O porteiro que citou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em
depoimento à Polícia Civil, no inquérito que investiga a morte da vereadora
Marielle Franco (PSOL), não é o mesmo porteiro que aparece no áudio divulgado
pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), em que o presidente não está
envolvido.
A informação foi publicada nesta semana pelo colunista Lauro
Jardim, do jornal "O Globo", e confirmada em reportagem desta sexta
(8) da revista "Veja".
Esse caso se refere ao encontro de dois suspeitos do
assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes, horas antes do crime, em
14 de março de 2018. Élcio de Queiroz foi visitar Ronnie Lessa, que mora no
condomínio Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio. Lá também moravam, nessa
época, o então deputado Jair Bolsonaro e seu filho Carlos.
Um porteiro declarou à polícia que Élcio disse que iria à
casa 58, de Jair Bolsonaro, e anotou o número no livro de registros do
condomínio. Afirmou ainda que identificou a voz de quem autorizou a entrada
como sendo a do "Seu Jair". Mas o Jornal Nacional mostrou em
reportagem de 29 de outubro que registros da Câmara dos Deputados apontam que o
então parlamentar Jair Bolsonaro estava em Brasília.
No dia 30, Carlos Bolsonaro divulgou em rede social o áudio
do condomínio em que um porteiro fala com Ronnie Lessa e este autoriza a
entrada de Élcio de Queiroz. Os dois suspeitos estão presos na penitenciária
federal de Rondônia.
A gravação foi periciada pelo Ministério Público Estadual
(MPE), que concluiu que o porteiro que depôs à polícia pode ter mentido,
esquecido ou se equivocado. O pedido de perícia foi protocolado às 13h05 do dia
30. E a entrevista coletiva com o resultado da perícia começou menos de duas
horas depois, às 15h30.
Os porteiros
A revista “Veja” desta semana localizou dois porteiros do
condomínio. O funcionário que prestou depoimento mora num bairro da Zona Oeste
que é reduto de milícias. Está afastado do trabalho e se recusa a falar sobre o
assunto. Segundo a reportagem, ele é discreto, não frequenta bares nem festas e
nos fins de semana é visto sempre a caminho da igreja.
A "Veja" encontrou o outro porteiro do condomínio
e ele confirmou que é sua a voz na gravação divulgada por Carlos Bolsonaro.
Segundo a revista, o funcionário disse que podem estar usando o colega para
“denegrir a imagem do presidente”.
Segundo a "Veja", moradores do condomínio
levantaram a hipótese de que o porteiro que prestou depoimento tenha sido
pressionado por Ronnie Lessa a citar o nome do presidente Bolsonaro à polícia.
Lessa, miliciano, teria influência na comunidade onde reside o porteiro.
No Vivendas da Barra, há sempre dois porteiros na entrada,
um na cabine e outro na cancela, segundo a revista. Mas o porteiro que aparece
no áudio diz não se lembrar com quem trabalhava no dia 14 de março de 2018.
O G1 não divulga nome dos porteiros por questões de
segurança – G1.
Carlos Magno
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