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19/02/2014

Em artigo, Bispo de Campina Grande alerta: “violência gera “medo, insegurança, insensibilidade, endurecimento do coração”


O Bispo Diocesano de Campina Grande, Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, publicou artigo no Jornal da Paraíba neste último final de semana fazendo um alerta para a crescente onda de violência. Segundo ele, os sinais do crescimento da violência são vistos em todos os lugares, sobretudo noticiados através dos meios de comunicação “e ninguém está blindado em não sofrer os seus efeitos”.

 

Ainda de acordo com Manoel Delson, “a violência e sua divulgação através dos meios de comunicação social repercutem em cada um, fazendo aflorar medo, insegurança, insensibilidade, fechamento, endurecimento do coração e aquela sensação de que essas tragédias humanas são “quase que normais” e fazem parte do tecido da história”.


 Dom Frei Manoel Delson é Bispo da Diocese de Campina Grande


Veja o artigo do Bispo de Campina Grande, na íntegra:

 

A violência embrutece

 

A violência crescente acorda dentro de cada um os sentimentos mais diferentes. Diariamente todos sofrem o impacto dos crimes e acidentes de todos os tipos, noticiados através dos meios de comunicação e ninguém está blindado em não sofrer seus efeitos. Todo fato social gera impacto no conjunto da sociedade. Não há como ser diferente. Tudo repercute sobre todos. A ação de um indivíduo é de certo modo a ação do todo da humanidade. O ser humano é interdependente.

 

A violência e sua divulgação através dos meios de comunicação social repercutem em cada um, fazendo aflorar medo, insegurança, insensibilidade, fechamento, endurecimento do coração e aquela sensação de que essas tragédias humanas são “quase que normais” e fazem parte do tecido da história. O perigo está em se acostumar com a violência e pensar que ela é a lei que rege a sobrevivência humana: lutar e vencer, não importando os danos que se possa fazer ao outro. Acolher o mundo da violência como sendo normal se configura como a pior das tragédias. A banalização do mal está levando as pessoas a enfrentá-lo com naturalidade, a ponto de concebê-lo sem indignação. Como é danoso este modo de ver!

 

Aprendi que violência gera violência e que a Lei de Talião, “dente por dente, olho por olho”, não é a solução. Toda vez que se combate o mal com o mal, a maldade se propaga e se estabelece um círculo vicioso que só cresce. Num ambiente assim, o resultado é sempre negativo. É uma onda de energia que transforma o homem, deixando-o pior, embrutecido, cheio de sentimentos contraditórios de ódio, vingança e necessidade de fazer justiça com as próprias mãos. Assim, a estatística dos crimes só pode aumentar.

 

A sociedade brasileira sofre penosamente com uma legislação viciada e com o descrédito dos poderes, que lutam entre si e não cumprem de modo satisfatório suas funções constitucionais. Ora, a fraqueza dos poderes dá força aos grupos organizados, que procuram tirar proveito da situação. Ir às ruas, expressar sua indignação, mostrar sua cara e gritar é direito do povo. No entanto, quem age com violência perde o direito, até mesmo a polícia.

 

Tantos perguntam: meu Deus, onde tudo isso vai parar? Para quem entra na escalada da violência é fácil perceber onde vai parar: na morte violenta. No entanto, quem procura viver na paz, na concórdia, agindo sempre de forma positiva, combatendo o mal com o bem, adotando o estilo de Jesus Cristo, de Gandhi e de tantos outros, vai poder construir um mundo melhor de paz e desfrutar da alegria de uma vida nova.

 

Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz

Bispo de Campina Grande

 

Do Blog Carlos Magno