As articulações do senador Cássio Cunha Lima para entabuar a
candidatura do PSDB ao Governo do Estado nas eleições deste ano estão obrigando
o tucano a se desfazer de dois grandes, históricos e tradicionais aliados
políticos: Rômulo Gouveia e Cícero Lucena. E tudo isso em nome do
fortalecimento da chapa, diante das dificuldades que enfrentará.
Cássio sabe que, nas eleições em que saiu vitorioso ao
Governo do Estado, teve trabalho para vencer José Maranhão e Roberto Paulino.
Mesmo, em uma delas, estando à frente do Palácio da Redenção e disputando a
reeleição. Pior será agora, quando vai ter que enfrentar Ricardo Coutinho
sentado na cadeira de governador e, ao mesmo tempo, a candidatura de Veneziano,
o que levou a Paraíba a ter, pela primeira vez em sua recente história política,
três fortes candidatos ao governo.
Outro fator é que Cássio, sem a garantia jurídica de que
poderá ser mesmo candidato a governador, sabe que, ao sacar um substituto,
dificulta ainda mais a vitória tucana. Mesmo que este substituto seja o irmão,
Ronaldo Cunha Lima Filho, que num ato impensado e imaturo declarou à imprensa o
que deveria ficar apenas entre eles: que não assumirá mais a Prefeitura de
Campina Grande até a eleição, para não se tornar inelegível.
Para garantir o maior poderio político possível, Cássio
precisava das vagas de senador e de vice na chapa do PSDB para negociar com os
partidos. Absolutamente normal, claro. Com isso, o primeiro defenestrado foi o
atual vice-governador Rômulo Gouveia, que vê o cavalo passar selado para
levá-lo ao Senado e não quis, desta vez, abrir mão novamente de seu projeto
pessoal. Declaração de Rômulo esta semana de que já renunciou demais em sua
vida e que, agora, “arranjem outro para renunciar”, serviu para ilustrar o
atual sentimento do gordinho.
A bola da vez agora é Cícero, que deve, também, sobrar na
curva. Diferente de Rômulo, que é presidente de um partido político – o PSD – e
tem, portanto, vida própria na negociação política, Cícero está a reboque de
Cássio. A única coisa que ele pode fazer, neste momento, é o que fez: ir a
público cobrar lealdade de Cássio.
Porém, a lealdade parece que não virá. Tanto que Cássio
estreita as conversas com Wellington Roberto (PR) e Wilson Santiago (PTB) para
compor a sua chapa, o que gerou a ira de Cícero: “Minha história política vale
mais que 40 segundos de tempo de televisão”, afirmou ele em entrevista
concedida em Campina Grande, referindo-se ao tempo que Cássio poderá auferir,
com as negociações.
Mas Cícero poderia ser vice de Cássio? Não. Porque Cássio também
está negociando a vice. E o indicado pode ser Ruy Carneiro. Isso mesmo. Cássio
negocia até mesmo dentro do partido, para que Ruy abra mão de sua candidatura à
reeleição para a Câmara dos Deputados, seja o vice do PSDB e disponibilize seus
municípios para negociações com deputados que, para anunciar apoio, querem a
garantia de uma reeleição bem pavimentada, a exemplo de Damião Feliciano,
Efraim Filho, Leonardo Gadelha, e outros que estejam abertos a esse tipo de
negociação.
Então Cícero poderia ser deputado federal, com a garantia de
Cássio de se esforçar para a sua eleição. Também não. Como deputado federal, Cícero
também atrapalharia esse jogo, pois retirar Ruy Carneiro da disputa pela Câmara
e colocar Cícero, seria, para Cássio – e para os deputados que Cássio quer
atrair – trocar seis por meia dúzia. Diante deste cenário, restaria ao
‘Caboclinho’ disputar a Assembleia Legislativa.
Aceitaria? Ou será que Cícero, que entrou na política pelas
mãos de Ronaldo, sairia dela pelas mãos do filho do poeta?
Jônatas Frazão, especial para o Blog Carlos Magno