Caso Mariana: universitária mandou mensagens para namorado
momentos antes do crime: 'Terça-feira pesada'A universitária Mariana Bazza, de
Bariri (SP), que foi achada morta após receber ajuda de um desconhecido para
trocar o pneu do carro, manteve contato com o namorado, Jefferson Vianna,
momentos antes do crime.
Mariana, de 19 anos, sumiu após aceitar a ajuda de um
desconhecido no dia 24 de setembro. Cerca de 24 horas depois, ela foi achada
morta na zona rural de Ibitinga. O suspeito Rodrigo Pereira Alves, de 37 anos,
que trocou o pneu para a jovem, está preso preventivamente e ele negou o crime.
O G1 teve acesso à conversa entre Mariana e o namorado. Nas
mensagens pelo WhatsApp, é possível ver que a universitária avisa sobre o pneu
furado, os procedimentos que estavam sendo feitos e que recebia ajuda do
suspeito.
Mariana e o namorado mantiveram contato até 8h36. Uma das
últimas mensagens da jovem foi "terça-feira pesada".
Por volta das 9h, o namorado questionou se Mariana já
conseguiu trocar o pneu, mas não tem mais retorno da jovem. Depois de saber da
morte, Jefferson publicou uma homenagem à namorada em sua rede social:
"Tudo o que sinto se resume em saudade".
Novas imagens obtidas pelo Fantástico e G1 mostram a
insistência do suspeito em ajudar a universitária.
No vídeo, é possível ver o momento em que Mariana saiu com o
carro perto da academia junto com uma amiga, Heloísa Passarello, que estava em
uma moto. Na sequência, ela parou o veículo e o suspeito aparece atravessando a
rua para abordar as jovens (veja abaixo).
Segundo a amiga, foi Rodrigo quem avisou que o pneu estava
murcho. O homem estava com um celular quando ofereceu ajuda. Em seguida, após
Mariana recusar, ele atravessou e voltou para a chácara, que fica em frente à
academia e ele trabalhava como pintor.
Mariana e a amiga ficaram por alguns minutos em frente à
academia. Depois Heloísa saiu com a moto. Neste momento, Rodrigo voltou a
atravessar a rua e abordou novamente a universitária.
Heloisa afirmou que antes de sair pediu para que Mariana
fosse embora, mas a amiga preferiu tentar ligar para o pai ou um primo.
Heloisa lembra: "Eu falei: 'Vai embora, dá tempo de
você chegar em casa'. E ele pega e fala assim: 'Não vai dar tempo. Se for
embora com o pneu desse jeito, vai estragar o pneu'. Falei então que eu ia
embora porque senão eu ia me atrasar. Nisso ele já tinha atravessado a avenida,
falado que se precisasse era só chamar. E eu fui embora."
Sozinha, Mariana decidiu ir até a chácara com o carro para
trocar o pneu. Mariana fez uma foto de Rodrigo enquanto ele trocava o pneu e
enviou para família.
Rodrigo Alves, o homem que ofereceu ajuda, já tinha
praticado vários crimes e as vítimas eram sempre mulheres.
A primeira condenação por crime sexual aconteceu em 2001.
Armado com uma faca, ele atacou uma estudante de 18 anos, que foi violentada, na
zona leste de São Paulo.
Por esse crime, Rodrigo passou 13 anos na cadeia. Depois,
quando ganhou a liberdade, voltou a roubar e a estuprar.
Em janeiro de 2015, em Itápolis (SP), uma mulher disse que
Rodrigo invadiu a casa dela e mandou que ela ficasse nua. Segundo a vítima,
Rodrigo ficava se encostando nela. Depois, pegou um computador da casa e fugiu.
Nesse caso, ele foi absolvido por falta de provas.
Muro de chácara onde universitária entrou para trocar pneu
amanhece com flores
Em outubro daquele mesmo ano houve uma acusação parecida,
desta vez na cidade de Bariri. Outra mulher disse à polícia que Rodrigo se
passou por instalador de cerca elétrica para entrar na casa dela.
Ele fez ameaças com uma faca e também mandou que a vítima
ficasse nua. Rodrigo foi acusado de roubar R$ 740 da vítima, além de uma câmera
fotográfica, um celular e um relógio.
Ele teve a prisão decretada, ficou foragido por um tempo mas
acabou indo para a cadeia em fevereiro de 2016. Rodrigo foi condenado nesse
caso a 6 anos e 5 meses de prisão por roubo.
Há cerca de um mês, ele ganhou a liberdade condicional e
conseguiu o bico de pintor na chácara em frente à academia.
Crime premeditado?
A polícia investiga se Rodrigo premeditou o crime e se teria
murchado o pneu do carro da jovem para forçar uma aproximação.
Um vídeo de câmera de segurança mostra Rodrigo encostado no
carro da Mariana, que está estacionado próximo à academia. As imagens foram
gravadas às 7h51, quando a jovem ainda estava no local.
O vídeo mostra que Rodrigo saiu da chácara, atravessou a
avenida e encostou no carro de Mariana, um Gol preto. Ele ficou ali por alguns
minutos.Em entrevista exclusiva à TV TEM, um vizinho da academia contou que viu
o suspeito abaixado e mexendo no carro de Mariana.
“Eu vi que ele estava agachado no pneu do carro. Talvez
murchando, sei lá, fazendo alguma coisa. Quando ele me viu até se assustou e
levantou. Ele foi até o canteiro e ficou mexendo nas árvores que estão ali,
meio que disfarçando a situação. Eu estava saindo para trabalhar, então fui
embora”, relatou o homem, que preferiu não se identificar.
“Nós estamos em diligências para conseguir novas imagens e
também testemunhas que possa colaborar e tirarmos essa dúvida se ele premeditou
ou foi uma mera ocasionalidade”, afirma o delegado Durval Izar Neto,
responsável pelas investigações.
Ainda segundo o delegado, inicialmente o inquérito foi
aberto como latrocínio consumado, mas são apurados também estupro, homicídio e
sequestro.
Rodrigo teve a prisão preventiva decretada em audiência de
custódia realizada no dia 25 de setembro. Ele negou que tenha matado Mariana e
apontou a existência de outra pessoa como responsável pelo crime. No entanto, a
polícia acha pouco provável que essa hipótese seja verdadeira.
“Ele fala de uma terceira pessoa que estaria com o veículo,
porém imagens mostram que ele saiu com o veículo. E não há informações dessa
terceira pessoa, não há imagens, não há testemunhas. Não vamos descartar, mas é
pouco provável que exista outra pessoa envolvida.”
O delegado aguarda laudos periciais do corpo da vítima e da
causa da morte, além de informações sobre os locais por onde o suspeito passou,
para concluir o inquérito e encaminhar à Justiça.
“Os exames vão apontar a hora da morte para podermos saber
onde ela foi morta, porque existem duas possibilidades: ou ele matou a Mariana
na chácara ou no local onde o corpo foi encontrado”, afirma Izar Neto.
Mariana foi achada morta em área de canavial em Cambaratiba,
distrito de Ibitinga, cidade próxima a Bariri. Ela estava de bruços, com as
mãos amarradas para trás e um tecido no pescoço.
A jovem foi enterrada no início da tarde desta do dia 26 de
setembro, sob forte comoção, no Cemitério Municipal de Bariri – G1.
Carlos Magno
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