Com oito meses completos de governo, marcado pela demissão
de três ministros até agora e em meio a uma crise com países europeus sobre as
queimadas na Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro perderia a eleição para
Fernando Haddad (PT), caso o segundo turno da eleição fosse disputado hoje. É o
que aponta uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta segunda-feira (2/9) pelo
jornal Folha de S.Paulo.
Segundo o Datafolha, Haddad teria 42% dos votos contra 36%
de Bolsonaro. Outros 18% votariam branco ou nulo e 4% não souberam responder.
No segundo turno da eleição presidencial do ano passado, realizado em 28 de
outubro, Bolsonaro venceu o petista por 55,13% a 44,87% dos votos válidos — o
Tribunal Superior Eleitoral exclui os votos brancos e nulos da totalização.
O Datafolha também registrou um aumento na reprovação da
gestão do presidente. Subiu de 33% para 38% em relação ao levantamento anterior
do instituto, feito no início de julho, e diversos indicadores apontam uma
deterioração de sua imagem. É o pior índice de avaliação obtido por um presidente
da República desde o Plano Real. Com oito meses de governo, Fernando Henrique
Cardoso tinha 15% de desaprovação em 1995; Luiz Inácio Lula da Silva, 10% em
2003; e Dilma Rousseff, 11% em 2011.
Já a aprovação de Bolsonaro caiu de 33% em julho para 29%
agora. A avaliação do governo como regular ficou estável, passando de 31% para
30%. Foram ouvidas 2.878 pessoas com mais de 16 anos em 175 municípios. A
margem de erro é de dois pontos percentuais.
De acordo com o Datafolha, o presidente perdeu apoio entre
os brasileiros mais ricos, faixa da população que recebe mais de 10 mínimos. A
aprovação (ótimo/bom) nessa faixa caiu de 52% para 37%. Sobre o índice de
confiança, 44% dos entrevistaram afirmaram "nunca confiar no
presidente"; 36% às vezes; 19% sempre; e 1% não sabe.
Demissões
Bolsonaro demitiu três ministros nos primeiros meses de
governo. O advogado Gustavo Bebbiano, da Secretaria Geral da Presidência da
República, iniciou a lista, sendo exonerado com 48 dias de mandato, após se
desentender com Carlos Bolsonaro e ter seu nome associado à denúncia de
candidaturas de laranjas do PSL durante as eleições 2018. Ele foi substituído
pelo general Floriano Peixoto, do Exército Brasileiro.Menos de dois meses
depois, o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, sugerido pelo filósofo Olavo de Carvalho
para chefiar o ministério da Educação, deixou o cargo em meio a declarações
polêmicas e boicotes.
A Secretaria-Geral foi palco de novas mudanças quando o
general Carlos Alberto dos Santos Cruz, um dos principais nomes nas Forças
Armadas e que já havia assumido a chefia da pasta no lugar de Peixoto, foi
exonerado após atrito com a ala olavista do governo – Correio Braziliense.
Carlos Magno
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