O Ministério da Justiça afirmou nesta sexta-feira, 5, não
ter repassado ao presidente Jair Bolsonaro informações sigilosas de
investigação da Polícia Federal sobre candidaturas laranjas no PSL. O caso
envolve o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), que teve um
auxiliar e dois ex-assessores presos na semana passada, em um desdobramento do
inquérito.
A versão do ministério contradiz o próprio presidente, que
em entrevista no sábado passado, no Japão, onde participava de reunião do G-20,
afirmou ter recebido do ministro da Justiça, Sérgio Moro, uma “cópia do que foi
investigado”. “Ele (Moro) mandou cópia do que foi investigado pela Polícia
Federal para mim. Mandei um assessor meu ler porque eu não tive tempo de ler”,
afirmou na ocasião.
O Estado questionou, separadamente, o Ministério da Justiça
e o Palácio do Planalto, se Bolsonaro recebeu cópia do inquérito da PF, que
está sob sigilo. Os dois órgãos responderam com a mesma nota, que nega acesso
privilegiado às informações ao presidente e diz apenas que ele foi informado
sobre o caso.
“As notícias e informações sobre investigações e prisões
temporárias do assessor do Ministro do Turismo foram amplamente divulgadas pela
imprensa logo após as diligências. O Presidente da República foi igualmente
informado dos fatos, não sendo verdadeira a afirmação de que o Ministro da
Justiça e Segurança Pública teria ‘vazado’ a operação ou fornecido dados
sigilosos ao Presidente. Ressalta-se que as informações repassadas não
interferem no trâmite das investigações, que correm com total independência na
Polícia Federal”, diz a nota.
Questionado se o presidente havia mentido ao dizer que
recebeu cópia da investigação, o ministério não respondeu.
Bolsonaro e Moro discutiram o caso na segunda-feira, em
reunião no Palácio do Planalto. Após o encontro, o porta-voz da Presidência,
Otávio do Rêgo Barros, disse que o presidente vai aguardar a conclusão das
investigações da PF para decidir se mantém no cargo ou exonera o ministro do
Turismo.
Conforme as investigações, o PSL, partido de Bolsonaro, que
à época tinha o ministro como presidente em Minas, utilizou candidatas de
fachada para acessar recursos de fundo eleitoral exclusivo para mulheres. Ele
nega. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo – Estadão.
Carlos Magno
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