"Estou cansada dessa vida e quero ir morar no céu com
Deus". Esse foi o desabafo feito pela menina de cinco anos violentada
sexualmente pelo primo, de 32, em Cubatão (SP). Uma comerciante, de 27 anos,
relatou ao G1 que dias após ser vítima de estupro, a filha começou a cortar o
próprio cabelo e não queria mais utilizar vestimentas femininas.
De acordo com a mãe da criança, o crime já vinha acontecendo
há cerca de cinco meses. Em uma das vezes, o ataque ocorreu na casa em que a
comerciante mora com a filha, no bairro Vila Esperança. O agressor é primo da
mulher e vizinho da família. A suspeita é de que o abuso tenha acontecido
quando a comerciante foi pagar uma conta e deixou a criança com o suspeito.
A menina agora passa por acompanhamento psicológico para
tentar se recuperar do trauma, conforme relata a comerciante. "Quando ela
me falou que queria morrer foi muito difícil. Fiquei muito mal, não sabia como
reagir e por onde começar. Eu nunca pensei que ele fosse capaz de fazer isso,
era como um irmão. Ela era ameaçada de morte para não contar. Quero
justiça", desabafa a mãe.
Abuso
Conforme registrado no boletim de ocorrência, o próprio pai
do suspeito relatou que acredita que ele tenha cometido o crime. Ele afirmou
que o filho já havia violentado sexualmente uma menina de oito anos, neta da
madrasta.
De acordo com a psicóloga Márcia Atik, em casos de abuso
sexual a vítima sempre apresenta mudanças radicais comportamentais.
"Qualquer mudança de comportamento de uma criança deve ser investigada,
porque é um indicativo de agressão", diz.
A especialista ainda acrescenta que, em casos como esse, é comum
que a criança desenvolva novos medos. "Pode também acontecer da vítima
voltar a fazer xixi na cama, por se tratar de um processo de regressão",
explica.
Relembre o caso
A comerciante havia deixado a filha brincando no quintal de
casa, acompanhada pela prima, enquanto saia para pagar uma conta. Ao retornar,
a mãe afirma que achou estranho encontrar o imóvel com as janelas e a porta da
frente fechadas e a filha deitada e enrolada em um lençol.
Dias depois, a criança teve sangramento nas partes íntimas e
contou para a mãe que o primo havia pedido que ela tirasse a roupa,
estuprando-a em seguida. A menina tentou evitar as agressões ao se enrolar em
um lençol, mas ainda assim foi violentada pelo familiar.
Após a criança relatar o crime sexual, a mãe questionou o
agressor a respeito das acusações. Ele negou e afirmou que havia ido a Minas
Gerais trabalhar. Dias depois, o primo chegou a entrar em contato com a
comerciante através de mensagens de textos. Em um dos registros, o suspeito
pede que as queixas sejam retiradas e oferece uma casa e um terreno em troca.
O homem ainda não foi preso e a mãe também reclama na demora
para resolução do caso. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma
que o caso é investigado por meio de inquérito policial instaurado pela
Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Cubatão. O trabalho de investigação está
em andamento e segue em sigilo policial – G1.
Carlos Magno
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