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05/04/2014

Na homilia da ressurreição de Lázaro, Pe Márcio lembra que tudo ocorre “no tempo de Deus”, não quando queremos


O Padre Márcio Henrique Mendes Fernandes, Vigário Geral da Diocese de Campina Grande e pároco da Catedral de Nossa Senhora da Conceição destacou na noite deste sábado (05), durante celebração da Santa Missa, o significado do Evangelho deste domingo (06), que fala da ressurreição de Lázaro (Evangelho de João). Segundo ele, como na ressurreição de Lázaro, as coisas só ocorrem no tempo de Deus, não no nosso.

 

“Neste domingo o Evangelho nos apresenta Jesus como a nossa ressurreição e a nossa vida. Não metafórico, figurado, mas verdade. Jesus diz que é a ressurreição e a nossa vida, é a realização das promessas do Antigo Testamento, o sonho do Pai Eterno para nós”, afirmou Pe Márcio.

 

Segundo ele, em Jesus cumpre-se a promessa que está no livro do Profeta Ezequiel, uma profecia que se tornou realidade. “Com Jesus somos arrancados das sepulturas desta vida entre nós e em nós é colocado o seu espírito. Ele derrama em nós seu espírito e nos vivifica. É o que diz Ezequiel. Jesus é a própria ressurreição, a própria vida, plena, divina, eterna, e que nós já experimentamos dessa vida, quando fomos batizados”.


 Padre Márcio Henrique lembrou que as coisas ocorrem no 'tempo de Deus', não no nosso tempo


Pe Márcio lembra que Jesus nos dá dessa vida plena, divina, eterna. “Em Jesus a nossa caminhada aqui não termina no absurdo, no vazio. Tem muita gente por aí que imagina assim. Terminou aqui, não há mais nada. Nós temos essa promessa desde as profecias do Antigo Testamento. Com Jesus não caímos no absurdo, vamos para a plenitude, para a glória. Mas sem ele, tudo o que vivemos terminaria em nada, no aniquilamento”.

 

“Queremos Jesus já, no nosso tempo” – Pe Márcio lembra que Jesus se apresenta para nós como a própria vida. “Essa busca do sentido para a vida hoje é apresentada por Jesus. No Evangelho de hoje é o próprio Jesus que nos fala, é a vida que nos fala. Então, vamos deixar Ele mesmo nos ensinar sobre como é viver de verdade”.

 

Citando o Evangelho de João, o pároco lembra que Lázaro morreu e suas irmãs estavam desesperadas, chorando, implorando a vinda de Jesus. “Mas vimos que Ele demorou, não vai de imediato. Está no Evangelho. Jesus demora. Será que na nossa vida nós já passamos por essa experiência, de querer Jesus no nosso momento? Será que já passamos por esta experiência desesperada de dizer que queremos Jesus aqui, agora, para resolver determinada situação?”, questiona.

 

Ele lembra que, muitas vezes, dizemos: ‘Senhor, se estivesses aqui. “Quantas vezes já reclamamos: por que o Senhor não viu isso? É difícil perceber que os caminhos do Senhor são outros, os tempos, os modos de Ele agir são outros, não obedecem às nossas regras, são totalmente diferentes. Jesus simplesmente disse naquela hora de aperreio tão grande: ‘essa doença não leva à morte, ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela’. Veja quanta serenidade”.

 

Deus não interfere - Pe Márcio lembra que Jesus era muito amigo de Lázaro, de Maria e de Marta. Mesmo assim, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou ainda dois dias aonde estava. “Tanta amizade que Jesus tinha, mas Ele não sai desesperado. Exatamente porque a forma de Deus agir é diferente”.

 

Segundo o Evangelho, Jesus sentiu profundamente a morte de Lázaro, pois estremeceu por dentro, chorou. “Acho que não tem no Evangelho outra expressão mais forte que esta, de dizer que Jesus chorou a morte de Lázaro. Mas não impediu a sua morte. Exatamente por isso: Deus não impede o curso natural da história. Jamais vamos compreender o modo de agir de Deus. Jamais vai entrar na nossa cabeça a compreensão total desse modo de Deus agir. Mas Ele age, não nos abandona, é fiel, se preocupa conosco, conhece nossa dores”.

 

Pe Márcio lembra outro trecho do Evangelho: ‘se creres, mesmo que não entendamos bem os fatos, veremos a glória de Deus’. “Se vocês acreditam, tem fé, vão ver a glória de Deus. Em tudo no mundo, em toda a nossa vida, seremos glorificados”.

 

Depois, ele lembra que Jesus consola Marta e Maria, lhes prometendo a ressurreição. “Como todo Judeu, elas dizem que Lázaro vai ressuscitar no final dos tempos. Só que Jesus faz uma revelação para aquelas mulheres: ‘Eu sou a ressurreição e a vida’. São palavras muito fortes. Aquilo que elas esperavam para o final dos tempos, algo que elas não visualizavam, Jesus diz: ‘a ressurreição e a vida são uma pessoa, Jesus’.

 

Partindo desse princípio, Pe Márcio afirma que a ressurreição tem coração, tem rosto, tem voz e tem amor sem fim, não é algo vazio. “Foi isso o que Jesus quis dizer: ‘Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá’. Eu entendo que Ele está dizendo que é Ele mesmo quem vem nos buscar. É na força Dele que seremos erguidos da morte”.

 

Semana Santa - Pe Márcio lembra que estamos próximos da celebração da Páscoa de Jesus. “Nunca esqueçamos que é para que tenhamos vida que Jesus se entregou por nós. É por isso que vamos celebrar esta Semana Santa. Jesus morreu na carne, mas foi vivificado no Espírito Santo pela sua ressurreição. E, ressuscitado, Jesus derramou seu espírito sobre nós. Quer dizer, em nós já tem a semente da vida eterna”.

 

Em outras palavras, Pe Márcio diz que, antes de chegar na plenitude, já experimentamos a eternidade. “É se alegrar antecipadamente com aquilo que ainda não chegou em plenitude. A maior esperança que nós temos é que, um dia, vamos todos ressuscitar. Sempre que lhe perguntarem se você tem essa esperança, diga que sim e que tem certeza de que já possui essa ressurreição. Quem foi batizado já tem como garantia, dentro de si, o Espírito Santo, esse Espírito que nos deu vida nova”.

 

E finaliza pedindo aos fiéis que observem bem o que decidimos fazer nesta Quaresma. “Observem os exercícios quaresmais que fizemos, combatendo os vícios, fazendo abstinência de carne, reduzindo alimentos de outra natureza. Quantas pessoas rezaram mais, se confessaram, em preparação para a grande semana. Toda essa observância quaresmal só terá sentido se for para preparar o nosso coração para celebrar a Santa Páscoa. A de Jesus e a nossa. Só tem sentido se for para isso. Amém”.

 

Do Blog Carlos Magno, com PascomCatedral