Um novo vídeo do caso envolvendo a empresária cearense
Jamile de Oliveira Correira, de 46 anos, morta após ser atingida por um tiro
dentro do próprio apartamento no Bairro Meireles, em Fortaleza, mostra a mulher
sendo agredida pelo namorado dentro do carro, no estacionamento do prédio. Uma
fonte ligada à investigação confirmou ao G1 que Jamile levou um murro do homem.
Inicialmente, a polícia investigava o caso como suicídio, mas depois a polícia
passou a trabalhar com crime de feminicídio.
A confirmação da agressão foi fundamental para a reviravolta
do caso, ocorrido na noite de 29 de agosto, em um bairro da área nobre de
Fortaleza. A vítima chegou a ser internada no Hospital Instituto Doutor José
Frota (IJF) com um hematoma no rosto e um tiro no peito. O namorado da mulher,
o advogado Aldemir Pessoa Júnior, disse em depoimento à polícia que ele e o
filho de Jamile tentaram evitar o disparo.
As imagens do novo vídeo analisado na investigação mostram o
casal dentro do carro estacionando. O advogado dirigia e Jamile estava como
passageira. É possível ver o homem movimentando os braços em direção à vítima.
Em dado momento, ele desfere um murro contra a companheira, segundo a mesma
fonte.
O vídeo captou a agressão no carro às 22h53 do dia 29 de
agosto. Momentos depois, a mulher aparece dentro do elevador, e o relógio da
câmera marca de 23h16.
O advogado passou a ser considerado suspeito de ter matado
Jamile. O filho da empresária, de 14 anos, que aparece em câmeras de
monitoramento do prédio arrastando a mãe ferida para dentro do elevador, já na
madrugada do dia 30 de agosto, é tido como testemunha.
Jamile possuía um patrimônio em valor alto, deixado pelo
ex-marido falecido, e a suspeita da polícia é de que o namorado queria ficar
com os bens.
Procurado pelo G1, Aldemir Pessoa negou interesse no
patrimônio da companheira e afirmou que não houve assassinato. O homem foi
indiciado por feminicídio. O caso é investigado no 2º Distrito Policial.
Imagens do socorro à
vítima
Em imagens divulgadas anteriormente pelo G1, já passava de
meia-noite do dia 30 de agosto quando a vítima foi arrastada para o elevador
pelo filho e pelo namorado, com marcas de sangue na roupa e um hematoma no
rosto. No vídeo, o filho da vítima aparece sem camisa e descalço, puxando com
dificuldade a mãe desacordada para dentro do elevador. Antes de entrar, ele
chega a movimentar os braços dela, e a mulher parece mover a cabeça para trás.
Com a mãe no chão ainda do lado de fora do elevador, o
garoto se agacha e toca nela, enquanto aperta botões do elevador. Ele parece
tentar falar com ela, enquanto a vítima aparentemente move parte do corpo.
Segundos depois, o namorado da vítima aparece nas imagens e ajuda o garoto a
colocar Jamile dentro do elevador.
Os dois empurram a mulher, que parece se esforçar para
movimentar partes do corpo, como os braços, enquanto o garoto continua agachado
próximo do rosto dela. Depois a mulher fica imóvel, o suspeito se agacha
próximo ao rosto dela e o filho põe a mão na cabeça e movimenta o rosto contra
o espelho do elevador.
O suspeito e o garoto parecem ter uma rápida conversa, e os
dois acabam tirando a mulher de dentro do elevador. O vídeo encerra em seguida,
à 0h28.
Deixada no hospital
As investigações policiais revelam que o homem não ficou no
centro médico após a vítima dar entrada. Jamile morreu às 7h do dia 31 de
agosto. Apesar da gravidade do caso, o namorado também não falou com os
familiares sobre o estado de saúde da empresária e não acionou a polícia após
ir ao hospital.
Ainda de acordo com a investigação, o advogado chegou a
retornar ao prédio - ele limpou o local e permaneceu no apartamento por um
tempo. Enquanto Jamile estava no hospital, Aldemir Pessoa utilizou o celular
dela.
Familiar relatou
ameaças
Uma familiar de Jamile contou, sob a condição de não ser identificada,
que Aldemir vinha ameaçando a empresária e já havia formulado um documento para
que a vítima assinasse, repassando a ele todos os seus bens.
“Tudo isso me abala muito. A única coisa que ele queria dela
era o patrimônio dela. Quando o marido dela faleceu, ele deixou um patrimônio
alto. Na minha cabeça, ele arquitetou tudo. Fez confusão e matou ela. Ele tinha
uma folha onde dizia para ela passar todo o patrimônio dela para ele. Ela disse
que ele podia matar ela e ela não passava. Ela dizia para mim que ele era um
carrapato, que mandava ele sair do apartamento e ele não saía", afirmou a
entrevistada.
Aldemir Pessoa Júnior disse que ele e Jamile estavam
apaixonados, prestes a se casar. "Patrimônio por patrimônio, eu tenho o
meu. Não se trata disto. Nós íamos casar agora dia 18, no dia do aniversário
dela. Foi um suicídio e, de qualquer forma, tenho minha consciência
tranquila", disse – G1.
Carlos Magno
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