O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta sexta-feira (19)
a multa de 40% do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) paga a
trabalhadores demitidos sem justa causa.
Na saída de culto na Igreja Sara Nossa Terra, na capital
federal, ele disse que o percentual foi criado no governo do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso para desestimular demissões, mas acabou afetando
contratações.
"Ele aumentou a multa para evitar demissão. O que
aconteceu depois disso? O pessoal não emprega por causa da multa. É quase
impossível ser patrão no Brasil", disse. "Um dia o país vai ter de
decidir se quer menos direitos e mais empregos ou todos os direitos e desemprego",
ressaltou.
O presidente foi questionado se a equipe econômica pretende
acabar com a multa, mas ele não foi claro em sua resposta sobre o tema.
"Vai cair a multa?”, questionaram os jornalistas.
"Está sendo estudado, desconheço qualquer trabalho nesse
sentido", disse o presidente.
A equipe econômica estuda incluir no pacote que flexibiliza
os saques do FGTS um item que impediria o trabalhador de sacar os recursos da
conta em caso de demissão.
De acordo com a proposta em avaliação, o trabalhador faria
uma escolha. Caso comece a sacar recursos anualmente, não teria mais direito a
sacar o volume depositado pela empresa caso seja mandado embora sem justa causa
(como é possível hoje).
Mas, se desejar deixar de sacar os recursos, pode recebê-los
integralmente, caso seja demitido.
Na entrevista à imprensa, o presidente reconheceu que
recebeu empresários da área da construção civil na quinta-feira (18), como
revelou a Folha, o que levou o governo a reavaliar mudanças no FGTS.
Os dois executivos participaram de agenda com o presidente
do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e manifestaram preocupação com a
possibilidade da medida afetar o programa Minha Casa, Minha Vida.
"O Alcolumbre foi me visitar e levou dois empresários
da construção civil que mexem com Minha Casa, Minha Vida. Lógico que eles têm a
preocupação deles. E eu também tenho, não queremos que o projeto pare",
disse. "Nós queremos atender as pessoas e eu ouço todo mundo",
acrescentou.
Em mais um aceno ao eleitor evangélico, o presidente
participou de culto da Igreja Sara Nossa Terra, na capital federal, e disse que
apesar do estado ser laico, ele é cristão.
Nos cerca de dez minutos em que participou da celebração, na
qual acompanhou canções de louvor, ele disse que, com o apoio das denominações
evangélicas, fará uma gestão diferente a de seus antecessores.
"O estado pode ser laico, mas nós somos cristãos. Em
nosso governo, a família terá a atenção e o respeito que merecem. Devo minha
vida a Deus, este mandato está a serviço dele", disse.
A uma plateia de cerca 15 mil fiéis, o líder da Sara Nossa
Terra, Robson Rodovalho, disse que Deus escolheu Bolsonaro para uma missão e
que ele é "fruto de milagres".
"Pela primeira vez, um presidente está prestigiando o
povo evangélico", disse. "Por muito tempo, nos sentimos discriminados
neste país", acrescentou.
Na companhia do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil),
Bolsonaro foi presenteado com uma bíblia científica, uma versão do livro
sagrado que contempla aspectos científicos – UOL.
Carlos Magno
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