O dólar voltou a fechar em alta ante o real nesta
quarta-feira, na segunda maior cotação da história para um encerramento de
sessão no mercado à vista, num dia de maior cautela no exterior e de nova
pressão nos mercados de câmbio da América Latina.
Analistas não descartam que seja questão de tempo a moeda
bater um novo recorde histórico de fechamento, mas ressalvam que o nível de
4,20 reais ainda funciona como uma forte resistência.
"A questão é: se não tiver força para furar esse nível,
o dólar volta, mas se a alta for substancial, você tem o acionamento de ordens
automáticas de compras que vão retroalimentar os ganhos", disse Roberto
Campos, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos.
A última vez que o dólar ameaçou a linha de 4,20 reais foi
no fim de agosto, o que levou o Banco Central a anunciar uma operação
extraordinária de venda de moeda no mercado à vista. Desde então, o BC tem
feito troca de instrumentos (de swap cambial para dólar à vista), sem aumentar
sua posição cambial líquida.
"Mas não há nenhum problema para o BC aumentar a
posição cambial líquida agora caso o dólar supere com folga os 4,20
reais", acrescentou Campos. Por ora, o BC tem mantido sua posição cambial
líquida em torno de 327 bilhões de dólares.
A recente série de altas da moeda começou em 6 de novembro,
depois da frustração com o leilão do excedente da cessão onerosa. O
fortalecimento da moeda foi impulsionado ainda pelo aumento das incertezas
políticas locais após a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
evento que coincidiu com escalada da instabilidade política em outras economias
da América Latina.
"Este tipo de dinâmica impede um pouco o investidor
estrangeiro de entrar no Brasil. Não é pelo cenário, que em nada se assemelha
ao Chile ou Argentina, mas pelos riscos em torno" dele, diz Dan Kawa,
sócio da TAG Investimentos.
"Em vez de 'pagar antecipado', o estrangeiro está
optando por esperar sinais concretos de avanço da economia. Enquanto isso,
apenas alocações táticas e especulativas", completou.
Desde 6 de novembro, o dólar acumula alta de 4,85%. A moeda
dos EUA sobe forte também contra peso chileno (+6,2%) e peso mexicano (+1%) no
período.
Nesta quarta, o dólar negociado no mercado interbancário
encerrou em alta de 0,48%, a 4,1869 reais na venda.
Esse fechamento é mais baixo apenas que o do dia 13 de
setembro de 2018, quando a moeda terminou a 4,1957 reais na venda.
Na B3, o dólar futuro de maior liquidez tinha valorização de
0,17%, a 4,1810 reais – Reuters.
Carlos Magno
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