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03/09/2019

Produção industrial brasileira cai pelo 3º mês seguido e tem o pior julho dos últimos 4 anos


A produção industrial brasileira caiu 0,3% em julho, na comparação com junho, segundo divulgou nesta terça-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da terceira queda mensal seguida e do pior resultado para meses de julho desde 2015 (-1,8%) na série com ajuste sazonal.

 

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi ainda maior, de 2,5%.

 

Tanto na comparação mensal quanto na anual os números de julho vieram piores que as previsões do mercado. Analistas consultados pela Reuters projetavam alta de 0,3% sobre o mês anterior e queda de 1,3% na base anual.



 

No acumulado no ano, o tombo chega a 1,7%. Em 12 meses, a produção industrial mostra uma perda ainda maior de ritmo, ao passar de -0,8% em junho para -1,3% em julho, permanecendo em trajetória descendente iniciada em julho do ano passado.

 

Com o resultado de julho, a produção industrial no Brasil segue no nível de janeiro de 2009 – 18,3% abaixo do pico mais alto do indicador, registrado em maio de 2011. “Se lembrarmos o final de 2008, muito marcado pela crise internacional, a indústria brasileira estava em um patamar muito baixo de produção. Com esse resultado de julho, a gente retroage àquele contexto”, destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.

 

15 dos 26 ramos pesquisados registraram crescimento

 

Segundo o IBGE, 11 dos 26 ramos pesquisados mostraram quedas na produção, ante um recuo em 17 setores no mês anterior, indicando uma queda mais concentrada em julho. Ou seja, a maioria dos setores registrou crescimento.

 

"O que há de diferente deste resultado de julho em relação às quedas de maio e junho é o fato de que o recuo desse mês ficou mais concentrado, com um número maior de atividades crescendo na margem", apontou o gerente da pesquisa.

 

As principais quedas em julho foram em produtos químicos (-2,6%), bebidas (-4,0%) e produtos alimentícios (-1,0%). Juntos, estes 3 segmentos representam cerca de 22% de toda a produção industrial.

 

"No caso de alimentos, é a terceira queda seguida e isso guarda uma relação com a parte relacionada ao açúcar, cuja produção tem sido direcionada mais para a produção de etanol, por exemplo, e isso traz impactos negativos para o setor de alimentos", explicou o pesquisador.

 

Já as maiores altas foram das atividades de manutenção, reparação e instalação de máquinas (8,4%), produtos do fumo (6,9%), produtor farmoquímicos e farmacêuticos (6,5%) e perfumaria e produtos de limpeza (6,3%).

 

No quadro por grandes categorias econômicas, somente bens intermediários apresentaram queda, tanto na comparação com julho de 2018 (-5,4%), quanto no acumulado no ano (-3%), pressionada principalmente pela indústria extrativa.

 

 

Por outro lado, os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (1,4%) e de bens de consumo duráveis (0,5%) registraram altas em junho, eliminando parte das perdas acumuladas nos meses de maio e junho.

 

No acumulado no ano, 14 dos 26 ramos, 43 dos 79 grupos e 53,3% dos 805 produtos pesquisados acumulam quedas.

 

Entre as atividades, indústrias extrativas (-12,1%) permanecem como a maior influência negativa em 2019, ainda como reflexo da tragédia de Brumadinho (MG) na produção de minério de ferro da Vale. Os outras quedas mais significativas foram nos ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,4%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-9,8%), de outros equipamentos de transporte (-11,4%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,7%), de celulose, papel e produtos de papel (-2,5%), de produtos de borracha e de material plástico (-1,9%) e de produtos de madeira (-5,5%).

 

Perspectivas

 

A produção industrial no ano tem sido afetada pelo ritmo mais fraco de recuperação da economia, pela queda das exportações para a Argentina e pelos reflexos da tragédia de Brumadinho (MG).

 

O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria registrou alta de 0,7% no 2º trimestre, depois de dois trimestres consecutivos de queda, sustentado principalmente pela reação da construção civil e da indústria de transformação. Apesar do setor ter conseguido sair da recessão técnica, a piora no cenário externo ainda traz incertezas para o segundo semestre, em meio à recessão da Argentina, acirramento da guerra comercial entre China e Estados Unidos e temores de uma nova recessão global.

 

“De uma forma geral, os fatores que vem explicando os fatores da menor intensidade da produção industrial, especialmente desde o início do segundo semestre de 2018, permanecem na nossa análise. Isso passa por uma demanda doméstica que prossegue enfraquecida, com o mercado de trabalho com contingente fora dele, nível de incerteza ainda elevado o que faz com que famílias e empresas adiem suas decisões de consumo e investimento, além do mercado externo sem nenhum sinal de recuperação recente no caso de parceiros importantes, como a Argentina, por exemplo”, destacou Macedo.

 

Os economistas das instituições financeiras projetam um cenário de estagnação para a produção industrial no ano, de alta de 0,08%, segundo pesquisa Focus do Banco Central. Para o resultado do PIB de 2019 do Brasil, a previsão atual do mercado é de uma alta de 0,87% - G1.

 

Carlos Magno

 

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