VEJA VÍDEO: Sorteio define ‘contemplado’ em ‘consórcio’ para receber propina paga mensalmente por prefeito a 15 vereadores
Todos os 15 vereadores da Câmara Municipal de Coari, a 363
km de Manaus, são suspeitos de participar de um esquema de corrupção e alvos de
investigação do Ministério Público do Amazonas (MPAM).
A investigação foi aberta após o "mensalinho" ser
denunciado em um vídeo feito em 2017 e entregue ao órgão. No vídeo, os
vereadores sorteiam o nome que será "premiado" com uma quantia em
dinheiro (veja acima).
De acordo com a denúncia, o sistema de entregar o dinheiro a
um vereador aleatoriamente era uma forma do prefeito do município, Adail Filho
(PP), "controlar" a casa - uma mesada de R$ 10 mil que os
parlamentares recebiam da Prefeitura de Coari.
Segundo a investigação, os sorteios aconteciam com
frequência e eram filmados pelos próprios parlamentares para evitar fraudes.
"Era para dar garantia de que não havia boicotagem,
então nós fazíamos ali", disse o vereador cassado Samuel Castro.
A investigação aponta que oito vereadores participaram do
bolão, mas que todos os 15 parlamentares recebiam mesada da prefeitura. O
escândalo veio à tona quando quatro deles romperam com o prefeito Adail Filho e
denunciaram o esquema ao MPAM.
"O dinheiro vem direto do Executivo e é proveniência da
mão do prefeito para o presidente da Câmara, Keitton Pinheiro, que é primo
dele", contou o vereador Aldervan Cordovil.
Em nota, Pinheiro alegou que os fatos denunciados são
mentirosos, "frutos de mais uma tentativa" de retirá-lo do cargo que
ocupa.
Segundo o vereador Ewerton Medeiros (DEM), o
"mensalinho" era responsável por manter os parlamentares sob controle
de Adail Filho. "O dinheiro era para que a Câmara fizesse tudo que o
mestre mandava", disse.
Adail Filho afirmou, por meio de nota, que "nunca houve
nenhum tipo de repasse ilegal para a Câmara ou para qualquer um dos vereadores.
Os recursos do executivo, que são repassados ao legislativo, são todos
declarados e podem ser encontrados no Portal da Transparência dos
Municípios". O prefeito de Coari disse ainda que não interfere de nenhuma
forma nas decisões tomadas pela Câmara Municipal.
O vereador Carlinhos do Bem negou que o bolão usava dinheiro
de corrupção. Segundo ele, a quantia tratava-se de uma arrecadação para ajudar
o vereador Aldervan Cordovil (PTB), que passava por dificuldades financeiras. O
parlamentar afirmou ainda que o grupo decidiu manter os sorteios até que todos
fossem contemplados.
Cordovil, porém, negou a versão. "Isso não é verdade. É
uma justificativa mentirosa, tirada da cabeça dele unicamente", disse.
Os promotores apreenderam o vídeo do bolão e já ouviram
todos os envolvidos. Os 15 vereadores estão sendo investigados, inclusive os
que denunciaram o esquema, segundo a procuradora geral de Justiça Leda
Albuquerque.
"Nós estamos aprofundando essa investigação. Não tenha
dúvida de que o vídeo nos traz elementos que são importantes de convencimento
para algum eventual posicionamento do Ministério Público no futuro",
explicou Albuquerque – G1.