segundo ele, os
sinais do crescimento da violência são vistos em todos os lugares, sobretudo
noticiados através dos meios de comunicação “e ninguém está blindado em não
sofrer os seus efeitos”.
Ainda de acordo com Manoel Delson, “a violência e sua
divulgação através dos meios de comunicação social repercutem em cada um,
fazendo aflorar medo, insegurança, insensibilidade, fechamento, endurecimento do
coração e aquela sensação de que essas tragédias humanas são “quase que
normais” e fazem parte do tecido da história”.
Dom Frei Manoel Delson é Bispo da Diocese de Campina Grande
Veja o artigo do Bispo de Campina Grande, na íntegra:
A violência embrutece
A violência crescente acorda dentro de cada um os
sentimentos mais diferentes. Diariamente todos sofrem o impacto dos crimes e
acidentes de todos os tipos, noticiados através dos meios de comunicação e
ninguém está blindado em não sofrer seus efeitos. Todo fato social gera impacto
no conjunto da sociedade. Não há como ser diferente. Tudo repercute sobre
todos. A ação de um indivíduo é de certo modo a ação do todo da humanidade. O
ser humano é interdependente.
A violência e sua divulgação através dos meios de
comunicação social repercutem em cada um, fazendo aflorar medo, insegurança,
insensibilidade, fechamento, endurecimento do coração e aquela sensação de que
essas tragédias humanas são “quase que normais” e fazem parte do tecido da
história. O perigo está em se acostumar com a violência e pensar que ela é a
lei que rege a sobrevivência humana: lutar e vencer, não importando os danos
que se possa fazer ao outro. Acolher o mundo da violência como sendo normal se
configura como a pior das tragédias. A banalização do mal está levando as
pessoas a enfrentá-lo com naturalidade, a ponto de concebê-lo sem indignação.
Como é danoso este modo de ver!
Aprendi que violência gera violência e que a Lei de Talião, “dente
por dente, olho por olho”, não é a solução. Toda vez que se combate o mal com o
mal, a maldade se propaga e se estabelece um círculo vicioso que só cresce. Num
ambiente assim, o resultado é sempre negativo. É uma onda de energia que
transforma o homem, deixando-o pior, embrutecido, cheio de sentimentos
contraditórios de ódio, vingança e necessidade de fazer justiça com as próprias
mãos. Assim, a estatística dos crimes só pode aumentar.
A sociedade brasileira sofre penosamente com uma legislação viciada
e com o descrédito dos poderes, que lutam entre si e não cumprem de modo
satisfatório suas funções constitucionais. Ora, a fraqueza dos poderes dá força
aos grupos organizados, que procuram tirar proveito da situação. Ir às ruas,
expressar sua indignação, mostrar sua cara e gritar é direito do povo. No
entanto, quem age com violência perde o direito, até mesmo a polícia.
Tantos perguntam: meu Deus, onde tudo isso vai parar? Para
quem entra na escalada da violência é fácil perceber onde vai parar: na morte
violenta. No entanto, quem procura viver na paz, na concórdia, agindo sempre de
forma positiva, combatendo o mal com o bem, adotando o estilo de Jesus Cristo,
de Gandhi e de tantos outros, vai poder construir um mundo melhor de paz e
desfrutar da alegria de uma vida nova.
Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz
Bispo de Campina Grande
Do Blog Carlos Magno