“Eu posso chegar hoje e falar: Ernesto Araújo (atual
ministro) está fora, o Eduardo Bolsonaro vai ser ministro das Relações
Exteriores. Ele vai ter sob seu comando mais de uma centena de embaixadas no
mundo todo”, afirmou. O presidente citou o exemplo para justificar que
indicações políticas não são proibidas na administração pública, incluindo para
embaixadas.
“Você tem de ver o seguinte: é legal? É. Tem algum
impedimento? Não tem impedimento. Atende ao interesse público, qual o grande
papel do embaixador? Não é o bom relacionamento com o chefe de Estado daquele
outro país? Atende isso? Atende. É simples o negócio”, disse ao deixar o
Palácio da Alvorada pela manhã.
No final do dia, durante transmissão ao vivo feita em rede
social, Bolsonaro rebateu acusações de oposicionistas e até de apoiadores de
favorecimento. “Pretendo beneficiar filho meu, sim. Se eu puder dar um filé
mignon ‘pro’ meu filho, eu dou, mas não tem nada a ver com o filé mignon essa
história aí. É aprofundar o relacionamento com a maior potência do mundo.”
O nome indicado pelo presidente tem de passar por sabatina
no Senado. Como o Estado mostrou, integrantes da Comissão de Relações
Exteriores e Defesa da Casa estão divididos sobre aceitar ou não a indicação,
já que Eduardo não tem uma carreira na área diplomática.
O presidente afirmou que, dentro do quadro das indicações
políticas, vários países fazem o mesmo que ele pretende fazer. “É legal fazer
no Brasil também”, disse. Ele comparou o caso com outros dois que, para ele,
também foram motivados por questões políticas. A do ex-deputado Tilden
Santiago, do PT, para a representação brasileira em Havana, em Cuba, feita pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e do diplomata e político Oswaldo
Aranha, embaixador nos EUA no governo Getúlio Vargas.
“O Tilden Santiago não foi reeleito em 2002, foi ser
embaixador em Cuba, ninguém falou nada. Sei que lá atrás não tinha Itamaraty,
Rio Branco, mas quando Oswaldo Aranha acertou lá nos anos 40 com Israel, era
uma indicação política. Tivemos várias indicações políticas”, disse Bolsonaro.
Santiago foi deputado por três mandatos e concorreu a uma
vaga no Senado em 2002, mas ficou em terceiro lugar. Ele foi nomeado ao posto
de Havana no primeiro mandato de Lula. Depois, chegou a ser suplente na chapa
do ex-senador e hoje deputado Aécio Neves (PSDB-MG) – Estadão.
Carlos Magno
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