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24/09/2019

O que pensa o Cacique Raoni, citado pelo presidente Bolsonaro nesta terça-feira, durante discurso na ONU


Conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas, o cacique Raoni Metuktire foi citado nesta terça-feira (24) pelo presidente Jair Bolsonaro em seu discurso na assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Bolsonaro afirmou que "muitas vezes" líderes indígenas como o cacique Raoni são "usados como peça de manobra" por governos estrangeiros. Ele não citou quais seriam os governos, mas recentemente Raoni se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron. "A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros", declarou Bolsonaro.

 

O cacique do povo caiapó tem 89 anos e é, há décadas, considerado um dos líderes indígenas de maior influência internacional. Em 1978 foi tema do documentário 'Raoni', indicado ao Oscar na categoria no ano seguinte.



 

Em maio, ele fez um giro europeu em busca de apoio para a defesa da Amazônia e passou por vários países. Além da visita ao presidente francês Emmanuel Macron, esteve com o papa Francisco e passou também pelo Festival de Cannes.

 

Na semana passada, a Fundação Darcy Ribeiro propôs a candidatura do chefe indígena ao Prêmio Nobel da Paz de 2020 por sua luta pelos povos e pela preservação da Amazônia.

 

"A iniciativa reconhece os méritos de Raoni Metuktire enquanto líder de renome mundial, que, do alto de seus 90 anos, dedicou sua vida à luta pelos direitos dos indígenas e pela preservação da Amazônia", justificou a Fundação em um comunicado.

 

O regulamento do Prêmio Nobel da Paz estipula que a indicação pode ser feita por membros de Assembleias Nacionais e alguns professores de universidades.

 

Opiniões recentes

 

Em um artigo de opinião publicado em 2 de setembro no jornal britânico "The Guardian", o cacique fez duras críticas à atual política ambiental do Brasil e à forma como a Amazônia vem sendo tratada.

 

"Há muitos anos nós, líderes indígenas e povos da Amazônia, temos alertados vocês, nossos irmãos que trouxeram tantos danos às nossas florestas", afirma o cacique, dizendo que o que vem sendo feito nas florestas "vai mudar todo o mundo, destruir nossa casa e a sua casa também".

 

Segundo Raoni, depois de muitos anos lutando entre si, as comunidades indígenas atualmente têm um inimigo comum: aqueles que invadiram suas terras e "agora estão queimando mesmo as pequenas partes de florestas que nos restaram", escreve no "The Guardian".

 

O líder indígena avalia que o presidente Jair Bolsonaro "estimula os fazendeiros próximos de nossas terras a derrubar a floresta - e ele não está fazendo nada para prevenir que nosso território seja invadido".

 

Raoni afirma, ainda, que a população ocidental "perdeu o rumo", e caminha somente em direção "à destruição e à morte".

 

Em um vídeo publicado na internet com seu nome, em 26 de agosto, Raoni diz que "os incêndios estão se alastrando, transformando a floresta Amazônica em cinzas". Dirigindo-se a "todos os líderes do país", ele pede que o governo brasileiro encontre caminhos para "acabar definitivamente com os incêndios florestais".

 

No vídeo, Raoni lamenta que o presidente Jair Bolsonaro não queira se encontrar com ele pessoalmente. "Eu conheci muitos chefes de estado, por mais de 60 anos. Eles falaram comigo, eles me consideraram. A gente pôde discutir", afirma em sua língua nativa, conforme descreve a legenda do vídeo.

 

Trajetória

 

O cacique Raoni nasceu na década de 1930, mas não se sabe precisamente em que ano. Na infância, começou sua vida no vilarejo de Krajmopyjakare, no Mato Grosso. Raoni tem como uma de suas marcas registradas o "labret", adorno que carrega no lábio inferior - um símbolo de seu compromisso com a terra que nasceu. Veja abaixo alguns dos momentos mais importantes de sua vida.

 

No fim da década de 1950, Raoni se encontrou com o então presidente Juscelino Kubitschek, o qual se comprometeu com a causa indígena. Foi o primeiro encontro do cacique com um governante.

 

Em 1973, o cineasta belga Jean Pierre Dutilleux, iniciou a produção de um documentário para contar a história do cacique. O longa 'Raoni' foi exibido no Festival de Cannes em 1977 e concorreu ao Oscar em 1979.

 

Em 1989, o cacique conheceu Sting, ex líder da banda The Police, eles se encontraram em uma visita do cantor no Brasil. Após o encontro, os dois saíram em turnê mundial para denunciar a destruição da floresta e o descaso do governo brasileiro com a população indígena.

 

A partir de 1989, Raoni se torna um dos principais nomes nos protestos contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na bacio do Rio Xingu.

 

Em maio deste ano, o cacique visitou novamente a Europa e, passou por diversos países em busca de apoio de lideres governamentais em ações de defesa da floresta Amazônica e dos povos indígenas do Brasil – G1.

 

Carlos Magno

 

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