Na época em que havia uma queda de braço entre os deputados
estaduais de oposição e de situação na Assembleia Legislativa da Paraíba sobre
a aprovação ou não do empréstimo de R$ 150 milhões para a Companhia de Água e
Esgoto da Paraíba – Cagepa, o governo utilizou o discurso de que o empréstimo
seria a redenção do órgão, que estava em vias de ser inviabilizado.
O empréstimo foi aprovado e, logo em seguida, veio o anúncio,
de forma inesperada, claro, de que as conta de água seriam reajustadas a partir
de dezembro em 8,67%, perfazendo um total de 33,29% de aumento só no governo
Ricardo Coutinho. Sim, aquele mesmo que, na campanha, prometeu acabar com os
sucessivos aumentos, alegando que a companhia já faturava demais para penalizar
ainda mais os consumidores.
Presidente da Cagepa, Deusdete Queiroga Filho, mudou o tom do discurso
Neste aspecto, até que Ricardo Coutinho tinha razão, pois a
Cagepa fatura muito bem mesmo. Segundo estudos realizados por entidades que
atuam na área de saneamento, a Cagepa tem o 14º maior faturamento dentre as concessionárias
de água e esgoto do país. Só em 2012 o faturamento da empresa chegou a R$
516.870.000.000.
Mas a má qualidade do serviço prestado pela Cagepa aos consumidores,
mesmo cobrando taxas altíssimas para os padrões da economia paraibana, era
atribuída à necessidade de se fazer o empréstimo. O próprio governador disse
que, com os R$ 150 milhões, a Cagepa iria deixar de pagar juros de uma dívida
que inviabilizava investimentos e melhoria da qualidade do serviço.
A duras penas os deputados foram na conversa do governo e
aprovaram o empréstimo. O tempo passou e os paraibanos continuam a amargar os
mesmos problemas. Em algumas regiões do estado a situação até piorou, pois a qualidade
da água caiu assustadoramente. Recentemente, nem a capital João Pessoa escapou
da queda na qualidade dos serviços, pois a Cagepa passou a oferecer uma água
com péssimo odor, o que gerou críticas dos consumidores e cobranças de
explicações.
Questionado há poucos dias por um jornalista sobre o que o
governo fez com o dinheiro do empréstimo, alegando que o tempo passou e nada mudou
na companhia, se não para pior – o presidente da Cagepa, Deusdete Queiroga
Filho, contestou o discurso do próprio governo do qual faz parte, utilizando na época para forçar a aprovação do empréstimo, e disse que o fato nada tinha a ver com a melhora dos
serviços da empresa.
“A questão do empréstimo não tem uma relação direta com a
prestação do serviço. Em momento algum, durante a questão do empréstimo, se atrelou
a questão da falta de água, por exemplo, ou da qualidade do que é oferecido à
população”, afirmou Deusdedit. Pois é. Agora que Inês é morta...
Mas acho que o governo deve uma explicação à sociedade sobre
o rumo que tomaram os R$ 150 milhões e se o empréstimo tinha mesmo a intenção de
melhorar a vida dos consumidores da Cagepa, como afirmou o governo antes da
aprovação; ou se não, como afirma o governo agora.
Do Blog Carlos Magno