Em conversa com seus colegas do Ministério Público Federal,
o procurador Deltan Dallagnol saiu exultante de um encontro com o ministro
Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, em 13 de julho de 2015. “Caros,
conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso”, vibrou.
O diálogo inédito faz parte do material analisado por VEJA
em parceria com o site The Intercept Brasil. Só uma pequena parte havia
sido divulgada até agora — e ela foi suficiente para causar uma enorme
polêmica.

A reportagem realizou o mais completo mergulho já feito
nesse conteúdo. Foram analisadas 649.551 mensagens. Palavra por palavra, as
comunicações examinadas pela equipe são verdadeiras e a apuração mostra que o
caso é ainda mais grave. Moro cometeu, sim, irregularidades. Fora dos autos (e
dentro do Telegram), o atual ministro pediu à acusação que incluísse provas nos
processos que chegariam depois às suas mãos, mandou acelerar ou retardar
operações e fez pressão para que determinadas delações não andassem. Além
disso, revelam os diálogos, comportou-se como chefe do Ministério Público
Federal, posição incompatível com a neutralidade exigida de um magistrado. Na
privacidade dos chats, Moro revisou peças dos procuradores e até dava broncas
neles.
A relação entre Moro e Dallagnol era tão próxima que abre
espaço para que eles comemorem nas conversas o sucesso de algumas etapas da
Lava-Jato, como se fossem companheiros de trabalho festejando metas
alcançadas. Em 14 de dezembro de 2016, Dallagnol escreve ao parceiro para
contar que a denúncia de Lula seria protocolada em breve, enquanto a de Sérgio
Cabral já seria registrada no dia seguinte (o que de fato ocorreu). Moro
responde com um emoticon de felicidade, ao lado da frase: “ um bom dia afinal”.
Nota da redação: procurados por VEJA, Deltan Dallagnol e
Sergio Moro não quiseram receber a reportagem. Ambos gostariam que os arquivos
fossem enviados a eles de forma virtual, mas, alegando compromissos de agenda,
recusaram-se a recebê-los pessoalmente, uma condição estabelecida por VEJA.
Mesmo sem saber o conteúdo das mensagens, a assessoria do Ministério da Justiça
enviou a seguinte nota: “A revista Veja se recusou a enviar previamente as
informações publicadas na reportagem, não sendo possível manifestação a respeito
do assunto tratado. Mesmo assim, cabe ressaltar que o ministro da Justiça e
Segurança Pública não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas
por meios criminosos, que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente e
que configuram violação da privacidade de agentes da lei com o objetivo de
anular condenações criminais e impedir novas investigações. Reitera-se que o
ministro sempre pautou sua atuação pela legalidade” – Veja.
Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar
pum pode prevenir câncer, AVC, ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo
de universidade do Reino Unido
-
Assassinato de moradores de rua em Campina Grande-PB gera comoção: radialista
faz artigo em homenagem a "Maria Suvacão"
- UEPB vai ganhar curso de
Medicina no campus de Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de
20 minutos em fila de banco na Paraíba receberá indenização
-
Jovem forja a própria morte para saber "quais pessoas se importariam com
sua ausência" e vem a público pedir desculpas