O Prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues entra em seu
segundo ano de mandato enfrentando greves sucessivas na Saúde, Educação e em
outras áreas da administração municipal. Para um gestor que foi eleito, no ano
retrasado, sob o manto da inovação, prometendo inovar em tudo na cidade,
podemos dizer que, no item relação com os servidores, a inovação foi mal
interpretada.
Se compararmos com a gestão passada, por exemplo, a primeira
greve enfrentada pelo ex-prefeito Veneziano só ocorreu no último ano de seu
primeiro mandato. Romero entra no seu segundo ano já amargando algo em torno de
dez paralisações. Os servidores reclamam que a situação piorou, sob diversos
aspectos.
No caso da Saúde, a área em que há o maior número de
reclamações e o maior número de greves já computadas, o ‘calo’ chama-se Plano
de Cargos, Carreira e Remuneração. Aprovado em 2011, o PCCR da Saúde entrou em
vigor em março de 2012, passando a ser cumprido pela administração Veneziano.
Ao assumir a Prefeitura, Romero mandou suspender o Plano, causando
surpresa aos servidores. Porém, depois veio o argumento: segundo Romero, o plano
foi mal elaborado e merecia ‘ajustes’. Um ano e três meses depois, os prometidos
‘ajustes’ não foram feitos e os servidores estão prejudicados, pois estão
recebendo seus vencimentos sem os benefícios do PCCR da gestão passada.
Outro fator que mancha a gestão Romero é o da palavra
empenhada. Aliás, palavra não, assinatura empenhada. Ele assinou um documento,
durante audiência feita pelo Sintab com os candidatos à prefeitura, na eleição
de 2010, se comprometendo em atender as reivindicações da categoria. Na época,
a então candidata do PMDB, Tatiana Medeiros, disse que antes de assinar
precisava ler e estudar o documento. Romero não quis saber e assinou na hora.
Mais precavida, Tatiana levou o documento para casa,
estudou, propôs modificações, marcou novo encontro com o Sintab e, só assim, o
assinou. Romero, que assinou de pronto, não cumpriu. O que pode se tirar desse
fato? Que para se eleger vale tudo?
Mas o pior é que a Prefeitura tem adotado uma posição
radical no que se refere às paralisações. Nesta última greve da Saúde ocorreu
assim: em novembro o Sintab emitiu o primeiro de uma série de ofícios à prefeitura,
alertando para a necessidade de uma mesa de negociações e afirmando que, caso
prefeitura e servidores não sentassem para negociar até o mês de março, a greve
seria inevitável.
De lá pra cá, segundo a entidade, foram vários ofícios.
Todos, sem que o prefeito se dignasse sentar com a representação dos
servidores. Resultado: março chegou e a prometida greve também. Eis que para a
surpresa dos servidores, no dia seguinte à paralisação, a Prefeitura ingressou
na Justiça com um pedido de ilegalidade do movimento.
Ou seja: a prefeitura, esse tempo todo, não tinha interesse em
sentar com os servidores, pois já estava com a Ação pronta. Tanto que em menos
de 24 horas após o início da greve o documento já aportava no Tribunal de
Justiça da Paraíba. Dialogar? Como, se não deu tempo nem de dizer um ‘ai’?
Pra completar, não dá para entender o discurso da Prefeitura
de Campina em relação às greves. É que, ao ingressar na Justiça, a prefeitura
diz que há abuso do direito de greve por parte dos servidores, pois o movimento
está prejudicando a população, que fica sem acesso aos serviços essenciais.
Este fato é determinante para a decretação da ilegalidade de qualquer movimento
paredista.
Por outro lado, o prefeito, o vice e os auxiliares se
utilizam dos espaços na imprensa para desmerecer o movimento, afirmando que ele
é mínimo, não atinge a grande maioria das unidades de saúde e que a população nem
está sentindo a greve. Quem fala a verdade? A prefeitura que vai à Justiça ou a
prefeitura que vai à mídia? Vai ver, inovação é isso...
Do Blog Carlos Magno