Um integrante da Sociedade Secreta Silvestre (SSS) - grupo
terrorista que já praticou pelo menos três atentados a bomba em Brasília e é
procurado pela Polícia Federal há seis meses - foi entrevistado pela revista
Veja e revelou que o grupo planeja matar o presidente da República.
O terrorista identificado por Anhangá estabeleceu contato
pela deep web - uma área "clandestina" da internet irrastreável que é
utilizada por muitos criminosos - por orientação do grupo e contou detalhes. De
acordo com Anhangá, o SSS, que se exibe como "braço brasileiro" do
Individualistas que Tendem ao Selvagem (ITS), o plano de matar o presidente
Jair Bolsonaro é esboçado desde o momento em que foi eleito.
A execução deveria ter acontecido no dia da posse, conta o
integrante, mas o esquema de segurança montado pela polícia e pelo Exército
dificultou o andamento da ação, fazendo com que a missão fosse adiada.
"Vistoriamos a área antes. Mas ainda estava imprevisível. Não tínhamos
certeza de como funcionaria", relata Anhangá. Poucos dias antes da
cerimônia de posse, a SSS colocou uma bomba em frente a uma igreja católica
localizada a 50 metros do Palácio do Planalto. O explosivo não explodiu por uma
falha do detonador. No mesmo dia, o grupo publicou um vídeo na internet afirmando
ser responsável pelo ataque e apresentando detalhes da bomba que só eram
conhecidos por quem a construiu.
Nessa mesma postagem, o SSS anunciou o seu próximo alvo: o
presidente eleito. A ameaça foi suficiente para levar as autoridades a sugerir
que o desfile em carro aberto fosse cancelado.
“Facilmente poderíamos nos misturar e executar este ataque, mas o risco
era enorme (…) então seria suicida. Não queríamos isso", conta Anhangá
sobre a ação que contaria com explosivos e armas. “A finalidade máxima seriam
disparos contra Bolsonaro ou sua família, seus filhos, sua esposa.”
Depois desse incidente, dois carros do Ibama foram
incendiados em um posto do órgão em Brasília no mês de abril. Foram encontrados
palitos de fósforo, restos de fita adesiva e vestígios de um líquido inflamável
em meio aos escombros. Também havia, no local, pichações com ameaças de morte
ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Outro vídeo foi publicado pelo
grupo na internet clandestina (ou deep web) reivindicando o atentado e exibindo
o material utilizado durante o ataque, confirmando a autoria. Segundo Anhangá,
o acontecimento foi mais um aviso, só que desta vez endereçado ao ministro
Ricardo Salles. “Salles é um cínico, e não descansará em paz, quando menos
esperar, mesmo que saia do ministério que ocupa, a vez dele chegará. (…) É um
lobo cuidando de um galinheiro”.
O integrante revela ainda que existe um terceiro alvo no
governo, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
"[Ela] se tornou a cristã branca evangelizadora que prega o progresso e
condena toda a ancestralidade. O Eco-extremismo é extremamente incompatível com
o que prega o seu ministério", enfatiza.
Os terroristas brasileiros estão sendo monitorados pelas
autoridades há algum tempo. O relatório intitulado "Informações sobre
Sociedade Secreta Silvestre" produzido pela diretoria de inteligência da
PF traz informações que, inclusive, não foram veiculadas pela mídia. Como uma
bomba deixada na rodoviária de Brasília em 2017, atentado que não foi noticiado
pela imprensa, mas teve detalhes revelados em um site do grupo chamado
Sociedade Secreta Silvestre, assinados por um indivíduo identificado como
Anhangá e até traduzidos para diversos idiomas.
Após a ameaça ao presidente Bolsonaro, a Polícia Federal
decidiu, em dezembro, pôr no caso os melhores agentes da seção antiterrorismo.
Os policiais já seguiram várias pistas e chegaram a prender três suspeitos, mas
os integrantes do grupo ainda não foram identificados. Anhangá afronta "(Eles)
são incompetentes (...). Não somos meros amadores, dominamos técnicas de
segurança, de engenharia, de comportamento social. (...) Discutimos
internamente com membros de outros países." – Correio Brasiliense.
Carlos Magno
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