Um dos alvos da Operação Spoofing, o motorista de aplicativo
Danilo Cristiano Marques, de 33 anos, era conhecido por familiares e amigos por
ser bolsonarista fervoroso. Por isso, estranharam quando o viram envolvido com
um grupo de supostos hackers que invadiram o Telegram de diversas autoridades,
entre elas o próprio presidente Jair Bolsonaro e os ministros Sergio Moro e
Paulo Guedes.
Segundo pessoas próximas, Marques não tem nenhuma ligação
com os ataques hackers e foi pego por ser um “laranja” da dupla Walter Delgatti
Neto, 30, e Gustavo Henrique Elias Santos, 28, considerado pelos investigadores
os principais suspeitos do esquema. Ele teria se aproximado dos dois há cerca
de quinze anos durante jornadas de Counter Strike (jogo de tiro online) em lan
houses de Araraquara, no interior de São Paulo.
A principal prova contra Marques é o IP de um dispositivo
cadastrado no seu nome, de onde teriam partido ataques hacker. A defensora
pública Manoela Maia Cavalcante Barros, que defende Danilo Marques, diz, no
entanto, que o contrato de internet em questão foi assinado por ele, mas que o
serviço era utilizado por Walter Delgatti. Segundo Manoela, ele fez um favor ao
amigo ao colocar seu nome no contrato, uma vez que Delgatti tinha restrições
por ter passagens pela polícia.
Marques vive com a irmã mais velha e uma sobrinha de 16 anos
em uma casa afastada do centro de Araraquara. Calado e reservado dentro da
própria residência, segundo a jovem, ele costuma passar boa parte do tempo em
seu quarto, ao computador. No dia da operação da PF, ele saiu de casa pouco
antes de a PF chegar para cumprir o mandado de prisão e só foi detido depois.
Em suas publicações no Facebook (confira abaixo), Danilo
Marques declara abertamente apoio a Bolsonaro e Moro. Na época da campanha, no
ano passado, incluiu “Bolsonaro 17” em sua foto de perfil e publicou vídeos ao
vivo de comícios em prol do candidato do PSL. Marques também usou as suas redes
para fazer críticas ao ex-presidente Lula e à campanha Lula Livre. O conteúdo é
bem diferente do propalado por Delgatti em seu Twitter, no qual replicou as
mensagens vazadas pelo site The Intercept Brasil e atacou constantemente
Bolsonaro, Moro e o procurador Deltan Dallagnol.
O histórico de Marques também é bem diferente do de
Delgatti, que têm passagens na polícia por estelionato, falsificação e furto e
nenhum emprego registrado. Marques trabalhou como operário em uma fábrica de
cuecas, foi mototaxista, e atualmente trabalhava como motorista de aplicativo,
como o Uber. Estava cursando direito numa universidade particular de Araraquara
e, durante as férias de julho, fazia um curso de eletricista, segundo
conhecidos.
Apesar do trio ser de Araraquara, Marques foi o único preso
na cidade. Delgatti foi preso em Ribeirão Preto, e Gustavo, em São Paulo.
De acordo com pessoas que conviveram com os dois, Delgatti
era um conhecido golpista da região, que passava cheques sem fundo, falsificava
depósitos bancários e comprava cartões clonados. Uma das suas principais fontes
de renda seria vender ingressos falsificados de festas, como a da festa
eletrônica Tomorrowland. Ele e Gustavo gostavam de ostentar na cidade, postando
fotos com notas de dinheiro, correntes de ouro e a bordo de carros importados –
Veja.
Carlos Magno
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