O homem suspeito de jogar soda cáustica no rosto da
ex-mulher, no Recife, foi preso na tarde desta segunda-feira (8). De acordo com
a Polícia Civil, William César dos Santos Júnior se apresentou ao Departamento
de Polícia da Mulher (DPMUL), na capital, e teve o mandado de prisão preventiva
cumprido.
A vítima, Mayara Estefanny Araújo, de 19 anos, está
internada em estado grave no Hospital da Restauração (HR), Centro do Recife,
sedada e respirando com a ajuda de aparelho. Segundo a polícia, em 19 dias, ela
registrou três queixas contra o ex-companheiro.
William chegou à delegacia por volta das 15h30, acompanhado
por um advogado, e saiu às 17h45, sem falar com a imprensa. O suspeito, que é
agente comunitário de saúde, realizou exames no Instituto de Medicina Legal
(IML) e seguiu para o Centro de Triagem e Observação Criminológica (Cotel), em
Abreu e Lima, na Região Metropolitana.
O advogado de William, Ricardo Vasconcelos, informou que a
apresentação dele à polícia vinha sendo acordada desde a sexta (5). Segundo
ele, o suspeito nega ter cometido o crime, mas diz ter presenciado a agressão
que teria sido praticada por Paulo Henrique Vieira dos Santos, preso na sexta e
autuado em flagrante por lesão corporal grave e resistência. Paulo é apontado
como coautor do fato.
"Ele colaborou confessando aquilo que é a versão dele.
Ele não praticou o crime, mas tinha ciência. Paulo foi quem praticou a agressão
sozinho e ele observou de longe e, por isso, tem sua culpa. Paulo, inclusive,
tem marcas de queimadura nos braços, e William não tem nenhuma. Também há
testemunhas oculares para confirmar o fato", afirma o advogado.
Ainda de acordo com o Ricardo Vasconcelos, William estaria
sendo ameaçado e, por isso, não se entregou anteriormente. "Ele se
apresentou após negociação minha com a polícia, para a proteção da integridade
dele. A segurança foi organizada pela Polícia Civil e nós cumprimos o
acordo", diz.
O depoimento de William durou cerca de duas horas. A mãe
dele aguardou pela saída do filho em frente ao DPMUL. Ela não quis falar com a
imprensa. Ao vê-lo, a mulher se emocionou. "Juninho, por que você fez
isso? Eu te amo, meu filho. Tome cuidado. Se cuide, meu filho", disse.
Nesta segunda (8), a Secretaria de Saúde pediu o afastamento
imediato do servidor e deu início ao processo para abrir um inquérito
administrativo junto à Procuradoria-Geral do Município, já que ele é agente
comunitário de saúde.
Outro preso
O crime ocorreu na quinta-feira (4), no Alto do Progresso,
na Zona Norte do Recife. Horas depois, duas pessoas foram detidas. Paulo
Henrique Vieira dos Santos teve o flagrante convertido em prisão preventiva em
audiência de custódia.
Segundo a polícia, ele tem passagem pelo sistema criminal e
já chegou a ser monitorado com tornozeleira eletrônica. O outro homem foi
liberado por não ter relação com o crime.
Denúncias
De acordo com a delegada Bruna Falcão, responsável pelo
caso, Mayara registrou, em 19 dias, três boletins de ocorrência contra o
ex-companheiro. O primeiro, por agressão, injúria e ameaça, foi feito no dia 13
de maio. Foi quando a Justiça concedeu, a pedido da Polícia Civil, medidas
protetivas contra William.
O segundo e terceiro boletins foram registrados nos dias 23
de maio e 1º de junho, ambos por ameaça. Nesse período, William, segundo
familiares do acusado e da vítima, se escondia para não ser notificado das
medidas protetivas.
No dia 5 de junho, finalmente, ele foi notificado de que não
poderia mais se aproximar de Mayara, telefonar para ela ou frequentar a casa
dela. A delegada disse, ainda, que foi informada de que o crime teria ocorrido
porque Mayara estaria restringindo o acesso de William ao filho do casal, de 2
anos.
A mãe do suspeito foi à delegacia espontaneamente para depor
contra o filho e negou essa versão. Ela disse que a jovem agredida tinha boa
relação com a família e que o crime ocorreu porque William não aceitava a
separação.
A agressão
O caso ocorreu na saída da casa onde Mayara mora com o filho
de 2 anos. Ela, que trabalha como atendente em uma rede de lanchonete, foi
levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Nova Descoberta antes de
ser transferida para o Hospital da Restauração (HR).
Segundo o HR, a jovem teve 35% do corpo queimado. Ela está
internada em estado grave, sedada e respira com a ajuda de aparelhos.
No dia seguinte ao crime, o hospital informou à família que
Mayara tinha 90% de chance de perder a visão dos dois olhos. A assessoria da
unidade disse, no dia, que havia possibilidade de cegueira devido ao contato
com a soda cáustica.
Ligação
No sábado (6), a mãe de Mayara afirmou que recebeu uma
ligação de William. Segundo Carla Maria da Silva, ele disse que atacou a ex-companheira
porque ela não atendeu ligações telefônicas – G1.
Carlos Magno
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