A Paraíba está dividida entre os que acreditam que Cássio é
elegível e poderá disputar o Governo do Estado este ano; e os que não acreditam
nesta possibilidade. De paraibanos que vivem a política no sangue, viramos um
monte de rábulas a palpitar sobre a elegibilidade do tucano. Alguns eivados de
paixão, outros nem tanto. Mas, todos tem sua opinião formada.
A minha é de que Cássio não poderá ser candidato e que
chegará o momento em que isto será posto. O problema é que esta certeza só
teremos em julho, depois que o PSDB apresentar, em convenção, a candidatura do
tucano, o que será, aos olhos da Justiça, o ‘fato concreto’ que poderá ensejar
uma resposta, inicialmente do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.
Mas TRE não dará apalavra final. Se o órgão disser que
Cássio é inelegível, ele recorrerá. Se não, os adversários recorrerão. Depois
vem o TSE, até desaguar no Supremo Tribunal Federal. Nota-se, portanto, que
haverá ‘via crucis’ para Cássio, qualquer que seja a decisão inicial. Esse
tempo será suficiente para Cássio fortalecer a chapa.
Cássio Cunha Lima tem problemas para garantir sua elegibilidade nas eleições da Paraíba
Primeiro porque ele sabe que até as convenções nada o
impedirá de dizer que é Ficha Limpa e que poderá ser candidato. Segundo, porque
depois da convenção também poderá posar de elegível, pois o caminho ao Supremo
é longo e cansativo, o levando até a
campanha propriamente dita.
Cássio, sabedor de que não poderá levar adiante a sua
candidatura, vai tentar fortalecer ao máximo a sua chapa, para, no momento da
saída, ela estar fortalecida. Isso explica, por exemplo, o fato de ele ‘rifar’
a vaga de Cícero na chapa em busca dos míseros 35 segundos do tempo de
televisão oferecidos pelo PTB de Wilson Santiago, segundo levantamento do tempo
de rádio e TV que o TRE-PB divulgou esta semana.
E esse tempo é tão importante que fará, por exemplo, com que
Cássio entre de braços dados em Campina Grande com o ‘Inimigo de Campina’. Foi
assim que Cássio, durante anos, tratou Wilson Santiago, ao condenar projeto de autoria
do filho de Uiraúna que subtraiu parcela considerável do ICMS da cidade, o tão
famoso projeto de redistribuição do ICMS. Lembram?
Cássio sabe que terá na aliança PMDB-PT, com Veneziano e
Lucélio, um concorrente forte no guia eleitoral. É que, segundo os mesmos dados
do TRE-PB, só esses dois partidos, juntos, terão 5 minutos e 18 segundos (2 min
e 56 seg do PT e 2 min e 22 seg do PMDB). E, a depender da união de outros
partidos, Veneziano poderá ter praticamente metade do tempo total de 16 minutos
e 40 segundos disponibilizados pela Justiça Eleitoral para a propaganda.
Agora, uma perguntinha que deveria ser feita a Wilson
Santiago: ele aceitaria ser candidato a senador numa chapa com Ronaldinho ou
Ruy Carneiro candidato a governador? Claro que não. Wilson é matuto, mas não é
besta. Por isso Cássio insiste numa elegibilidade capenga, para segurar quem poderia
ser ‘insegurável’ e manter a pose para, quando entregar a chapa ao real
postulante, essa chapa estar forte.
Ele sabe de suas limitações e sabe que os prováveis aliados
não aceitariam se ele, agora, dissesse a verdade. Nem precisava dizer toda a
verdade. Se ele dissesse, pelo menos, que, em caso de impossibilidade, o candidato
seria outro, os ratos pulariam fora do barco mesmo sem a tempestade chegar. Uma
coisa não se pode deixar de reconhecer: esse Cássio é inteligente, viu!
Jônatas Frazão, professor aposentado da UFPB, especial para o Blog Carlos Magno