"Ele me machucou muito. Enquanto o PM me estuprava,
minha cabeça batia no vidro da viatura. O outro policial só dirigia como se
nada estivesse acontecendo. Eu já chorei demais". Esse é o desabafo da
jovem de 19 anos que afirma ter sido estuprada dentro de uma viatura por
policiais militares em Praia Grande, no litoral de São Paulo. A vítima
conversou com o G1 na última sexta-feira (14) e contou detalhes sobre o
ocorrido.
Conforme conta, ela voltava da festa de uma amiga quando
pediu ajuda a dois policiais, perguntado onde encontrava um ponto do ônibus.
"Eu estava vindo de outra cidade e tinha perdido o ponto de descida em São
Vicente, onde moro. Então tive que descer em Praia Grande, por isso pedi
ajuda".
De acordo com a jovem, nesse momento, os policiais
ofereceram carona até o Terminal Rodoviário Tude Bastos, na mesma cidade,
afirmando que seria mais fácil para ela conseguir pegar um ônibus. "Eu
aceitei. Nunca esperei que uma pessoa que deveria garantir a minha segurança
poderia fazer isso comigo”, diz.
Violência
A menina relata que sentou no banco de trás da viatura e um
dos policiais sentou ao seu lado. Com o carro em movimento, ela conta que ele
começou a puxar seu cabelo para que ela o beijasse. De acordo com ela, pelo
agressor ser policial, as pessoas duvidam de seu depoimento.
"Ele abriu as calças, com a arma na cintura, e forçou a
minha cabeça para que eu fizesse sexo oral nele. Depois me jogou no banco e me
violentou sexualmente, sem camisinha. Eu falava que não queria e ele
continuava. Senti muito medo e fiquei sem reação", diz.
A jovem relata que ficou em estado de choque quando o
policial parou de abusar sexualmente dela. “Me deixaram na rodoviária como se
nada tivesse acontecido”. Com medo, ela afirma que saiu sem olhar para trás e
acabou esquecendo o celular no banco da viatura. "Ele ainda teve coragem
de perguntar se estava tudo bem. Eu só queria ir embora", acrescenta.
Investigação
O caso foi registrado na Delegacia Sede da cidade e será
investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Os agentes envolvidos no
ocorrido negam o crime.
"Ninguém trata como um abuso porque ele é um policial,
mas não deveria ser assim. Quando fui na delegacia prestar depoimento, ele
ainda teve coragem de olhar para mim, com os braços cruzados, e riu
ironicamente", conta a jovem.
Conforme explica, mesmo sendo pressionada pelos
investigadores e advogados do policial a não divulgar o ocorrido, ela resolveu
falar para que isso não aconteça com outras mulheres.
“Isso pode acontecer com outras meninas, se já não
aconteceu. Se eu tivesse respondido na hora, ele poderia até ter me matado e me
jogado no mato, ninguém iria saber. Eu não quero que isso aconteça com mais
ninguém. Por isso não vou me calar", finaliza.
O G1 entrou em contato com a Polícia Militar para obter um
posicionamento da corporação sobre o caso e, em nota, a PM informou que
instaurou Inquérito Policial Militar para apurar os fatos e que está buscando
provas testemunhais, além de verificação de imagens do videomonitoramento da
prefeitura de Praia Grande e do shopping onde os patrulheiros estavam próximos,
estacionados em viatura – G1.
Carlos Magno
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