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07/08/2019

Ex-ministro de Bolsonaro acusa o presidente de ser “cara de pau” e diz que indicação do filho para embaixada é “imoral” e “perigosa”


Um ano depois de fazer uma declaração pública de amor "hétero" ao então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ), durante a convenção que sacramentou a candidatura do capitão, o ex-secretário-geral da Presidência Gustavo Bebianno acusa o presidente de ser "cara de pau" em sua decisão de indicar o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para chefiar a Embaixada do Brasil nos EUA.

 

"Eduardo, coitado, ele não tem a menor condição. Ele sequer sabe o papel de um embaixador. Ele não tem ideia. Eu convivi de perto com o Eduardo, ele não tem noções básicas de negociação, é um garoto, um menino, um surfista que teve um mandato por causa do pai, depois surfou de novo a onda do pai, na conquista do segundo mandato, mas é um rapaz completamente inexperiente. O nível acadêmico dele é bem iniciante, ele não tem condições", diz Bebianno à BBC News Brasil.



 

Demitido por Bolsonaro em fevereiro, Bebianno vive seus últimos dias de quarentena do cargo público e pretende voltar a advogar em breve. Esse, no entanto, não é seu plano de longo prazo. Bebianno flerta com a possibilidade de se lançar candidato à prefeitura do Rio de Janeiro em 2020. Ele afirma ter tido convites para integrar diversos partidos, mas não revela quais.

 

"Há conversas em curso, mas eu tenho muito cuidado porque eu tinha abraçado com muita veemência a bandeira (Bolsonaro) na última eleição. Não me sinto hoje confortável pra me vincular a ninguém", diz.

 

Seu esforço maior tem sido o de se desvencilhar das ligações com Bolsonaro e das acusações de corrupção que surgiram após a eleição. Em fevereiro, a Polícia Federal abriu investigação para apurar possíveis desvios de dinheiro do fundo eleitoral e partidário.

 

De acordo com as denúncias, o PSL teria lançado candidaturas-laranja de mulheres em diversos estados, atribuído valores altos de repasses a essas pessoas a título de custeio de campanha, sem que elas tivessem de fato feito campanha. Como Bebianno era o presidente do partido, cabia a ele direcionar os recursos.

 

Bebianno nega qualquer irregularidade e diz ter liberado recursos de acordo com o pedido dos dirigentes estaduais do partido. Admite apenas que era um "faz tudo" da campanha de Bolsonaro. Além disso, afirma que só assumiu a presidência da sigla porque ninguém mais no entorno do então candidato se habilitou a fazê-lo.

 

"Me desliguei do PSL, renunciei ao cargo de vice-presidente e me desfiliei, não tenho vínculo nenhum com o PSL", diz.

 

A demissão de Bebianno aconteceu em meio à denúncia de corrupção, que desaguou em uma desavença pública com Carlos, um dos filhos do presidente. Carlos acusou Bebianno de ter mentido ao dizer que havia conversado com Bolsonaro a respeito da crise dos laranjas do PSL.

 

O presidente endossou o filho. Áudios divulgados pela revista Veja comprovam que diálogos entre o presidente e Bebianno existiram. Bebianno acabou demitido.

 

"O que eu observo é isso, várias pessoas, puxa-sacos, que não fizeram nada ou fizeram muito pouco ao longo da campanha, tomaram conta ali e hoje o presidente é cercado por essas pessoas. O rei não tem quem lhe avise que ele está quase nu. Acho muito ruim para o presidente, ele não está lá para roubar, não é um objetivo dele, mas deixou-se seduzir pelo poder, tanto assim que a promessa de campanha de não buscar a reeleição, ele já até antecipou a campanha de 2022", diz Bebianno, que não poupa críticas à atual gestão, que ele passou ao menos dois anos dedicado a promover.

 

"Deveria haver muito mais conversa (entre os grupos da direita), você tem lideranças importantes como o Flávio Rocha, o próprio (João) Doria, todos se afastando. Ninguém mais quer muita conversa (com Bolsonaro), por conta de posições muito radicais. Então, era um erro o Brasil do PT e acho que hoje a gente começa a ver um erro do Brasil bolsonarista", diz – BBC News.

 

Carlos Magno

 

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