O jornalista Rubens Nóbrega denuncia em sua coluna,
publicada na edição desta quarta-feira (18) no Jornal da Paraíba, a existência
de um comércio de pesquisas eleitorais fraudadas para beneficiar candidatos.
Segundo ele, existe um “comércio despudorado de pesquisas eleitorais fraudadas,
feitas por encomenda ou compradas depois de feitas para dar um grau nesse ou
naquele candidato que anda mal das pernas e de intenções de voto”.
Rubens Nóbrega dá detalhes de como funciona o comércio de
pesquisas, apontando como o candidato compra a pesquisa e a estratégia
utilizada. “Segundo colocado na preferência do eleitorado, certo candidato
fecha a compra do material com o vendedor e acerta uma estratégia segundo a
qual na primeira pesquisa divulgada ele, o comprador, pode aparecer com cerca
de 20 pontos percentuais abaixo do primeiro”.
Rubens Nóbrega denuncia "comércio despudorado de pesquisas eleitorais fraudadas"
Depois, segundo o jornalista, na segunda pesquisa “o cara
sobe uns cinco pontos e o líder cai mais ou menos o mesmo tanto. Na terceira, dá
empate técnico”, afirma ele. “Desse jeito, o aparente crescimento cria onda,
faz com que muita gente boa não apenas acredite que malandragem é realidade e a
reversão de quadro é perfeitamente possível. Em outras pessoas, talvez ainda
mais crédulas, a manha com artimanha, engenho e arte dá a impressão de que o
segundo não apenas cresceu como ao chegar o dia da eleição já terá passado
tranquilamente o primeiro”.
Confira a coluna de Rubens Nóbrega, na íntegra:
PESQUISA DE ENCOMENDA
Não tem lei no mundo, Ministério Público ou Justiça
Eleitoral que empate o comércio despudorado de pesquisas eleitorais fraudadas,
feitas por encomenda ou compradas depois de feitas para dar um grau nesse ou
naquele candidato que anda mal das pernas e de intenções de voto. Para tanto,
as pesquisas corrompidas devem lembrar a seus compradores aquela antiga publicidade
de lâmina de barbear que dizia assim: “A primeira faz tchan, a segunda faz
tchun e a terceira... Tan-tan-tan-tan!”.
Vamos ver como funciona? Vamos lá, então. Segundo colocado na
preferência do eleitorado, certo candidato fecha a compra do material com o
vendedor e acerta uma estratégia segundo a qual na primeira pesquisa divulgada
ele, o comprador, pode aparecer com cerca de 20 pontos percentuais abaixo do
primeiro.
Essa é a que faz tchan. Mas na segunda pesquisa, a do tchun,
o cara sobe uns cinco pontos e o líder cai mais ou menos o mesmo tanto. Na
terceira, a do tan-tan-tan-tan, dá empate técnico.
Desse jeito, o aparente crescimento cria onda, faz com que
muita gente boa não apenas acredite que malandragem é realidade e a reversão de
quadro é perfeitamente possível. Em outras pessoas, talvez ainda mais crédulas,
a manha com artimanha, engenho e arte dá a impressão de que o segundo não
apenas cresceu como ao chegar o dia da eleição já terá passado tranquilamente o
primeiro.
Evidente que a bilontra, como toda ela, tem seus riscos. O procedimento
pode ter furos que se vierem a ser descobertos vão desmoralizar de vez a imagem
do ‘instituto de pesquisa’, inutilizando a serventia do seu próprio instrumento
de aferição da tendência do eleitorado. Dando zebra, por sua vez os culpados perdem
o investimento e sofrem castigo extra. Ficam de cartaz manchado e reputação
comprometida, se é que têm alguma.
Se acontecer, pode apostar que é gol contra, verdadeiro tiro
no pé do (a) mala. Mas isso tem pouca ou nenhuma importância para quem pratica
tamanha safadeza sem recurso a qualquer disfarce. Tem gente fazendo isso sem a
menor cerimônia, sem um pingo de ética, sem um tico de seriedade. Pra quem faz,
o que vale é faturar e prestar um serviço a essa ou aquela candidatura com
chance não apenas de virar o jogo como se manter no poder ou de mantê-lo em
perspectiva.
NÃO FOSSE A COPA...
A gente só não está vendo mais pesquisas de arrumação com
tanta intensidade e frequência porque está rolando a bola do mundo no Brasil.
Seleção, Neymar & Cia têm galvanizado as atenções e os comentários nas
rodas de papo, nos senadinhos, nas redações e espaços da mídia em suas diversas
modalidades, da mais tradicional (rádio, jornal, tevê...) à mais concorrida
rede social na Internet (facebook, twitter...). E juro que usei o verbo
galvanizar sem nenhuma intenção de trocadilho ou referência ao famoso narrador
da Globo.
Bem, mesmo assim, mesmo com tudo girando neste momento em
torno e função do Mundial de Futebol, vez por outra a gente se depara com
pesquisas claramente ajeitadas para favorecer a quem chegou junto para negociar
e manipular os resultados a seu favor. Como razoável caçador e denunciador de
mutretas em geral e maracutaias em particular, recomendo a tod@s uma zapeada
por blogs, portais e colunas na Internet, além de ouvir rádio ou assistir a
programas de televisão. Não vai ser difícil encontrar desavergonhados postos a
serviço ‘da causa’ de quem pode mais e chora menos por ter grana alta para tentar
engabelar eleitor que tem na conta de besta.
Do Blog Carlos Magno, com Jornal da Paraíba