O ex-diretor-superintendente da Odebrecht Carlos Armando
Paschoal criticou os procuradores da Lava Jato e disse à Justiça de São Paulo
que foi “quase que coagido a fazer um relato” no caso do sítio de Atibaia – processo
que ocasionou a 2ª condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A
declaração foi feita em depoimento prestado em 3 de julho ao TJ-SP (Tribunal de
Justiça de São Paulo) em outro caso sobre improbidade administrativa, sem relação
com Lula.
As informações foram publicadas em reportagem do portal UOL
nesta 3ª feira (16.jul.2019).
Durante a audiência, Paschoal, que também é delator, foi
questionado sobre o acordo de delação que fez com o MPF (Ministério Público
Federal). Quando questionado sobre o motivo de delatores falarem sobre atos
praticados por outras pessoas, Paschoal respondeu: “Desculpa, doutor. Precisava
perguntar isso para os procuradores lá da Lava Jato”.
“No caso do sítio, que eu não tenho absolutamente nada, por
exemplo, fui quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido. E
eu, na verdade, lá no caso, identifiquei o dinheiro para fazer a obra do sítio.
Tive que construir um relato”, disse.
Ele foi questionado sobre o que seria “construir 1 relato”,
e respondeu que é direcionar como “aconteceu isso, isso, isso e isso; e eu
indiquei o engenheiro para fazer as obras”, sem explicar como foi a coação ou
dar detalhes sobre como o depoimento foi “construído”.
Outro lado
Questionada sobre o tema pela reportagem, a defesa do
ex-diretor da Odebrecht não se manifestou.
A fala de questionamento à operação Lava Jato foi enviada à
força-tarefa. Em nota, os procuradores afirmaram que “a voluntariedade na
celebração do acordo foi aferida na sua homologação perante o Supremo Tribunal
Federal”.
E que “Carlos Paschoal foi ouvido durante a investigação e
perante o juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, oportunidades em que reiterou
a sua livre vontade em firmar acordo de colaboração. Na sentença deste caso,
reconhecendo a higidez de seu acordo e amparado em sólido conjunto probatório,
Paschoal foi condenado, tendo suas penas adequadas ao estabelecido em seu
acordo”, diz a nota enviada ao portal.
Depoimento de Atibaia
Paschoal prestou depoimento à Justiça Federal no Paraná em
novembro de 2018, dentro do processo do sítio. Ele disse que recebeu 1 pedido
da Odebrecht de “ajuda na reforma de uma casa em Atibaia, que seria, segundo
ele me relatou, oportunamente utilizada pelo então presidente [Lula]“. Ele foi
condenado a 2 anos de prisão, em regime aberto – Uol e Poder 360.
Carlos Magno
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