Foi realizada, na última sexta-feira (6), a captação de
multiórgãos no Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa. Do
mesmo doador, um jovem de 34 anos vítima de acidente de moto, foram coletados
córneas, rins, fígado e coração. Ao todo, seis pessoas foram beneficiadas com a
doação.
De acordo com o diretor da Central de Transplantes da
Paraíba, Luiz Gustavo, hoje foi feita a primeira captação de um coração depois
de um hiato de 10 anos. “Ela marca não só o reinício dessa história para a
Paraíba, como também motiva toda a equipe da Central e dos hospitais a aumentar
mais esse número”, observa.
O coração e o fígado foram levados para Pernambuco, para
serem transplantados em um paciente do sexo feminino e outro do sexo masculino,
respectivamente. Os rins foram transplantados em uma mulher de 38 anos e em um
homem de 50 anos, em João Pessoa. As córneas também ficaram na capital
paraibana.
De maneira a agilizar o processo de transporte do coração
para ter tempo hábil de realizar o transplante, a Polícia Rodoviária Federal
(PRF) fez a escolta do carro até a divisa da Paraíba com Pernambuco. No local,
outra equipe da PRF-PE estava à espera para acompanhar o carro até o Hospital
Imip, local do transplante. “Articulamos todo esse esquema com a PRF porque o
tempo de vida do coração, depois de retirado do corpo, é de quatro horas. O transporte
tem que ser rápido para que aquele órgão sirva para ser transplantado ao chegar
em seu destino”, explica Luiz Gustavo.
O chefe substituto da Delegacia Metropolitana da PRF,
Rummenigge Rossi, relatou que a operação começou no início da tarde com a
mobilização de duas equipes, tanto na regional da Paraíba, quanto na regional
de Pernambuco. No início da noite, horário em que a equipe saiu com coração
para o transporte, os dois carros já estavam a postos para seguir. “A missão
institucional da PRF é salvar vidas. Ficamos satisfeitos em saber que, com o
nosso trabalho, poderemos ajudar a salvar uma vida”, pontuou.
Luiz Gustavo comemorou o trabalho em equipe realizado nesta
sexta, envolvendo não só o Hospital do Trauma de João Pessoa, como também a PRF
e, em especial, a Central de Transplantes da Paraíba. Ele lembra que, só em
2019, já houve um aumento de mais de 200% no número de doações com relação a
2018. Essa semana, inclusive, foi feito o 12º transplante de fígado na Paraíba,
um recorde para o estado. Mas o médico intensivista ainda lamenta o fato de que
a recusa dos familiares para autorizar a doação ainda é alta, em torno de 75%.
“A conscientização da família é muito importante. Encorajar
a discussão no ambiente familiar e na sociedade é de grande valia, até porque a
principal causa de morte no adulto jovem, nos dias de hoje, é violência externa
que também é o principal motivador das doações de órgãos. É importante esse
encorajamento familiar para que exista não só um acréscimo estatístico, mas, sobretudo,
o crescimento de mais vidas que foram salvas”, observou.
A família do doador acompanhou todo o processo de perto. As
irmãs Lenilda e Severina disseram que a dor da perda pode ser grande, mas saber
que ele pôde salvar seis vidas por meio da doação traz paz e conforto para
todos da família. “A equipe da Central nos explicou todo o processo e nos
acompanhou de perto, dando todo suporte e apoio. Ao receber a notícia, pensamos
um pouco e optamos por autorizar a doação. Nosso irmão vai poder salvar outras
vidas. Temos certeza que ele ficaria feliz em saber disso”, afirmou – Secom-PB.
Carlos Magno
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