Irritados porque foram acordados com o choro da menina de 4
anos, a mãe e o padrasto a espancaram até a morte.
O corpo de Lupita foi abandonado na avenida Bordo de Xochiaca,
em Nezahualcóyotl, no México. Ela foi encontrada enrolada em um cobertor,
vestida apenas com uma camiseta verde e meias vermelhas.
O caso da menina de "meias vermelhas", como ficou
conhecido na imprensa local, chocou o país em março de 2017.
Nesta semana, a mãe da criança, Yadira N., e o namorado
dela, Pablo N., foram condenados a 88 anos de prisão por feminicídio.
A sentença, de acordo com os jornais locais, diz que o casal
"foi considerado culpado pela morte da menina de 4 anos", cujo corpo
apresentava sinais de abuso, "várias lesões e não foi reivindicado por
ninguém".
O juiz também ordenou que a menina fosse registrada como
Guadalupe Medina Pichardo, uma vez que aos 4 anos não tinha certidão de
nascimento. Era chamada apenas de Lupita pela família.
Além disso, seus três irmãos receberão bolsas de estudo para
que possam continuar estudando.
O trabalho da ativista de direitos humanos Frida Guerrera
foi essencial para desvendar o crime.
Ao saber do ocorrido, ela se empenhou em identificar a
vítima, que já havia sido sepultada, uma vez que o corpo não havia sido
reivindicado por ninguém.
Meses depois, o corpo de Lupita foi identificado por suas
tias Marina e Luz María, informou o site mexicano Animal Político.
Yadira e Pablo foram presos em 24 de dezembro de 2017.
De acordo com o Animal Político, nas primeiras declarações,
ambos disseram que repreenderam a menina por fazer xixi na cama sem antes dizer
a eles que precisava ir ao banheiro e porque continuava chorando, e teria sido
Pablo quem a espancou até a morte. A Promotoria mexicana afirma ainda que ele
estuprou a menina.
"'Meias vermelhas', você representa as crianças
mexicanas com quem ninguém se importa, nem seus próprios pais, tampouco o
governo ou a sociedade, que seguem te usando para satisfazer seu instinto de
poder e maldade", escreveu Frida Guerrera em seu blog após a sentença.
'Ela não soube
defender a filha'
Marina Pichardo, uma das tias da menina por parte de mãe,
também atuou para manter o caso aberto.
"É uma sentença boa, mas não repara o que eles
fizeram", diz Marina à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.
"Fizeram justiça. Mas dói muito que minha irmã não
tenha sabido defender a filha do parceiro, que era um homem muito
violento", acrescenta.
Ela conta que quando Lupita tinha 4 meses, sua mãe foi presa
por roubo.
Naquela época, Marina cuidou da sobrinha. Mas quando Yadira
saiu da prisão, a garota voltou para a casa da mãe.
"Eu disse que, se ela não conseguisse lidar com a
menina, para deixá-la comigo e que ela poderia visitá-la. Mas ela me disse que
iria mudar, que se comportaria direito, e a levou."
Outras famílias também se ofereceram para cuidar da garota,
mas ela não permitiu.
"Ele merece essa condenação. Ela também por não dizer
nada, por não nos pedir ajuda", avalia Marina.
O rosto e a voz de Lupita ficaram conhecidos em todo o país
por causa de um vídeo gravado em dezembro de 2016, que foi divulgado após sua
morte.
Nas imagens, ela aparece chegando sozinha na casa de
estranhos e diz a eles que não comeu – BBC News.
Carlos Magno
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