Em publicação numa rede social, o presidente Jair Bolsonaro
(PSL) se comparou a um leão acossado por hienas em meio às vitórias da esquerda
e manifestações em países da América Latina.
Entre as hienas exibidas no vídeo compartilhado pelo
presidente aparecem o STF (Supremo Tribunal Federal), o PSL, partidos de
esquerda como PT e PSOL, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e
veículos de imprensa.
“China, Argentina, Bolívia, Peru, Equador… Mais que a vida,
a nossa LIBERDADE. Brasil acima de tudo! Deus acima de todos!”, escreveu ele no
Twitter.
O vídeo termina com a chegada de um outro leão chamado de
“conservador patriota” e com um apelo: “Vamos apoiar o nosso presidente até o
fim e não atacá-lo”. “Já tem a oposição pra fazer isso!”, diz o letreiro.
Mais tarde, a postagem e o vídeo acabaram sendo apagados da
conta de Bolsonaro.
A montagem havia sido publicada no momento em que o
presidente entrava numa limusine em Riade, capital da Arábia Saudita, a caminho
de um jantar com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.
O tuíte do presidente veio depois de algumas postagens com
teor semelhante do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), seu filho.
Numa delas, ele diz que Mauricio Macri, derrotado nas
eleições na Argentina, foi “ingênuo” e “ficou em cima do muro”. “Se dependesse
do isentão aqui, Bolsonaro cometeria o mesmo erro”, afirmou o vereador.
Na entrevista coletiva que concedeu assim que chegou a
Riade, Bolsonaro foi mais comedido. Falou que a “bola está com eles”,
referindo-se aos argentinos, e que para o Brasil “continua tudo normal”.
“Vi alguns petistas comemorando a eleição da Cristina
Kirchner [eleita a vice-presidente], que sempre foi ligada a Lula, Maduro,
Dilma, Chávez, Fidel. Me diga com quem tu andas que te direi quem és.”
Imprensa
Na montagem, além da Folha de S.Paulo, também são
identificados como hienas veículos de comunicação como a TV Globo, a revista
Veja, o jornal O Estado de S. Paulo e a rádio Jovem Pan.
Mais cedo, ao comentar áudios de Fabrício Queiroz,
ex-assessor de seu filho Flávio, Bolsonaro afirmou que órgãos de imprensa
“jogam pesado” porque podem ter problemas na renovação de concessões.
O presidente responsabilizou a mídia por notícias que, na
avaliação dele, tentam desestabilizá-lo.
Emissoras de rádio e TV precisam renovar contratos para
operar.
A atual permissão da Globo vence em 2023. A concessão é
renovada ou cancelada pelo presidente, e o Congresso pode referendar ou
derrubar na sequência o ato presidencial em votação nominal de 2/5 das Casas
(artigo 223 da Constituição).
Segundo lei passada pelo governo Michel Temer (MDB), o
presidente pode decidir sobre a concessão até um ano antes de ela vencer -ou
seja, em abril de 2022, último ano do mandato de Bolsonaro – FolhaPress.
Carlos Magno
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