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17/08/2019

Parecer do Senado diz que indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixada é nepotismo e contraria decisão do STF


Um parecer elaborado por consultores legislativos do Senado afirma que a possível indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos, configuraria nepotismo.

 

Nepotismo é o favorecimento indevido de parentes por parte de um agente público.

 

A informação foi publicada pelo jornal "O Globo" neste sábado (17). O G1 também teve acesso ao documento. Procurado, o Palácio do Planalto disse que não vai comentar o parecer dos consultores do Senado.



 

Eduardo é filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, a quem cabe escolher os embaixadores do Brasil no exterior. Jair Bolsonaro já declarou que vai indicar o deputado para o principal posto diplomático para o Brasil no exterior.

 

O governo norte-americano deu o aval para a indicação, que, se for confirmada, terá de ser analisada pelo Senado.

 

O documento, assinado pelos consultores Renato Rezende e Tarciso Jardim, baseia-se em uma súmula do Supremo Tribunal Federal de 2008, e considera cargo em comissão – e não de natureza política – a função de chefe de missão diplomática permanente.

 

"Quanto à situação concreta colocada, considerando que: (a) embaixadores não são agentes políticos, (b) é comissionado o cargo de chefe de missão diplomática permanente, (c) as indicações para esse cargo (e as próprias nomeações) são feitas pelo presidente da República, (d) o Deputado Eduardo Bolsonaro é filho (parente em primeiro grau) do presidente da República, concluímos ser aplicável ao caso a Súmula Vinculante nº 13, restando configurada, na hipótese de a indicação vir a ser formalizada, a prática de nepotismo", afirmam os consultores.

 

O parecer dos consultores legislativos é da última terça-feira (13). Os técnicos do Senado elaboraram o documento sobre a viabilidade da indicação de Eduardo Bolsonaro para o cargo de embaixador nos Estados Unidos, atendendo a pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

 

"O nepotismo e o filhotismo, como manifestações do patrimonialismo, são fenômenos observáveis desde os primeiros tempos da colonização do Brasil e que se estendem aos dias atuais", diz outro trecho do parecer.

 

O documento informa que a legislação abre exceção para indicação de embaixadores que não sejam da carreira diplomática e cita exemplos de não diplomatas que viraram embaixadores.

 

Os consultores afirmam, contudo, que a nomeação de pessoas que não são diplomatas é feita em "caráter excepcional".

 

Na avaliação dos técnicos, a possível indicação de Eduardo Bolsonaro não se enquadra na exceção admitida para cargos políticos, uma vez que, para os consultores, a função de embaixador não é política.

 

"Por mais importante que seja a missão do embaixador brasileiro, não há espaço para se cogitar de uma atuação sua independente na condução das relações com aquele País, muito menos na formulação de diretrizes políticas ou da vontade estatal superior em seu âmbito de competência. A partir desses elementos, se nos afigura inconcebível qualificar o cargo de embaixador como político", diz trecho do parecer – G1.

 

Carlos Magno

 

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